Van der Poel conquista o 4º Monumento em Roubaix num final azarado para os rivais mais fortes!
O neerlandês Mathieu van der Poel (Alpecin – Deceuninck) venceu a 120ª Paris – Roubaix, a mais mítica de todas as clássicas, triunfando em solitário após 258km entre Compiègne e o Velódromo de Roubaix, para conquistar pela primeira vez a corrida! O seu compatriota, o belga Jasper Philipsen (Alpecin – Deceuninck) surpreendeu meio mundo e foi segundo, batendo Wout van Aert (Jumbo – Visma) ao sprint, ambos a 46s do vencedor!
A edição 120 da Paris – Roubaix, a missa de muitos neste dia de Páscoa, começou com um ritmo bastante elevado. Um grande número de equipas quis colocar elementos em fuga, e vários foram os elementos de renome a procurarem integrar a escapada, como Oliver Naesen (AG2R Citroen Team), Edvald Boasson Hagen (TotalEnergies) ou Gianni Vermeersch (Alpecin – Deceuninck). Com as equipas principais sempre envolvidas, a fuga demorou a vingar, e só ao km 84 se obteve aquela que viria a ser a fuga do dia, num quarteto com Jonas Koch (BORA – hansgrohe), Sjoerd Bax (UAE Team Emirates), Juri Hollman (Movistar) e Derek Gee (Israel – Premier Tech). Nils Eekhoff (Team DSM) tentou sair no encalço do quarteto, e chegou a estar a apenas 10s, mas não conseguiu fechar o espaço.

O facto de a fuga ter saído tarde, nunca lhe deu mais do que 1:30 de vantagem, que se reduziram com a rápida aproximação ao primeiro setor, colocado ao km 98. A Jayco – AlUla e a UAE Team Emirates aceleraram com Luke Durbridge e Pascal Ackermann, e esticaram o pelotão, sem que o mesmo partisse. Kasper Asgreen (Soudal Quick-Step) foi o primeiro azarado, sofrendo um furo na roda de trás, que o levou depois a trocar de bicicleta. As principais equipas seguiam bem colocadas para posicionar os seus líderes, e mantinham um ritmo elevado, que deixava muita gente sufocada.
O segundo setor provocou uma queda na primeira parte do pelotão, com Peter Sagan (TotalEnergies) e Piet Allegaert (Cofidis) a ficarem bastante mal tratados. Um ligeiro corte que existiu foi rapidamente fechado, e o terceiro setor surgiu logo de seguida, com uma queda para a INEOS Grenadiers. Joshua Tarling e Luke Rowe foram os homens que ficaram no chão, e a Jumbo-Visma, que seguia do outro lado, entrou na frente para o setor 27 (o terceiro da corrida), onde foi Florian Senechal (Soudal Quick-Step) a sofrer com um furo.

A cerca de 132km para o fim, Stefan Kung (Groupama – FDJ) foi forçado a trocar de bicicleta, mas a equipa francesa soube gerir bastante bem, com o suíço a receber primeiro a bicicleta de Miles Scotson e depois a sua suplente. Kung apanhou um grupo que perseguia o pelotão, onde seguia também o líder da BORA, Nils Politt, também ele vítima de problemas mecânicos. Com a aproximação ao setor de Arenberg, o ritmo abrandou, e os favoritos aproveitaram para as pausas fisiológicas, permitindo que Kung e Politt reentrassem no pelotão e pudessem assim respirar um pouco.

Antes do Arenberg, alguns ataques espontâneos surgiram perante a acalmia do pelotão, que rodava a 1:45 dos escapados. A 110km do fim, foi a vez de Wout van Aert sofrer um problema mecânico, mas o belga foi rápido a trocar de bicicleta e a reentrar no pelotão. Com o abrandar e aumentar da diferença até aos 2:00, um grupo colocou-se em posição intermédia, destacando-se a presença de Anthony Turgis (TotalEnergies) com Miles Scotson (Groupama – FDJ), Jens Reynders (Israel – Premier Tech), Luke Durbridge (Team Jayco – AlUla) e o estreante Madis Mikhels (Intermarche – Circus – Wanty), ganhando cerca de 30s sobre o pelotão.
No setor 20, de Haveluy à Waller, com cerca de 103km para o fim, foi a Jumbo – Visma a atacar a corrida, com uma grande aceleração de Wout van Aert! O belga levou Christophe Laporte consigo e poucos foram os que o conseguiram seguir. Mathieu van der Poel (Alpecin – Deceuninck) estava atento, e fechou rapidamente, mas foi John Degenkolb (Team DSM) a surpreender e a seguir de imediatio! Stefan Kung conseguiu também fechar o espaço, e aproveitou que tinha Scotson adiantado, para ter uma pequena ajuda, mas do grupo intermédio apenas Mikhels conseguiu seguir. O grupo com os candidatos rapidamente chegou ao grupo intermédio, e saíram do setor a 50s dos escapados iniciais, enquanto o pelotão procurava organizar-se para fechar o espaço, a cerca de 30s.
Rapidamente chegou o mítico setor do Trouee d’Arenberg, e o grupo de van Aert e de van der Poel chegou tranquilamente aos escapados, que perderam Derek Gee com uma roda partida. No pelotão, Mads Pedersen (Trek – Segafredo) atacou e saiu em solitário na perseguição aos restantes candidatos, e mais atrás uma queda acabou por partir ainda mais a corrida, com o vencedor de 2022, Dylan van Baarle (Jumbo – Visma) a ir ao chão, na companhia de Matej Mohoric (Bahrain Victorious) e Kasper Asgreen, que uma vez mais sofria com azares.
Na frente, à saída de Arenberg, Laporte furava e era obrigado a trocar de roda, o que o colocou em dificuldades, não conseguindo sequer sair a tempo de seguir com Pedersen. Mais atrás, Ganna ficava num grupo com Laurenz Rex (Intermarche – Circus – Wanty) e Max Walscheid (Cofidis), mas também com dois importantes gregários de van der Poel, Jasper Philipsen e Gianni Vermeersch (Alpecin – Deceuninck). Van der Poel deixou de trabalhar na frente para que eles reentrassem, e isso aconteceu à entrada do setor 18, enquanto Laporte estava já a cerca de 30s, procurando chegar à dianteira, enquanto o pelotão seguia a 1:15.

A entrada no setor 17 deu-se com Laporte mais longe, já a cerca de 55s, com o grupo a andar num ritmo bastante elevado e a Alpecin a ter armas para trabalhar e responder aos ataques dos principais adversários. A corrida seguiu com um ritmo alto, graças ao trabalho da Alpecin na dianteira, que colocava um andamento pesado e capaz de deixar outros homens em dificuldades. A prova disso, foi que no setor 15 o alemão Juri Hollmann cedeu, e o mesmo destino teve também Jonas Koch, após evitar uma queda, enquanto Sjoerd Bax sofreu para aguentar no grupo. Mais atrás, Laporte deixava-se alcançar pelo pelotão, que seguia já a 1:50, e Nathan van Hooydonck (Jumbo – Visma) acelerava, colocando-se a 1:30 da dianteira, mas com uma tarefa difícil pela frente, já que seguia sozinho.

Com 68km pela frente, Laporte voltava ao ataque, e agora com Florian Vermeersch (Lotto Dstny). Os dois juntavam-se a van Hooydonck em posição intermédia, e procuravam aproximar-se dos homens na dianteira, alcançando Hollmann e Koch cerca de 6km depois, com os cinco a rodar com 1min de atraso para os homens na frente. No setor 14, de Beuvry-la-Forêt, Kung ainda tentou esboçar uma aceleração, mas pareceu mais uma tentativa de se manter bem colocado na frente do grupo durante um difícil setor.

No setor 12 de Auchy-lez-Orchies à Bersée, mesmo à porta do Mons-en-Pévèle, Bax foi o primeiro a ceder, depois de evitar uma queda, e foi Mathieu van der Poel a atacar, com Philipsen a atrasar os restantes. Degenkolb rapidamente fechou, mas foi depois Wout van Aert a esperar pelo fim do setor para fazer a ponte, e depois do belga os restantes também encostaram. Gianni Vermeersch sofreu com um problema mecânico, e com a acalmia do grupo foi Max Walscheid a antecipar o mítico setor de cinco estrelas e a lançar o primeiro ataque. Laporte, Florian e van Hoodonck seguiam já a 1:15 e o pelotão a 2:30 dos líderes.
No mítico setor 11 de Mons-en-Pévèle, Ganna assumiu a dianteira do grupo e colocou um ritmo forte, alcançando Walscheid em cerca de 500m. Em superioridade no grupo, van der Poel lançou um novo ataque, mas van Aert estava atento e agarrou-se à sua roda, como o fez Philipsen pouco depois. Kung e Degenkolb surgiram logo atrás, gastando algumas forças mais, enquanto Ganna e Pedersen também chegaram de seguida. Walscheid e Reix acabaram por pagar o esforço dispendido até então, e descolaram da dianteira. À saída do setor, van der Poel voltou a atacar, mas van Aert já estava a olhar para trás, e agarrou-se à roda do rival. Os dois ganharam uns metros aos adversários, mas a junção voltou a acontecer cerca de 1km depois.
Na perseguição, o trio da Jumbo e da Lotto estava a trabalhar bastante bem, e alcançava Sjoerd Bax e Gianni Vermeersch com cerca de 40km por percorrer, procurando chegar ainda a um top10 final. No setor 9, de Pont-Thibaut à Ennevelin, onde Elisa Longo Borghini caiu na corrida feminina, Mathieu van der Poel tentou atacar, mas foi rapidamente marcado. O grupo na frente saiu deste setor com 1:40 de vantagem sobre o grupo perseguidor, com o pelotão já a cerca de 3:00.

A 28km do fim, quando a corrida se encaminhava para o último grande grupo de setores de pavê do dia, foi Jasper Philipsen a ter de trocar de bicicleta, e a perseguir pelo meio dos carros para regressar à frente, o que acabou por conseguir rapidamente no espaço de 1km. O grupo seguiu bastante coordenado, e era até Philipsen quem colocava um ritmo alto nos dois curtos setores de pavê que surgiram antes do Camphin-en-Pévèle. No grupo perseguidor, a cerca de 23km do fim, era Laporte a furar novamente e a ser forçado a trocar de bicicleta.
O Camphin-en-Pévèle foi feito a um ritmo bastante elevado, e nenhum ataque surgiu por parte dos favoritos, fazendo parecer talvez que todos estavam à espera do mítico Carrefour de l’Arbre para jogar a sua última carta. Degenkolb tentou acelerar no km que intercalava os dois setores, mas foi rapidamente marcado por Jasper Philipsen.
A Alpecin entrou com tudo no Carrefour de l’Arbre e van der Poel tentou atacar, mas na frente Philipsen fazia o mesmo. Quando o neerlandês o procurou fazer de novo, acabou por ver Philipsen fechar-lhe a porta, e provocou a queda de Degenkolb, que ficou assim fora da discussão. Van Aert aproveitou para acelerar e estava a ganhar espaço, mas um furo fez van der Poel encostar no rival belga e depois isolar-se, já que van Aert precisou de trocar de roda e ficou por isso para trás. O grupo acabou por se juntar na perseguição com os restantes 5 (sem Degenkolb), a 25s de van der Poel, mas a coordenação não estava nem próxima de ser a ideal, e por isso não conseguiam fechar espaço.

Apenas van Aert e Pedersen trabalhavam, pelo que os dois atacaram no setor 2 de Willems à Hem, e apenas Philipsen foi capaz de os seguir. Os três ficaram a cerca de 25s na perseguição, mas sem a colaboração do belga da Alpecin, e com Pedersen já nos seus limites, van Aert voltou a esboçar um ataque a 3.7km do fim que lhe garantiu o pódio, já que Pedersen ficou a pé e só Philipsen o seguiu. O final em Roubaix foi um verdadeiro anti-climax, com van Aert a assistir na primeira fila à vitória do rival, depois de um furo o ter retirado da discussão da vitória. No sprint pela segunda posição, Philipsen acabou depois por ser segundo sem qualquer dificuldade, com van Aert a garantir ainda a subida ao pódio no terceiro posto. No grupo seguinte, Pedersen venceu o sprint pelo quarto posto, com Kung a ser quinto e Ganna sexto, enquanto Degenkolb foi sétimo, já a 2:35.

Rui Oliveira (UAE Team Emirates) foi o melhor português, em 52º a 6:48, enquanto André Carvalho (Cofidis) foi 94º a 17:03.
O Pódio Final

Classificações
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