Relógio suíço deu as horas no cimo do Muro!

O suíço Marc Hirschi, da Team Sunweb, venceu a 84ª edição da clássica belga da Flèche Wallone, após bater toda a concorrência no mítico Mur de Huy! Na segunda posição terminou o francês Benoît Cosnefroy (AG2R La Mondiale) e no terceiro posto ficou o canadiano Michael Woods (EF Pro Cycling).

A primeira clássica das Ardenas de 2020, realocada no calendário devido à pandemia mundial, disputou-se na região da Valónia e consistiu numa ligação de 202 km, com partida em Herve e chegada no Mur de Huy, desafio que seria contestado pelos ciclistas por três vezes no circuito final.

À partida da competição, um lote de corredores de inegável qualidade apresentava-se com intenções de discutir a vitória. Apesar da ausência do bicampeão em título da Flèche e novíssimo campeão do mundo, Julian Alaphilippe, nomes como Tadej Pogacar, vencedor do Tour, ou Marc Hirschi, vencedor de etapa e super-combativo do Tour, prometiam espetáculo e incerteza no desfecho da corrida.

A fuga do dia foi composta por Mauri Vansevenant (Deceuninck-Quick Step), Aaron Van Poucke (Sport Vlaanderen-Baloise), Mathijs Paaschens (Bingoal-Wallonie Bruxelles), e Marlon Gaillard (Total Direct Energie). O grupo conseguiu alcançar um avanço de nove minutos sobre o pelotão ao fim de 50 km de competição, antes do grupo principal começar a recuperar o atraso.

Já dentro dos 85 km do circuito final, Alessandro de Marchi (CCC Team) e Ide Schelling (Bora-Hansgrohe) atacaram do pelotão mas não conseguiriam atingir a frente da corrida.

Em destaque ia estando o campeão português Rui Costa que, em conjunto com o colombiano Sergio Henao, forçava o ritmo, perpetuando o trabalho que a equipa desenvolveu ao longo da jornada (em conjunto com formações como a Sunweb, a EF, ou a INEOS), tendo em vista a vitória de Pogacar. E a 20 km do final, Rui Costa atacou mesmo, de modo a obrigar as demais equipas a responder, pedalando forte alguns metros à frente do pelotão. O ciclista luso prolongou o seu esforço durante 5 km, antes de ser recolhido pelo grupo principal.

A 15 km do final, sobrevivia apenas um corredor na fuga, Vansevenant, ainda com um minuto de vantagem sobre o pelotão. O belga de 21 anos deu muito boa conta de si num palco de primeira linha do ciclismo internacional. Na penúltima subida do dia, a Côte du Chemin des Gueuses, atacou o colombiano Rigoberto Uran (EF Pro Cycling), conseguindo uma vantagem de 30 segundos. Uran ainda alcançou Vansevenant (que ainda teve uma aparatosa saída de estrada para o meio dos arbustos!), mas a vantagem da dupla, na abordagem ao Muro de Huy, era escassa.

A decisão da corrida ficou mesmo para o duro km final, com os galos do pelotão colocados em posição de ataque. O primeiro a movimentar-se foi o terceiro classificado da Volta a França, o australiano Richie Porte (Trek-Segafredo), o que provocou um alongamento do grupo de favoritos. De seguida, mexeu Michael Woods e o ataque do canadiano parecia ter tudo para resultar. Contudo, na sua roda seguia Hirschi que, de forma sub-reptícia, controlou o andamento de Woods para acelerar no momento certo rumo à vitória. O jovem de 22 anos, além de uma forma física e um talento fora do normal, apresenta cada vez mais maturidade e astúcia nas suas movimentações, fazendo uso de um timing perfeito, qual relógio suíço.

Hirschi vence assim num dos palcos mais míticos do ciclismo mundial, arrecadando a vitória mais importante da carreira, no que a corridas de um dia diz respeito. Na segunda posição ficou Benoît Cosnefroy (AG2R) e em terceiro terminou Michael Woods (EF), ambos com o mesmo tempo do vencedor. Também no mesmo registo chegaram mais três unidades: Warren Barguil (Arkea), Dan Martin (Israel), e Michal Kwiatkowski (INEOS). Cinco segundos depois chegavam Patrick Konrad (BORA), Richie Porte (Trek), e Tadej Pogacar (UAE), com Simon Geschke (CCC) a fechar o top 10 logo atrás.

Rui Costa, que acabou por ter um dia de trabalho para a equipa e de preparação para corridas mais ao seu jeito, terminou na 85ª posição, a 3:13 de Hirschi. O esforço do campeão português será certamente retribuído pela sua formação em corridas futuras, como a Liège-Bastogne-Liège ou a própria Volta a Espanha.

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