Tadej Pogacar: “Devo dizer que há cinco ou seis anos, tudo era totalmente diferente!”
O Ciclismo Mundial teve a oportunidade de colocar algumas questões a Tadej Pogacar, líder do Tour de France, no segundo dia de descanso da corrida. Em conferência de imprensa, o esloveno falou sobre a sua rivalidade com Jonas Vingegaard, as etapas de montanha desta terceira semana, os recordes batidos e a evolução do ciclismo!
Um dia de descanso guloso
Tadej Pogacar começou a conferência por falar sobre o seu dia de descanso. “Fizemos alguns kms e paramos numa padaria. Não contem ao meu nutricionista, mas comi um dos melhores brownies de sempre. Então, foi um dia muito bom, que eu gostei. Ainda falta meio dia de descanso, por isso espero que terminemos a conferência rápido para que eu possa relaxar no meu quarto e ver bons filmes.”
A subida mais rápida de sempre e a evolução do ciclismo
Em relação a Vingegaard ter dito que havia feito a melhor perfomance da sua vida, Pogacar confirmou os dados já revelados. “Ontem todos nós testemunhámos um dos melhores desempenhos de sempre a subir. Para mim também! Quando verifiquei os meus números, foi realmente louco, especialmente na parte em que o Matteo Jorgensen e o Jonas puxaram. Foram os números mais altos que já fiz na minha carreira. Podemos ver que o Jonas veio mesmo preparado para lutar pela vitória e ontem eles motraram isso. É de louvar o trabalho de ontem de toda a equipa da Visma | Lease a Bike, que esteve muito bem.”

O Ciclismo Mundial aproveitou a pergunta anterior para falar sobre o facto de Pogacar, Vingegaard e Evenepoel terem feito as 3 melhores perfomances a subir na história do ciclismo. O líder do Tour de France começou por dizer que o ciclismo está a evoluir muito. “Devo dizer que há cinco ou seis anos, quando vim para esta equipa, e não quero falar mal, mas tudo era totalmente diferente. Se compararmos este ano com o meu primeiro ano na Vuelta, era tudo quase amador. Eu pensava que tudo era profissional, mas evoluímos muito rapidamente, porque cada uma das equipas se esforça com a tecnologia, a nutrição, os planos de treino, os campos de altitude.”
Regressando ao cerne da questão, Tadej Pogacar voltou a confirmar. “Sim, ontem assistimos à subida mais rápida de sempre. Acho mesmo que devíamos assistir a algo assim todos os anos, porque toda a gente se concentra tanto nos pormenores, em cada grama de comida, em cada peça da bicicleta… Estamos a ir muito depressa, diria eu! Para mim, é realmente impressionante ver como as coisas mudaram nos últimos seis anos da minha carreira profissional.“
As grandes diferenças nos últimos 6 anos
De seguida o esloveno explicou as grandes diferenças: “Por exemplo, há seis anos, quando comecei, tudo girava em torno dos hidratos de carbono. Ao pequeno-almoço, comíamos massa branca, arroz branco e talvez uma omelete. Agora temos pequenos-almoços mais normais, como papas de arroz, papas de aveia, ainda comemos omelete, pão, panquecas… Estas pequenas coisas já fazem a diferença, só o não ser preciso comer massa de manhã. E sim, nós detalhamos tudo. A comida é preparada para o pequeno-almoço, para o estágio, para depois do estágio, calculamos o momento em que é preciso comer e todo este tipo de coisas.”
Tadej Pogacar destacou a importância da nutrição e da tecnologia nesta evolução. “A maior mudança para mim foi quando o Gorka (Prieto-Bellver) se juntou à equipa, um ano mais tarde do que eu. Inicialmente, para mim, foi super difícil seguir o seu plano. Por isso, foi uma grande mudança, assim como nas bicicletas. As bicicletas são agora muito mais rápidas, especialmente os pneus, que fazem a maior diferença em relação ao que tínhamos há 6 ou 10 anos. As rodas, a aerodinâmica… É espantoso como a bicicleta é agora tão diferente do que era há cinco anos.“
A relação com Remco Evenepoel
Sobre a relação com Remco Evenepoel, e como este o conheceu melhor o esloveno revelou o seguinte: “Sempre que o via na televisão, ele parecia um verdadeiro campeão. Não queria saber de mais ninguém, fazia sempre o que queria. Ganhava sempre tudo e nós nunca quase nunca corremos um contra o outro nos últimos cinco anos. E agora, finalmente, juntamo-nos numa grande volta, no Tour de France. Devo dizer que ganhei muito respeito por ele neste Tour, porque a forma como corre no grupo não é nervosa, é muito respeitador de toda a gente do pelotão. Por isso, gosto de correr contra ele, é um ciclista de grande classe.”
A terceira semana
O Ciclismo Mundial teve a oportunidade para colocar uma segunda questão. Abordamos a dureza desta terceira semana e as várias etapas de montanha, para tentar perceber até que ponto Pogacar prevê que a Visma | Lease a Bike o tente quebrar, como fizeram no domingo. “De certeza que vão escolher uma etapa. Não creio que estejam a escolher as duas de sexta e sábado, acho que vão concentrar-se numa só. Vamos tentar fazer a nossa própria corrida, não deixar que eles façam nada de louco, por isso, temos de ir confiantes de que podemos ir ao nosso ritmo. Vai ser uma última semana difícil. Vamos ver muito fogo de artifício!“
Em relação à etapa 19, com o Cime de La Bonette e a subida final a Isola 2000, o mesmo confidenciou que adora a primeira subida. “É uma subida muito bonita. Fi-la pela primeira vez no ano passado, em agosto, e gostei muito. Adoro estes desfiladeiros nos Alpes. E depois uma longa descida até Isola, onde estávamos a treinar antes do Tour. Por isso, sim, estou muito ansioso por essa etapa. A subida de Isola é semelhante à de Plateau de Beille, penso eu. E depois a etapa de sábado é quase a minha etapa de casa. Treino muito nestas subidas, por isso, conheço-a muito bem e estou ansioso por começar este fim de semana.“
Vuelta a España não é uma opção
Sobre a possibilidade de o vermos na La Vuelta a España, Tadej Pogacar disse que “há 99% de impossibilidade de o vermos na corrida.” Mas, por outro lado, o esloveno deixou a porta aberta para a nova temporada. “Em 2025 há uma oportunidade muito maior de estar presente“.
Os medos para a última semana
Sobre o que mais teme desta última semana, Tadej Pogacar disse “Não sei o que mais temo desta última semana. Acho que não temo nada, estou ansioso! Faltam seis etapas para terminar, com um bom contrarrelógio, e que é muito duro. Claro que não queremos ficar doentes na última semana, por isso, vamos tentar evitar isso, se pudermos. Quando as pessoas estão tão perto de nós, como nas subidas, é difícil de evitar o contacto, mas vamos cruzar os dedos para que eu chegue fresco para o fim do Tour.”
De seguida foi-lhe perguntado sobre as doenças no pelotão, e o impacto que o Covid-19 tem tido na corrida. Tadej Pogacar revelou que “há muito Covid-19 a circular nos dias que correm. Tentaram colocar as máscaras nos pódios, atrás do pódio, e acho que muita gente o está a sentir. Da mesma forma que eu senti antes do Tour. Para mim, foi apenas uma doença ligeira, tive apenas dois dias em que me mais em baixo. Porém, se alguém tiver febre ou algo semelhante, o melhor é mesmo parar.“