Desclassificação de Bennett oferece vitória a Ackermann!

O alemão Pascal Ackermann (BORA-hansgrohe) venceu a 9ª etapa da Vuelta a España, depois da desclassificação do irlandês Sam Bennett devido ao comportamento na abordagem ao sprint final, e em particular a vários toques com o ombro e com a cabeça em Emils Liepins, o sprinter da Trek-Segafredo que tentava infiltrar-se no comboio da Deceuninck-Quick Step.

A etapa 9 significou uma das raras oportunidades para os homens rápidos do pelotão poderem esgrimir argumentos. Perante os ciclistas, perfilavam-se 157.7 km entre Castrillo del Val e Aguilar de Campoo, num dia praticamente plano. A possibilidade de o pelotão controlar a fuga e preparar uma chegada massiva era muito forte, em especial por parte das equipas dos principais homens rápidos.

No início da jornada, formou-se a fuga do dia, com o ataque de dois sonhadores: Juan Felipe Osorio (Burgos-BH) e Aritz Bagues (Caja Rural-Seguros RGA). Sem mais interessados a quererem juntar-se a esta movimentação, o pelotão deu-se por satisfeito e a vantagem dos escapados foi aumentando rapidamente.

A fuga da etapa 9 da Volta a Espanha (Photo by ANDER GILLENEA/AFP via Getty Images)

Com 20 km de etapa percorridos, a diferença entre fuga e pelotão era já de 5 minutos, com a Deceuninck-Quick Step a tomar as rédeas do pelotão, mantendo a margem controlável. A equipa belga ia trabalhando para o grande favorito desta etapa, vencedor da 4ª tirada desta Vuelta, o irlandês Sam Bennett.

De facto, o pelotão não estava interessado em deixar a fuga ganhar uma vantagem muito alargada que obrigaria a um grande esforço para fechar o espaço mais tarde na etapa. Além disso, existiam muitas zonas desprotegidas do vento, o que poderia causar cortes no pelotão, pelo que os ciclistas iam pedalando em alerta constante. Com 92 km para a meta, o avanço dos fugitivos era de apenas 2:15. Essa margem ainda cresceu um pouco nos km seguintes, mas manteve-se sempre controlável pelo grupo principal.

Com 44 km para o final, a diferença entre a dupla Osorio/Bagues e o pelotão estava abaixo dos 2 minutos, e o destino dos corajosos do dia estava traçado. O duo ainda passou na frente na primeira passagem pela meta, a 35 km do fim, mas o pelotão vinha logo atrás, com 50 segundos de prejuízo, com os ciclistas logo aí a iniciarem a luta pelo melhor posicionamento para o sprint final.

Não eram só as equipas dos sprinters a trabalharem, com a própria Jumbo-Visma a passar na frente do pelotão, com o objetivo principal a ser de manter Roglic fora de qualquer perigo. Os dois fugitivos iam dando o que tinham e o que não tinham para se manterem na frente, agora com apenas 25 segundos sobre o grupo principal.

Essa diferença ainda aumentou um pouco mas com 20 km para a meta a fuga foi mesmo eliminada, com o pelotão a preparar-se para a abordagem aos km finais. Contudo, o ritmo dos km finais foi bastante tranquilo, aumentando significativamente apenas à entrada dos 5 km finais. Existia uma curva em cotovelo a 1.3 km do final e o posicionamento nessa fase seria decisivo. Consciente disso mesmo, a equipa da BORA colocou um andamento muito forte, conseguindo ser a primeira formação a sair da curva e a iniciar a reta da meta, com a Deceuninck logo atrás.

Desta feita, não foi Philipsen a lançar o sprint cedo mas sim Pascal Ackermann. O alemão parecia em boa posição para triunfar, mas vinha lá o foguete irlandês, Sam Bennett, ultrapassando todos os adversários de forma fácil. Parecia que Bennett não estava sequer estar a dar tudo o que tinha, tendo tempo para festejar calmamente e apontar para o nome da equipa no equipamento, enquanto os rivais tentavam furiosamente alcançar o irlandês.

Essa não seria, no entanto, a última palavra da jornada. Após o sprint, os comissários da corrida entenderam que Sam Bennett tinha agido de forma ilegal, nomeadamente devido às cargas de ombro e de cabeça com que presenteou o letão Emils Liepins, que tentava infiltrar-se no comboio da Deceuninck. Apesar de se perceber o ponto de vista dos comissários, acaba por ser uma decisão algo dura, mediante a habitual panóplia de mimos com que os sprinters e os seus comboios costumam distribuir na luta pela melhor posição. O irlandês acaba por ficar relegado para a última posição do seu grupo, no caso o 110º lugar da jornada.

Assim, a vitória na etapa ficou para o 2º classificado à chegada, Pascal Ackermann (BORA-hansgrohe), com o 2º posto a ficar para o jovem Gerben Thijssen (Lotto Soudal), que tão boa conta de si tem dado contra alguns dos melhores sprinters do mundo. No 3º lugar terminou o alemão Max Kanter (Team Sunweb), com o 4º posto a ficar para Philipsen.

Na geral, tudo na mesma, com a camisola vermelha no corpo de Richard Carapaz (INEOS), com 13 segundos de vantagem para Roglic e 28 para Dan Martin (Israel Start-Up Nation).

Dos cinco portugueses em prova, quatro chegaram integrados no pelotão, ficando apenas Rui Costa um pouco atrasado, perdendo 1:50. Na geral, o campeão português continua a ser o luso mais bem colocado, ocupando a 37ª posição, a 43:08 de Carapaz.

Amanhã disputa-se a 10ª etapa da Vuelta, com uma ligação de 185 km entre Castro Urdiales e Suances. Existe apenas uma contagem de montanha de 3ª categoria ao longo do percurso, no entanto, não será um dia fácil pois os corredores irão enfrentar muito sobe e desce.

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