À conquista do coração da Velha Senhora!

Disputa-se hoje a 107ª edição da grande clássica das Ardenas, a Liège-Bastogne-Liège, naquele que será o terceiro monumento ciclístico da temporada de 2021. Recorde-se que a corrida masculina se realiza desde 1892, tornando-a não só o monumento mais antigo, mas também uma das provas pioneiras da história da modalidade. A prova feminina disputa-se desde 2017, realizando-se este ano a 5ª edição da corrida.

No Dia da Liberdade, 25 de abril, irão correr-se ambas as clássicas, primeiro as senhoras, da parte da manhã, e depois os homens, durante a tarde.

Corrida Feminina:

 A corrida feminina apresenta uma extensão de 140.9 km e consiste em pouco mais de metade da corrida masculina, compreendendo um percurso entre Bastogne e Liège. As corredoras enfrentam 7 colinas, com destaque para as três últimas, que serão o palco da decisão em ambas as provas: a Côte de La Redoute (1.9 km a 8.9%, com zonas a 20%!), a Côte des Forges (1.3 km a 6.8%), e a Côte de la Roche-aux-Faucons (1.2 km a 10.9%).

Perfil da 5ª edição da Liège-Bastogne-Liège Femmes

Mesmo sem a extensão da corrida masculina, a prova feminina representa um duro desafio, onde apenas as ciclistas mais fortes podem esperar triunfar. Em ambas as vertentes desta grande clássica, são inúmeras as estrelas que irão marcar presença à partida. A startlist da prova feminina espelha bem o nível da corrida.

No caso das senhoras, o pelotão está cada vez mais forte e equilibrado, não sendo tão linear de apostar na possível vencedora. De qualquer forma, a principal favorita é a atual campeã do mundo, Anna van der Breggen, da SD Workx. A holandesa tem-se apresentado num nível absolutamente estratosférico nesta temporada, como de resto é habitual, acumulando vitórias na Omloop Het Nieuwsblad e na Flèche Wallonne, além do 3º lugar na Strade Bianche.

No muro de Huy, Breggen triunfou pela sétima vez consecutiva, mostrando que na “flecha” continua a não ter concorrência à altura. Na Liège, a campeã mundial é também a recordista de vitórias, tendo vencido as duas primeiras edições, em 2017 e 2018.

As candidatas a fazer frente à holandesa são muitas, começando pela compatriota Annemiek van Vleuten, ela que venceu a prova em 2019. A campeã da Europa dominou nas clássicas flamengas, triunfando na Dwars door Vlaanderen e na Ronde van Vlaanderen, sendo que nas Ardenas fez 3º na Amstel Gold Race e 4º na Flèche Wallonne, o que lhe dará confiança para a prova maior deste tríptico.

A campeã em título da competição, Lizzie Deignan, seria uma óbvia favorita, mas não irá estar presente, com a equipa da Trek-Segafredo a informar que a atleta tem uma doença não relacionada com Covid-19, não se encontrando em condições de disputar o evento. De qualquer forma, a Trek irá apresentar uma equipa forte e duas candidatas, a campeã italiana, Elisa Longo Borghini, e a campeã norte-americana, Ruth Winder.

Entre as principais favoritas está também a vice-líder da SD Workx, Demi Vollering, ela que vai acumulando lugares no top 10 em todas as clássicas em que tem participado.

Refiram-se também Amanda Spratt (Team BikeExchange), Marianne Vos (Jumbo-Visma), Katarzyna Niewiadoma (Canyon SRAM Racing), Cecille Uttrup Ludwig (FDJ Nouvelle Aquitaine Futuroscope), Hannah Barnes (Canyon SRAM Racing), Marlen Reusser (Alè BTC Ljubljana), Mavi García (Alè BTC Ljubljana), Katrine Aalerud (Movistar), Chantal Van den Broek-Blaak (SD Worx), e Ashley Moolman (SD Workx).

Favoritas Ciclismo Mundial:

⭐⭐⭐⭐⭐ Anna van der Breggen

⭐⭐⭐⭐ Annemiek van Vleuten e Elisa Longo Borghini

⭐⭐⭐ Ruth Winder, Demi Vollering, e Amanda Spratt

⭐⭐ Marianne Vos, Katarzyna Niewiadoma, Cecille Uttrup Ludwig, e Hannah Barnes

⭐ Marlen Reusser, Mavi García, Katrine Aalerud, Chantal Van den Broek-Blaak, e Ashley Moolman

Corrida Masculina:

Já na corrida masculina, o formato será o tradicional percurso de ida e volta entre Liège e Bastogne, numa distância de 259.1 km. Os cavalheiros irão enfrentar 12 colinas, com as três últimas a serem as mesmas da corrida feminina. Note-se que depois da última subida, a Côte de la Roche-aux-Faucons, serão 15 km em descida e plano até à meta no centro de Liège.

Perfil da 107ª edição da Liège-Bastogne-Liège

A Liège-Bastogne-Liège representa um desafio bem complicado e uma das clássicas mais duras do ciclismo. Fruto de as subidas serem mais longas que noutras clássicas e da longa quilometragem da prova, a Velha Senhora acaba por ser uma espécie de grande volta concentrada num só dia. A dificuldade do evento atrai uma mescla bem variada de competidores, dos puncheurs aos voltistas, uns mais leves outros mais pesados, uns mais favoritos outros menos, não faltando candidatos a levar a Velha Senhora para casa.

A startlist para esta edição é notável, tal como no ano passado, o que nos faz antecipar que poderemos muito bem ter o mesmo cenário de 2020, com um reduzido grupo de grandes favoritos a discutir ao sprint a vitória no monumento.

O principal favorito para esta mítica competição é o campeão em título, o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), que tem estado em grande nível, como lhe é característico. Na temporada de 2021, o Monstro de Trbovlje apresenta-se verdadeiramente intratável, com três vitórias em etapas no Paris-Nice, mais outra na Volta ao País Basco, onde venceu a classificação geral, e ainda o 2º lugar na Flèche Wallonne. Na quarta-feira, no Muro de Huy, Roglic não foi capaz de bater Julian Alaphilippe, mas mostrou ser o mais forte a espaços na subida final, e em função das características do final em Liège, deverá ter uma maior dose de favoritismo para esta prova sobre o seu rival francês.

O grande rival de Roglic poderá ser muito bem ser outro voltista, nada mais nada menos que o seu compatriota, o homem que lhe roubou a Volta a França mesmo no último fôlego, Tadej Pogacar (UAE-Team Emirates), ele que coleciona nesta temporada triunfos no UAE Tour e no Tirreno-Adriático, além do 3º lugar na Volta ao País Basco, tendo conquistado também uma etapa em cada uma dessas três provas. A equipa dos Emiratos Árabes apresenta um dos blocos mais fortes à partida para o evento, com grandes nomes a ladear o jovem fenómeno.

Na luta com os dois eslovenos deverá estar o espanhol Alejandro Valverde (Movistar), que completa hoje 41 anos, e que certamente não conseguiria escolher dia melhor para igualar as cinco vitórias de Eddy Merckx na La Doyenne, um dos mais míticos recordes do Canibal. “Bala” tem estado em grande forma, e será certamente um grande perigo se não for eliminado antes dos metros finais.

Outro dos grandes favoritos é o campeão mundial, Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quick Step), ele que teve na prova do ano passado um dos seus piores dias como ciclista profissional. “Loulou” não só festejou a vitória de forma extemporânea, acabando por ser batido por Primoz Roglic, como ainda foi desclassificado pelo sprint irregular que quase causou a queda a Marc Hirschi.

Segue-se um longo rol de grandes corredores, de voltistas a classicómanos, uns mais pesados uns mais leves, mas todos com nível para poderem brilhar nesta prova. Falamos de nomes como Michael Woods, Richard Carapaz, Adam Yates, Davide Formolo, David Gaudu, Maximilian Schachmann, Marc Hirschi, ou Michal Kwiatkowski.

Note-se que a Deceuninck irá apostar tudo em Julian Alaphilippe, mas possui também outras cartas que poderá jogar, nomeadamente os jovens Mauri Vansevenant e, claro, o português João Almeida, que estará certamente focado em fazer uma boa prova em prol da equipa, mas que não irá enjeitar a chance de atacar, se tal surgir.

Em prova estará outro grande nome do ciclismo nacional, o campeão luso, Rui Costa (UAE-Team Emirates), ele que terá, dentro da sua equipa, um estatuto semelhante a João Almeida, ao ter um líder forte com quem terá de se preocupar, mas sabendo que tem capacidade e possivelmente alguma liberdade para poder atacar a corrida.

Refiram-se ainda ciclistas como Michael Matthews, Warren Barguil, Jakob Fuglsang, Guillaume Martin, ou Alex Aranburu, entre muitos outros, que poderão ser grandes candidatos a conquistar o coração da Velha Senhora!

Favoritos Ciclismo Mundial:

⭐⭐⭐⭐⭐ Primoz Roglic

⭐⭐⭐⭐ Tadej Pogacar, e Alejandro Valverde

⭐⭐⭐Julian Alaphilippe, Michael Woods, e Richard Carapaz

⭐⭐ Adam Yates, Davide Formolo, David Gaudu, e Maximilian Schachmann

⭐ Marc Hirschi, Michal Kwiatkowski, Mauri Vansevenant, Joao Almeida, e Rui Costa

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