Coragem e panache! Grande vitória de Stuyven na Milão-Sanremo!

Nem Poggio, nem sprint! O belga Jasper Stuyven venceu de forma extraordinária a 112ª edição da clássica Milano Sanremo! O ciclista da Trek – Segafredo atacou a 3 km do final, já depois da descida do Poggio, conseguindo abrir um espaço determinante, face ao mini-pelotão de favoritos, que hesitou, e assim não conseguiu alcançar o belga, embora tenha ficado muito perto!

No 2º posto terminou o Pocket Rocket, Caleb Ewan (Lotto Soudal), depois de uma grande mostra de força, em especial no Poggio. Em 3º terminou um dos grandes favoritos à partida, Wout Van Aert (Jumbo – Visma).

O primeiro dos 5 monumentos do ciclismo apresentava, este ano, uma distância de 299 km que seriam corridos, como é norma, entre as cidades de Milão, na região Norte de Itália, e de Sanremo, icónica localidade da Riviera Italiana.

Os primeiros km de prova apresentavam-se maioritariamente planos até que, sensivelmente a meio do percurso, os corredores enfrentavam o Colle del Giovo (5 km a 2.8%), um pequeno aperitivo para a derradeira metade de percurso. Nos 60 km finais, o pelotão iria ultrapassar várias subidas: o Capo Mele (1.9km a 4.2%), o Capo Cervo (1.9km a 2.8%), o Capo Berta (1.8km a 6.7%), seguindo-se as míticas ascensões da Cipressa (5.6km a 4.1%) e do Poggio (3.6km a 3.6%), cujo topo estaria colocado a menos de 6 km da reta da meta, na Via Roma, no coração de Sanremo.

A fuga do dia formou-se logo no início da longa jornada, com a movimentação de 8 corredores: Nicola Conci (Trek – Segafredo), Andrea Peron e Charles Planet (Team Novo Nordisk), Mattia Viel e Filippo Tagliani (Androni – Sidermec), Alessandro Tonelli (Bardiani – CSF – Faizanè), Taco Van der Hoorn (Intermarché – Wanty – Gobert), e Mathias Norsgaard (Movistar).

A fuga do dia na 112ª edição da Milano Sanremo

A Jumbo – Visma tomou a dianteira do pelotão e reduziu o andamento, permitindo que a fuga estabelecesse a sua posição. Com 280km para o final, os fugitivos lideravam com um avanço de 7:30. Iniciava-se uma longa luta, de paciência e estratégia, entre os dois grupos. A fuga ia rolando num ritmo moderado, ciente que o pelotão não forçaria demasiado nesta fase precoce da corrida.

Na frente do grupo principal, surgia uma cara bem familiar neste tipo de funções, o trator de Lovaina, Tim Declercq, da Deceuninck – Quick Step. O possante belga começava cedo a controlar as operações.

Durante vários km, com Declercq a despender a grande parte do trabalho, em conjunto com elementos da Jumbo-Visma e da Alpecin-Fenix, o pelotão manteve a fuga numa distância entre os 6 e os 7 minutos.

Com 170km para a meta, a diferença entre fuga e pelotão ia-se reduzindo, estando então nos 5:38. O grupo principal não pretendia dar grande margem de manobra aos corajosos do dia. A 150km do final, com a fuga a subir o Colle di Giovo, a margem era de apenas 4:40.

Na frente do pelotão, as três equipas dos grandes favoritos à vitória final iam impondo o ritmo, em particular por três homens: Paul Martens (Jumbo – Visma), Senne Leysen (Alpecin – Fenix), e Tim Declercq (Deceuninck – QuickStep). A 65km, com a fuga prestes a entrar na sequência de subidas antes de Sanremo, os homens da frente iam colaborando bem, mantendo o pelotão a 2:27.

A 50km da meta, com a fuga a 1:20, a Deceuninck tomou conta da frente do pelotão, colocando 5 homens na frente. Na fuga, os ataques causavam estragos e apenas 4 sobreviviam.

A 35km do fim, várias equipas surgiam na frente: Trek – Segafredo, Team DSM, Ineos Grenadiers, Bora – Hansgrohe, EF Education – Nippo, AG2R Citroen Team, Total Direct Energie e Cofidis, todas a lutar pela melhor posição, na aproximação à Cipressa.

Na ascensão da Cipressa, a 27km do final, com a fuga apenas a 20 segundos, o pelotão seguia em ritmo furioso, com Timo Roosen (Jumbo – Visma) a liderar no início da penúltima dificuldade do dia. Durante a subida, o último fugitivo, Taco Van der Hoorn, foi alcançado, com a Jumbo a puxar forte no pelotão, agora por Sam Oomen, que levava já Van Aert na sua roda. A Ineos alinhava-se atrás do campeão em título da prova. O ritmo forte impedia qualquer tipo de ataque nesta fase.

No topo da Cipressa, a Ineos pegou na corrida, liderando na descida. Aí, o pelotão sofreu um corte, com dois grandes grupos a formarem-se, embora acabasse por haver junção a 13km do final.

À entrada do Poggio, a 9km do final, o pelotão entrou em full-gas, com as diversas equipas a lutarem pela melhor posição. Na frente, entrou a Ineos, com o campeão do mundo de contrarrelógio, Filippo Ganna, alinhando o pelotão. Ninguém parecia em condições de atacar também nesta subida.

No meio dos homens da Ineos Grenadiers seguia Caleb Ewan! Grande exibição do australiano, a meter respeito a toda a concorrência.

O ritmo de Ganna tirou ideias a quem quer que quisesse atacar. No cimo do Poggio, acabou por atacar o campeão do mundo de estrada, Alaphilippe, com Van Aert na roda, e logo depois Van der Poel, mas também um grupo bastante numeroso logo de seguida, incluindo Ewan! O Pocket Rocket estava num grande dia, e ia seguindo os ataques de WVA! O belga entrou na descida na frente, a 5.4km do fim. Não tinha havido diferenças relevantes no Poggio, e muitos homens rápidos permaneciam no grupo. Íamos ter uma chegada em grupo compacto, 5 anos depois da vitória de Arnaud Démare, também ele no grupo que ia discutir a vitória. O ritmo era imposto por Pidcock, com WVA, Ewan, MVDP, e Alaphilippe a seguirem o britânico.

A 3km da meta, dá-se a movimentação decisiva da jornada, com o ataque de Jasper Stuyven, com Pidcock a tentar fechar, e depois Maximilian Schachmann, Michael Matthews, o campeão olímpico Greg Van Avermaet, e restantes favoritos a tentarem seguir perto da frente.

Stuyven conseguir abrir um espaço muito importante, com o grupo perseguidor a desentender-se na perseguição. Van Aert parecia querer perseguir mas também não queria expor-se em demasia perante a forte concorrência. Soren Kragh Andersen ainda conseguiu sair e alcançar Stuyven, mas os restantes corredores entreolhavam-se, à espera que alguém trabalhasse.

Depois de uma corrida algo aborrecida, o final acabou por ser emocionante. Stuyven lançou o seu sprint a partir da roda de Kragh Andersen, com o mini-pelotão também a iniciar o assomo final à meta, já muito perto de alcançar o belga!

Trentin lançou o sprint, com Alaphilippe e restantes favoritos a seguirem-no, no entanto, o esforço do grupo acabaria por ser insuficiente perante a força de Stuyven, que conseguiu manter a velocidade suficiente para fechar mesmo à frente do grupo de perseguidores. O belga garante assim a maior vitória da sua carreira, triunfando com panache sobre um lote de concorrentes de enorme valor!

A hesitação do grupo de favoritos revelou-se mesmo fatal. Com ciclistas como Van Aert e Ewan no grupo, ninguém quis trabalhar, e Stuyven agradeceu, juntando-se, assim, à prestigiante lista de vencedores deste monumento.

Atrás de Stuyven, acabou por fechar um grupo extraordinário, com Caleb Ewan, Wout Van Aert, Peter Sagan, Mathieu Van der Poel, Michael Matthews, Alex Aranburu, Sonny Colbrelli, entre outros grandes nomes.

Nelson Oliveira (Movistar) terminou a prova no 85º posto, a 3:13 do vencedor.

Jasper Stuyven (Trek – Segafredo), vencedor da Milano Sanremo

Classificações

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Releated

Please turn AdBlock off  | Por favor desative o AdBlock