Em antevisão ao arranque da La Vuelta 2024, João Almeida e Adam Yates falaram sobre o que podemos esperar da UAE Team Emirates. Para a última grande volta do ano, a dupla será co-líder da formação de Joxean Matxin. Os dois abordaram a co-liderança, os principais adversários, e também a expectativa de a equipa poder vencer as três grandes voltas esta temporada.

Da Suíça à La Vuelta, uma parceria de sucesso

A conferência arrancou com a pergunta do Ciclismo Mundial sobre a co-liderança de Adam Yates e João Almeida. Os dois tiveram já uma experiência semelhante no Tour de Suisse, que culminou com um primeiro e segundo lugar na classificação geral. Para Adam Yates, “trabalhamos muito bem no Tour de Suisse e no Tour de France. Obviamente em França com funções diferentes, mas mostramos que pode funcionar. O nível aqui é um pouco maior, há mais competição, por isso veremos onde podemos chegar“.

Para Adam Yates, ele e João Almeida têm estilos diferentes que se complementam muito bem. “Eu às vezes gosto de atacar desde cedo, o João gosta mais de subir a ritmo. Não nos cabe a nós decidir o que acontece na subida. Depende dos rivais, de quem está a puxar, de como estão as pernas… Já mostramos que trabalhamos bem juntos, e queremos fazer desta uma boa corrida“.

O começo em casa e o fator Tour-Vuelta

Começar uma grande volta em casa, e passar na minha terra natal é uma oportunidade única. Se o apoio já é grande em França, Itália… Aqui ainda consegue ser mais fantástico!

João Almeida

Para João Almeida, “é a primeira vez que faço Tour e Vuelta, e não é fácil de fazer a melhor preparação. Ainda assim, estamos bem, confiantes, com uma boa equipa para ajudar, e podemos jogar diferentes cartas. Vamos começar numa boa posição e depois vamos dia-a-dia, controlando o que podemos controlar.” Questionado sobre o favoritismo colocado pelos rivais, João Almeida confessou que se considera “um dos principais favoritos, mas não o número um. O objetivo é ganhar a corrida, comigo ou com o Adam. Se estiver no pódio será um sucesso, mas queremos apontar a ganhar a La Vuelta.“

O britânico retirou a pressão dos ombros, referindo também que “não partimos com objetivo de nenhum lugar em específico. Queremos fazer o nosso melhor e o resultado será o que for. Penso que não é fácil vir do Tour para a Vuelta, mas estamos em boa forma, e se pudermos lutar pela vitória, será fantástico!“. Yates mencionou também a importância dos adversários, dizendo que “não sabemos ainda quão fortes eles chegam, e isso jogará também o seu papel.“

Correr com Tadej Pogacar e uma equipa cheia de estrelas

Para Adam Yates, liderar uma equipa cheia de estrelas não é difícil. O britânico mencionou que “quanto melhor a qualidade da equipa, mais fácil o é, e para além de si e de João Almeida, chegam também outros ciclistas com boas pernas e em boa condição. Isso será uma vantagem para a equipa.“

O português contou também que para si “é um gosto correr com Tadej Pogacar, mas o mindset do Tour e da Vuelta é praticamente o mesmo. No fim faço sempre aquilo que posso fazer, tentamos maximizar as situações, mas o importante é o treino. Se tiver boas pernas, posso estar na discussão da vitória, mas mentalmente é semelhante.“

Os rivais mais antecipados e um olhar aos primeiros dias de La Vuelta

Olhando aos rivais, João Almeida abordou naturalmente Primoz Roglic. “É sempre um grande candidato à Vuelta, já venceu várias vezes. O Vlasov poderá surgir como co-líder, e não só como gregário. Também o Sepp Kuss… Há muitos ciclistas que podem lutar pela Vuelta. Vai estar calor, e a preparação será também importante“. Adam voltou a abordar a situação de correr Tour e Vuelta de forma consecutiva. “Há alguns ciclistas mais que chegam do Tour, como o Carlos Rodriguez ou o Mikel Landa, mas veremos nos primeiros dias onde é que todos eles estão“.

Analisando a primeira semana, João Almeida e Adam Yates esconderam um pouco o jogo que podem fazer. João Almeida referiu que “Para já estou só a pensar no contrarrelógio de amanhã. A etapa 9 está ainda um bocadinho longe. Dependerá de como a corrida se desenrolar“. Adam reforçou a ideia mencionando as primeiras duas etapas mais planas: “Vão ser dias quentes, e é importante passá-los sem azares. A etapa 4 é ainda cedo, mas depois das primeiras três etapas pensaremos nela.“

Questionado sobre vestir de vermelho já em casa, João Almeida mencionou que “não será fácil. Os contrarrelogistas puros têm vantagem num percurso tão rápido. Vamos dar o nosso melhor para chegar na melhor posição, até porque começará já a definir um pouco a geral. É um dia importante que temos de apontar“.

A pressão de vencer todas as grandes voltas em 2024

A possibilidade de vencer todas as grandes voltas no mesmo ano foi também abordada. Para Adam Yates, “seria um excelente objetivo, mas é mais fácil no papel do que na vida real. Talvez fosse mais fácil com o Tadej (Pogacar) aqui… (risos) Começamos com alguma pressão para ganhar, mas no fim fazemos o nosso melhor, e esperemos estar em Madrid no lugar mais alto do pódio.” João Almeida reforçou o ponto ao mencionar que “vamos para todas as corridas com o objetivo de ganhar. E no fim (a La Vuelta) é como outra corrida qualquer, fazemos o nosso melhor e vemos onde podemos chegar.”

Foto de Capa: Tim de Waele / Getty Images