Hattrick para Dennis ou estreia de Ganna?

No segundo dia de Campeonatos do Mundo de Estrada, corrido na região de Ímola, disputa-se o Contrarrelógio masculino. O percurso apresenta uma extensão de 31.7 km, a segunda mais curta de sempre (em contraste com os 54 km do ano passado), e um perfil praticamente plano, que certamente irá favorecer os especialistas da disciplina. Apesar de uma ou outra zona mais técnica no final, a maior parte do percurso consiste em estradas amplas, longas, e retas, propícias aos grandes motores do pelotão.

Perfil do Contrarrelógio Individual

A startlist da competição apresenta um lote alargado de nomes de peso das corridas contra o relógio, tornando-se especialmente difícil de apontar um ou dois grandes favoritos à vitória, ao contrário do que sucede normalmente nesta competição. Além disso, como a prova se disputa após menos de uma semana do final da Volta à França e a uma semana do início da Volta à Itália, num ano excecional a todos os níveis, torna-se ainda mais complicado de avaliar a forma e o momento dos ciclistas.

Apesar de com toda a certeza a vitória não ir fugir a um puro contrarrelogista e a um homem capaz de colocar um volume elevado de watts na estrada, este não será um ano em que os nomes mais consagrados da disciplina possam esmagar a concorrência. Isto faz-nos apontar para um campeão inédito, para alguém que está entre os melhores de algum tempo a esta parte e que apresente maior consistência nos tempos mais recentes.

Assim, consideramos o italiano Filippo Ganna como o candidato nº 1 a levar o título para casa. Aos 24 anos, o medalhista de bronze do ano transato tem conseguido consolidar-se ainda mais como um dos melhores contrarrelogistas do mundo. A forma recente do transalpino está patente na vitória do contrarrelógio do Tirreno-Adriático, no dia 14 de Setembro, onde bateu Victor Campenaerts e Rohan Dennis. Em Agosto, Ganna tinha-se já sagrado campeão italiano de contrarrelógio, batendo a concorrência por larga margem.

Entre os principais favoritos está evidentemente o bi-campeão mundial da especialidade, o australiano Rohan Dennis. O terceiro lugar no contrarrelógio do Tirreno-Adriático mostrou que o ciclista está numa boa forma física e, numa prova com esta importância, nunca se pode descurar o australiano. Contudo, Dennis ainda não venceu nenhum contrarrelógio desde os mundiais de Yorkshire de 2019, parecendo já ter passado a fase de nº1 incontestado da disciplina.

No ano passado, havia também alguns pontos de interrogação sobre a forma de Dennis, mas a verdade é que ele esmagou toda a gente, deixando o medalha de prata e grande ausente da prova este ano, Remco Evenepoel, a mais de um minuto. Ainda a recuperar da queda sofrida no Giro da Lombardia, Evenepoel iria certamente estar na luta pelo título.

Os candidatos a intrometerem-se no duelo Ganna-Dennis são vários, começando pelo belga Victor Campenaerts, segundo no Tirreno-Adriático, terceiro nos europeus, e segundo nos campeonatos belgas. Campenaerts tem atirado muitas vezes aos postes, mas esta pode ser a sua oportunidade para finalmente concretizar.

Estes três ciclistas não estiveram na Volta à França, pelo que a frescura sobre aqueles que completaram a Grand Boucle pode ser decisiva. No entanto, do Tour vêm também alguns dos principais candidatos que, se forem capazes de gerir o esforço de uma volta de três semanas e trazer ainda alguma forma para esta prova, podem sobressair. Falamos claro do campeão belga de contrarrelógio e uma das estrelas que mais brilhou em França, Wout Van Aert, quarto no contrarrelógio final do Tour. Já o companheiro de equipa e campeão de 2017, Tom Dumoulin, foi segundo nesse dia e nunca pode ser descartado para qualquer contrarrelógio. Além dos dois ciclistas da Jumbo-Visma, destaque para outro homem que veio do Tour, embora este tenha saído da prova cinco dias antes do final, o campeão suíço e europeu, Stefan Kung.

A vitória no mundial deverá estar entre estes seis homens, embora outros se possam intrometer, em especial na luta pelo pódio: Geraint Thomas, Patrick Bevin, Alex Dowsett, Remi Cavagna, Luke Durbridge, Tobias Ludvigsson, Jos Van Emden, Benjamin Thomas, ou Edoardo Affini.

⭐⭐⭐⭐⭐ Filippo Ganna
⭐⭐⭐⭐ Rohan Dennis e Victor Campenaerts
⭐⭐⭐ Wout Van Aert, Tom Dumoulin, e Stefan Kung
⭐⭐ Geraint Thomas, Patrick Bevin, Alex Dowsett, e Remi Cavagna
⭐ Luke Durbridge, Tobias Ludvigsson, Jos Van Emden, Benjamin Thomas, e Edoardo Affini

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