Mohoric leva o “monumento” do Tour, em dia de saga MVDP vs WVA!
O campeão esloveno Matej Mohoric, da Bahrain-Victorious, venceu a etapa 7 do Tour de France, ao ser o mais forte da fuga do dia. No 2º posto, terminou o belga Jasper Stuyven (Trek-Segafredo), com a 3ª posição a ficar para o dinamarquês Magnus Cort (EF Nippo).
O grande destaque deste grande dia de ciclismo acaba por ser a presença na fuga do dia dos dois grandes rivais: o campeão belga Wout Van Aert e o camisola amarela Mathieu Van der Poel, que acabaram por distanciar-se ainda mais no topo da geral, na antecâmara da alta montanha.
Num dia em que a fuga tinha hipóteses óbvias de triunfar, a corrida foi muito atacada nos primeiros quilómetros, sem que nenhuma movimentação se estabelecesse ao fim de 25 km. Depois, a corrida foi autenticamente dinamitada, com os dois monstros rivais, o King Kong Wout Van Aert e o Godzilla Mathieu Van der Poel no epicentro do terramoto de ataques que ia marcando este início frenético! Mais um dia extraordinário por parte de MVDP, o camisola amarela e autêntico “patrão” deste Tour.
Ainda a mais de 200 km do final, com o pelotão a alongar e a quebrar nas estradas expostas ao vento, formava-se na frente um perigoso grupo de 30 corredores, que conseguiu rapidamente abrir um fosso de 30 segundos sobre o pelotão. No grupo principal, a UAE-Team Emirates trabalhava de forma furiosa, tentando fechar o espaço, com Rui Costa a ser um dos mais requisitados nos esforços da formação de Pogacar.
Na frente estava em detsaque outro português, Ruben Guerreiro (EF Nippo), ele que integrava a fuga em conjunto com Van der Poel e Meurisse (Alpecin), Van Aert e Teunissen (Jumbo), Van Baarle (Ineos), Nibali, Skujins, e Stuyven (Trek), Asgreen e Cavendish (Deceuninck), Erviti e Cortina (Movistar), Konrad (Bora), Laporte (Cofidis), Cort (EF Nippo), Godon (AG2R), Kragh Andersen (DSM), Gilbert, Sweeny, e Van Moer (Lotto), Mohoric (Bahrain), Yates (BikeExchange), Houle (Astana), Campenaerts (Qhubeka), Bakelants e Boy Van Poppel (Intermarché), e ainda Bonnamour (B&B).

A 185 km do fim, este super grupo de escapados possuía já 1:55 sobre o pelotão, onde a solitária Emirates ia perdendo o braço de ferro com a frente da corrida. Com 140 km para o final, o avanço subia para os 4:50, e começava a ficar claro que, a menos que houvesse um esforço conjunto lá atrás, dificilmente o pelotão ia eliminar esta movimentação. Com muitas equipas presentes na frente, apenas a TotalEnergies ia dando uma mão à Emirates.
Na fuga, Van der Poel continuava a passar pela frente por diversas ocasiões, dando tudo em busca de aumentar diferenças na geral, e negligenciando a vitória na etapa, sonhando talvez com a manutenção da amarela depois do dia de amanhã, o primeiro de alta montanha. Van Aert tinha também hipóteses de atacar a amarela, mas ia preferindo, por ora, manter-se na marcação a MVDP, ciente que mesmo que o seu rival se mantivesse de amarelo, a etapa de amanhã poderia ainda permitir-lhe chegar ao 1º lugar.
Pouco depois, chegava o sprint intermédio do dia, o grande objetivo de Mark Cavendish nesta fuga, com o britânico a ser lançado por Asgreen e a passar em primeiro, com apenas Boy Van Poppel e Matej Mohoric a darem alguma luta. O sprinter da Deceuninck Quick-Step aproveitava assim para aumentar a sua vantagem no topo da classificação da regularidade, possuindo agora 168 pontos contra os 102 de Jasper Philipsen e os 99 de Nacer Bouhanni.
A 125 km do final, com o pelotão a 4:30 da fuga, alguns dos escapados perderam o contacto com a frente da corrida, na passagem por uma zona de abastecimento, entre eles Ruben Guerreiro e Mark Cavendish, além Van Baarle, Skujins, e Godon. Nesse grupo de perseguidores, o entendimento era muito pouco, com Guerreiro a desentender-se com Van Baarle e depois com Cavendih. Com o português a pedir apoio ao carro da sua equipa, o britânico atacou, juntando-se aos fugitivos que forçavam o ritmo para recolar na frente. O português acabaria depois por perder mesmo o contacto com o grupo de perseguidores, com Cavendish ainda a dirigir algumas palavras a Guerreiro, que já não conseguiria reentrar no grupo da frente.
A 100 km do fim, a margem dos escapados chegava aos 6 minutos, e começava a tornar-se uma situação de corrida muito interessante para o camisola amarela, que pese as suas dificuldades na alta montanha, arriscava-se a partir com uma vantagem muito confortável para a etapa de amanhã. Restava saber o que ia acontecer na parte mais acidentada da etapa. O próprio Ruben Guerreiro poderia subir bastante na geral, não tivesse perdido o contacto com a frente, acabando por ser absorvido pelo pelotão pouco depois.
A 90 km do final, começavam as dificuldades montanhosas, com uma subida de 3ª categoria. Aí atacaram e passaram na frente Mohoric e Van Moer, com os dois a tentarem depois forçar o ritmo e abrir espaço para os companheiros de fuga.
Na contagem seguinte, essa de 4ª categoria, voltou a passar Mohoric em primeiro e Van Moer em segundo. A 58 km do final, a restante fuga rodava já a 1 minuto da dupla, com o pelotão a 7:30 da frente da corrida. Na frente do grupo principal surgia, de forma mais efetiva, a TotalEnergies, embora viesse já tarde para objetivos à etapa. Pouco depois, voltava a Emirates ao trabalho de perseguição, embora fosse nesta altura mais uma questão de controlo de danos.
Na abordagem à subida seguinte, começaram os ataques no grosso da fuga que perseguia a dupla Mohoric/Van Moer, com Cavendish, finalmente, a dizer adeus à fuga. A 46 km do final, Campenaerts e Stuyven conseguiam alcançar os dois da frente, com a restante fuga a perseguir a cerca de 1 minuto e com o pelotão ainda a 7:30 da frente.
Seguiu-se nova contagem de 3ª categoria, que causou uma clara seleção no grupo de perseguidores à frente da corrida. O grupo grande da fuga estava reduzido a metade do que era na sua génese, com os dois monstros rivais, MVDP e WVA, entre os principais motores do conjunto. Na frente, Campenaerts perdia o contacto com a tripla Mohoric/Van Moer/Stuyven, que passava em primeiro na contagem de montanha, com 1 minuto de vantagem sobre o resto da fuga e 6:30 sobre o pelotão.
Depois vinha a 2ª categoria para Signal d’Uchon, uma dura ascensão com zonas a 18% de pendente! Antes ainda desse momento, perdia o contacto o colombiano Nairo Quintana, acusando o desgaste destes primeiros dias, com a fatura a ser passada nesta longa jornada. O pelotão estava reduzido a metade à entrada da subida!
Em Signal d’Uchon, atacou do grupo perseguidor o campeão austríaco Parick Konrad, em busca da tripla da frente, que rodava com 1:15 de avanço, a 21 km do final, com o pelotão a 6:44. WVA e MVDP continuavam a fazer boa parte das despesas da perseguição, numa marcação que parecia estar a condená-los ao insucesso, pelo menos em termos de luta pela etapa. De qualquer forma, ambos ganhavam com a vantagem que tinham sobre o pelotão.
Na frente, atacava Mohoric, passando em primeiro no topo da subida, o que lhe garantia a ascensão ao topo da classificação da montanha. O campeão esloveno tentava arrancar também para a vitória na etapa, com a perseguição mais direta agora a cargo de Konrad.
No pelotão, atacava Pierre Latour (TotalEnergies), com Castroviejo (Ineos) a trabalhar para fechar o espaço. Nesse ponto, começava a perder o contacto Primoz Roglic, numa demonstração clara dos problemas físicos do esloveno, em virtude das quedas e do esforço, tanto no contrarrelógio como no dia de hoje. Nenhum Jumbo ficou perto do seu líder, num dia em que WVA estava na frente, num aparente desmoronar da equipa em termos de geral.
Depois era a vez de atacar Richard Carapaz, colocando todos os favoritos em sentido. Ataque vigoroso do equatoriano, sem resposta aparente no pelotão!
Na última subida do dia, a 8 km do final, passou na frente, mais uma vez, Mohoric, com o grupo de mais diretos perseguidores a cerca de 1:30, o grupo do camisola amarela a 2:12, Carapaz a 5:29, e o restante pelotão a 6 minutos.
Depois foi altura para o King Kong tentar deixar o Godzilla KO, com um forte ataque de Van Aert e com Van der Poel a responder ao desafio do seu grande rival, e os dois a isolarem-se do restante grupo, tentando depois colaborarem para tentarem ainda chegar à frente.
Na frente, Mohoric chegava isolado ao quilómetro final, e a vitória estava garantida! Na meta, levantou os braços, emocionado, mostrando com orgulho as cores de campeão esloveno e exibindo um coração com os dedos. Grande dia para o homem da Bahrain!
No 2º posto fechou Stuyven, já a 1:20 do vencedor, com Magnus Cort a fechar na frente do grupo de perseguidores, onde seguiam MVDP e WVA. O dinamarquês fechou em 3º, a 1:40, seguido de perto pelo camisola amarela, que por pouco não chegava ainda às bonificações!
Carapaz acabou por ver o seu ataque frustrado já nos metros finais, sendo alcançado pelo pelotão, com Alaphilippe a passar na frente do grupo, com 5:15 de atraso para Mohoric. Quanto a Roglic, acabou por perder quase 4 minutos para os favoritos, o que hipoteca o sonho de lutar pela CG deste Tour.
Na liderança mantém-se, então, Mathieu Van der Poel, com 30 segundos de vantagem sobre Wout Van Aert e 1:49 sobre Kasper Asgreen, 3:01 sobre Mohoric, e 3:43 sobre Pogacar. Segue-se ainda Nibali a 4:12 e Alaphilippe a 4:23.
Quanto aos portugueses, Ruben Guerreiro fechou no lugar 121 da etapa, enquanto Rui Costa foi o 150º, ambos a 18:37 de Mohoric. Na CG, o homem da EF Nippo é 69º, a 21:44, enquanto o corredor da Emirates, que tanto trabalhou no dia de hoje, segue agora em 106º, a 33:29.
Amanhã disputa-se a 8ª etapa do Tour de France, com a primeira jornada de alta montanha da prova. No menu, constam 150.8 km, entre Oyonnax e Le Grand-Bornand, incluindo cinco subidas categorizadas, três delas de 1ª categoria, com destaque para a última delas, o Col de la Colombière (7.5 km a 8.4%), que irá anteceder a descida para a meta!