Quem não tem Sagan, caça com Politt!

O alemão Nils Politt, da BORA-hansgrohe, venceu a etapa 12 da Volta a França, depois de integrar a fuga do dia e atacar a 12 km do final, para não mais ser alcançado! A dupla de perseguidores chegou 31 segundos depois, com Imanol Erviti (Movistar) a bater Harry Sweeny (Lotto Soudal) para o 2º posto, e com o pelotão a chegar quase 16 minutos depois!

A etapa 12 do Tour de France consistia numa ligação de 159.4 km, entre Saint-Paul-Trois-Châteaux e Nîmes, na região da Occitânia, num percurso relativamente suave, na sua maioria, onde a única contagem de montanha era a 3ª categoria para Côte du Belvédère de Tharaux, sensivelmente a meio da tirada.

O dia começou com a notícia de mais um abandono, agora do Hulk de Zilina, Peter Sagan, da BORA-hansgrohe, que se ressentiu da lesão no joelho sofrida na queda que sofreu na etapa 3, que envolveu também Caleb Ewan.

A corrida propriamente dita começou de modo furioso, com um ritmo muito elevado e com o vento a causar estragos logo nos primeiros quilómetros. Formavam-se os famosos echelons, ou bordures, com os alarmes a soar em muitas das equipas que viam os seus ciclistas a ficar cortados, em particular a Ineos, com Geraint Thomas e Richie Porte apanhados de surpresa.

Com os ânimos mais calmos, surgiram os primeiros ataques sérios para a formação da fuga e um grupo de 12 corredores conseguiu mesmo isolar-se, contendo: André Greipel (Israel), Edward Theuns (Trek), Julian Alaphilippe (Deceuninck), Imanol Erviti (Movistar), Nils Politt (BORA), Stefan Küng (Groupama-FDJ), Stefan Bissegger (EF-Nippo), Connor Swift (Arkéa-Samsic), Harry Sweeny e Brent Van Moer (Lotto Soudal), Luka Mezgec (BikeExchange), Sergio Henao (Qhubeka), e Edvald Boasson Hagen (TotalEnergies).

André Greipel a liderar a fuga do dia na etapa 12 do Tour de France (Getty Images)

Com o pelotão a reagrupar depois do início frenético, a fuga conseguia alcançar uma vantagem de 2 minutos, quando faltavam 134 km para a meta. A presença do campeão mundial na frente da corrida significava que a Deceuninck Quick-Step não iria perseguir e preparar o sprint para Cavendish, o que aumentava exponencialmente as hipóteses da fuga triunfar. Se dúvidas houvessem, o próprio Manx Missile equipava com os calções pretos, ao invés de vestir totalmente de verde, o que indicava que hoje não o veríamos a sprintar para igualar o recorde de Eddy Merckx.

Além disso, a Arkéa de Bouhanni também colocava um homem na frente, assim como a BikeExchange de Matthews, ficando apenas a Alpecin-Fenix e a DSM como formações que poderiam eventualmente perseguir. A vantagem dos fugitivos aumentou rapidamente para os 6 minutos, com o grupo principal a ser controlado pela equipa do líder, a UAE-Team Emirates.

Sem ninguém a perseguir efetivamente no pelotão, tornava-se cada vez mais claro que seria o grupo de escapados a discutir a vitória, com a margem a crescer para os 11 minutos, com 80 km para o final.

Nos 50 km finais, começaram os ataques entre os homens da frente, primeiro através de Politt e depois de Swift, dois corredores cientes que havia ciclistas rápidos no grupo, contra quem não teriam hipóteses num sprint direto. Os restantes elementos da fuga tentavam fazer a ponte para a frente, mas não era fácil, acabando por se formar um grupo de quatro, com Politt, Sweeny, Kung, e Erviti, com a restante fuga a perseguir.

Entretanto, o pelotão entrava numa zona mais exposta, e a Ineos Grenadiers tentava fazer estragos, colocando um ritmo forte na frente do grupo. A UAE-Team Emirates estava atenta, colocando-se lado a lado com a formação britânica, com Rui Costa em claro destaque no trabalho de apoio a Tadej Pogacar, que acabava por passar, também ele, pela frente do pelotão, em mais uma demonstração de forma e classe do “Miúdo-Maravilha”.

A 20 km da meta, o quarteto da frente possuía 37 segundos sobre o grupo perseguidor, com o grupo principal a 14:43. Os quatro magníficos rodavam de forma bem oleada, ao contrário do grupo perseguidor, o que fazia a balança tombar para o grupo da frente. A 15 km da meta, a diferença aumentava já para 1 minuto.

Politt sabia que as suas hipóteses de vitória tinham aumentado com a saída de cena de Greipel, Mezgec, ou Alaphilippe, mas mesmo assim seria possivelmente o mais lento dos quatro da frente, pelo que só havia uma coisa a fazer: atacar! E foi o que o homem da BORA fez, disparando com confiança a 12 km do final! Volvidos 2 km, eram já 10 os segundos que separavam Politt de Sweeny e Erviti, que tentavam ainda alcançar o possante alemão.

A vantagem de Politt ia aumentando e a vitória estava assegurada! O alemão entrou nos 2 km finais com 30 segundos de avanço, rolando agora com mais precaução nas últimas curvas do percurso. Nos metros finais, Politt abanava a cabeça, incrédulo com o seu feito, enquanto falava com o carro da equipa, onde a festa seria enorme, sem sobra de dúvida. No dia em que a BORA perde Peter Sagan, consegue vencer através de Politt, que assim conquista a maior vitória da sua carreira.

Erviti acabaria por bater Sweeny no sprint para o 2º posto, 31 segundos depois, com Küng a chegar com 1:58 de atraso e com a restante fuga a chegar a fechar poucos segundos depois, com Mezgec a vencer o sprint para o 5º lugar. O pelotão chegou com um atraso de 15:53, com Mark Cavendish a cruzar a meta à frente do grupo e a amealhar ainda alguns pontos para a camisola verde.

Na CG, tudo na mesma, com Tadej Pogacar a manter a amarela, com 5:18 de avanço sobre Rigoberto Urán e 5:32 sobre Jonas Vingegaard.

Quanto aos portugueses, acabaram ambos a jornada integrados no pelotão, com Rui Costa a ser 47º e Ruben Guerreiro 52º. Na geral, o homem da EF-Nippo mantém o 20º posto, a 47:37 da amarela, enquanto o escudeiro de Pogacar ocupa o 79º lugar, a 1:43:13 do seu líder.

Amanhã disputa-se a etapa 13, com 219.9 km entre Nîmes e Carcassonne, num dia que será em teoria para os sprinters, embora, tal como se viu hoje, esse cenário possa acabar frustrado!

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