Um “docinho” para o Hulk!
Depois de um contrarrelógio e de uma etapa para sprinters, a 3ª etapa do Giro d’Italia traz-nos um percurso de 190 km, entre Biella e Canale, com algumas dificuldades perto do final, que prometem baralhar as contas aos sprinters que passem menos bem as subidas.
A primeira parte da jornada será praticamente plana, mas depois os ciclistas encontram uma contagem de 3ª categoria e duas de 4ª e ainda uma subida não categorizada (2.6 km a 6.8%) colocada a 14 km da meta.

Favoritos
A composição e vantagem da fuga serão fatores que irão impactar no ritmo a que se irá pedalar durante a jornada e, consequentemente, na possibilidade de existir um sprint massivo no final, mas, além disso, poderão existir interesses dentro do pelotão, à etapa e à geral, que venham a selecionar a corrida.
Em particular, duas equipas poderão ser a chave para esta etapa: a BORA-hansgrohe e a Deceuninck Quick-Step. A equipa alemã tem nas suas fileiras o principal candidato à vitória nesta jornada, um ciclista lendário que parece finalmente ter pelo menos um pouco do seu estatuto restaurado: o Hulk de Zilina, Peter Sagan! Há algum tempo atrás, o eslovaco seria o candidato destacadíssimo para uma jornada destas, embora nesta fase não seja tão certo o favoritismo do antigo tricampeão mundial de estrada. De qualquer forma, entre os melhores sprinters em prova, Sagan é aquele que, na teoria, irá ultrapassar melhor as dificuldades, pelo que a BORA pode tentar forçar o andamento nas subidas, de forma a descolar os homens mais pesados e que terão favoritismo sobre o Hulk numa chegada compacta.
No entanto, não é descabido que outros sprinters de topo consigam aguentar as subidas, e dar que fazer a Sagan na chegada a Canale. Em particular, Giacomo Nizzolo e Caleb Ewan são velocistas que, a espaços, conseguem subir relativamente bem, pelo que se estiverem em boa condição será difícil de os fazerem descolar de forma definitiva. Na etapa de ontem, Nizzolo mostrou que está em bom nível, enquanto Ewan acabou por ficar mal colocado no sprint, não sendo possível de aferir o seu real momento de forma.
Na eventualidade de existirem cortes significativos no pelotão, é possível que haja uma união entre equipas como a Qhubeka Assos e a Lotto Soudal, mas também a própria Alpecin-Fenix, que neste momento terá uma grande fé no seu sprinter. Tim Merlier venceu de forma convincente na etapa de ontem, mostrando que está em grande forma, pelo que mesmo com as limitações que se lhe reconhecem no que toca às subidas é possível de acreditar que o gigante belga aguente junto do pelotão, cenário que o tornaria no principal candidato ao triunfo.
O nível atual de forma de Merlier faz-nos acreditar que ele possa mesmo encontrar as forças necessárias para ultrapassar as ascensões e bisar neste Giro, mas será muito complicado, razão pela qual não iremos incluir na lista de favoritos os crónicos velocitas como Elia Viviani, Fernando Gaviria, ou Dylan Groenewegen. Em vez disso, apontamos para outros homens rápidos, mas mais versáteis, como Andrea Vendrame, Patrick Bevin, Davide Cimolai, Alessandro Covi, Fabio Felline, ou ainda o nº2 da Alpecin-Fenix, Gianni Vermeersch.
Se a corrida acabar por ser bastante atacada, seja através da BORA, seja por uma outra equipa com interesses à etapa ou até, quem sabe, em ganhar alguns segundos de bonificação para a geral, a lista de candidatos alarga-se. Junta-se à equação a outra equipa que definimos como fulcral para esta etapa: a Deceuninck Quick-Step. A powerhouse belga veio para este Giro sem um verdadeiro sprinter e todos sabemos como esta não é uma equipa de ficar de braços cruzados a ver os outros a ganharem. Além disso, a movimentação de Remco Evenepoel na etapa de ontem, para ir buscar alguns segundos que o fizeram subir alguns lugares na geral, pode indicar algumas das intenções do Wolfpack para estes primeiros dias de Giro.
Assim, na lista de favoritos incluímos agora a dupla maravilha da Deceuninck: Remco Evenepoel e João Almeida, sendo que qualquer um deles tem qualidade, capacidade, e ambição para tentar minar o final de etapa. Uma vitória na tirada seria excelente, mas ganhar segundos à concorrência ou até, quem sabe, roubar a camisola rosa a Filippo Ganna, daria desde já um grande boost de confiança à equipa.
Na linha destes dois ciclistas, referimos mais alguns que podem tirar partido de uma corrida mais dura, e que serão favoritos num sprint em pelotão reduzido: Diego Ulissi, Gianni Moscon, e ainda, claro está, o Iceman de Pegões, Ruben Guerreiro (EF Education-Nippo)
Refira-se também o nome de Tobias Foss, o jovem norueguês da Jumbo-Visma que ocupa o 3º posto da CG, a 16 segundos de Filippo Ganna, e que poderá tentar atacar a liderança do italiano. Nesse sentido, apontamos numa nota final para o camisola rosa da competição, que mostrou na etapa de ontem não ter problemas em atacar para proteger a sua liderança, pelo que poderemos voltar a vê-lo em destaque, fechando espaços ou até mesmo sprintando pelas bonificações, em especial se corredores como Foss, Evenepoel, ou Almeida estiverem ao ataque perto do final.
Favoritos Ciclismo Mundial:
⭐⭐⭐⭐⭐ Peter Sagan
⭐⭐⭐⭐ Giacomo Nizzolo e Caleb Ewan
⭐⭐⭐ Tim Merlier, Andrea Vendrame, e Patrick Bevin
⭐⭐ Davide Cimolai, Alessandro Covi, Fabio Felline, e Gianni Vermeersch
⭐ Remco Evenepoel, João Almeida, Diego Ulissi, Ruben Guerreiro, e Tobias Foss