Entrevista com Miguel Salgueiro, um dos homens mais rápidos do pelotão nacional!
Depois de sprintar com os melhores do mundo na Vuelta a San Juan e fazer 5º lugar na Prova de Abertura, o Ciclismo Mundial esteve à conversa com Miguel Salgueiro (AP Hotels & Resorts – Tavira – SC Farense) para falar um pouco sobre este início da temporada e o que ainda estará por vir!
CM (Ciclismo Mundial) – Quais são as tuas expectativas/objetivos para esta temporada?
MS (Miguel Salgueiro) – O ano passado foi um ano de iniciação na nova equipa, onde os objetivos principais eram ajudar a equipa ao máximo, e este ano tenho objetivos ligeiramente diferentes. Gostava de conseguir a minha primeira vitória como profissional e ser útil para a equipa alcançar vitórias.
CM – Este ano tiveste a oportunidade de abrir a temporada mais cedo, correndo na Vuelta a San Juan. Quando lá chegaste, sentiste que estavas pronto? Tinhas algum objetivo em concreto?
MS – A Vuelta a San Juan para nós era uma corrida para começarmos a ganhar ritmo competitivo para a época em Portugal. Claro que sendo uma corrida daquela importância não podemos apenas ir para fazer número, temos de tentar ser interventivos na corrida, como entrar em fugas. Só treinámos 2 dias na Argentina antes da primeira etapa, enquanto as equipas WorldTour já estavam lá há muito mais tempo, cerca de 7 a 10 dias, e esse tempo a mais foi importante para se habituarem às temperaturas elevadas, coisa a que não estamos habituados nesta altura do ano. Corre-se também sempre a mais alguma altitude do que em Portugal, e isso faz muita diferença. Nos primeiros dois dias de corrida, o objetivo foi passar a etapa o mais tranquilos possível, adaptar o corpo ao calor e à altitude, e daí para a frente começámos a mudar um pouco os objetivos e tentar meter gente na fuga, e eu tentei fazer o melhor possível nas chegadas ao sprint.
CM – Depois de teres o 21º lugar como o melhor resultado num final ao sprint, sentes-te realizado ou tinhas vontade de fazer mais?
MS – Naquele nível com equipas WorldTour e ProTeams, que têm bons comboios para aquele tipo de chegadas, era difícil eu sprintar sozinho, embora tivesse a ajuda do Delio. Nos últimos 3km eu tinha de me desenrascar, tentar a melhor colocação possível, porque meter-me no meio daqueles comboios sozinho não é fácil, por isso ficar à porta do top20 agradou-me. Mesmo assim, um dos meus objetivos era tentar chegar nos 15 primeiros, mas fico contente na mesma com a minha prestação.
CM – Estando contente com a performance individual, a nível coletivo também correu tudo conforme o plano da equipa?
MS – A nível coletivo tivemos o azar de perder o Alvaro Trueba na segunda etapa, que devido a uma queda partiu a clavícula, e teve de abandonar. Ele era o nosso homem que, na teoria, estaria mais bem preparado para o início da época, e seria o nosso líder de equipa para a Vuelta a San Juan, principalmente para a chegada em alto (etapa 5 – Alto del Colorado). Era com ele que contávamos para estar o mais à frente possível na classificação geral, e ao perdê-lo tivémos de adaptar um pouco a estratégia e mudar de objetivos, porque ao perdermos o Alvaro perdíamos assim o objetivo da geral, e passámos então a integrar corredores nas fugas.
CM – Depois de já teres somado kms na Argentina, vieste para aquela que foi a 1ª prova do ano para a maioria dos corredores, onde acabaste no 5º lugar. Será que te veremos a disputar mais provas e até a vencer esta época?
MS – Eu espero que sim. O meu objetivo este ano é que todas as corridas se adaptem a mim, especialmente as corridas de 1 dia que temos em Portugal, e mesmo algumas corridas por etapas, com perfil que se adeque a mim, pois quero estar na discussão de várias corridas este ano, e se puder ganhar uma ou mais, assim o farei.
CM – Qual a tua preparação para a Figueira Champions Classic? Tens já algum objetivo definido? (Mesmo não estando inicialmente no seu calendário, irá substituir o lesionado Alvaro Trueba)
MS – Objetivo para já não tenho nenhum, porque ainda não sei o que é que a equipa vai querer que eu faça na corrida. Este fim-de-semana apanhei um pouco de frio, e então esta semana tenho andado constipado, estou a melhorar dia-a-dia, embora ainda não esteja a 100%, mas penso que no fim-de-semana estarei totalmente recuperado. No domingo irei cumprir o que a equipa me disser para fazer, e as sensações à partida são boas.
CM – Com a manutenção da Volta ao Algarve no teu calendário, o que é que podemos esperar de ti nesta edição?
MS – Ainda não sei ao certo, porque só na corrida é que sei o que é que o meu Diretor Desportivo vai pedir para eu fazer, também ainda não sei ao certo os objetivos da equipa. Pessoalmente, gostava de estar na discussão de um dia ao sprint, principalmente na chegada a Tavira, por ser uma chegada importante para nós, porque é onde está a sede da equipa. Gostava de chegar entre os melhores nesse dia, à semelhança do que fiz em San Juan, e, se possível, andar um dia em fuga também era muito bom.
CM – Para a restante temporada, tens algum sonho que queiras realizar?
MS – Nenhuma corrida em específico. Mas como disse, o meu objetivo este ano é vencer a minha primeira corrida como profissional.
CM – Ainda quero referir uma corrida que se adapta ao teu perfil, onde conseguiste um bom lugar o ano passado, a Clássica da Arrábida, que fechaste em 6º. Mesmo com a presença de ProTeams, tens a intenção de lutar pela mesma e eventualmente vencer a prova este ano?
MS – Sim, sem dúvida. É uma corrida que está no meu calendário por agora, que se tudo correr bem a irei fazer e gostaria de estar na discussão pela vitória. Vêm muitas ProTeams, que trazem muitos ciclistas bons e que podem estar todos na discussão da corrida, mas vamos esperar para ver como a corrida corre e ver o que é que é possível fazer.
Muito obrigado ao Miguel Salgueiro pela disponibilidade em nos ceder um pouco do seu tempo para ser entrevistado! Boa sorte para o resto da temporada e vemo-nos em breve!