Antevisão à Volta a Portugal da Glassdrive – Q8 – Anicolor com Ruben Pereira e Frederico Figueiredo!
A corrida mais aguardada na estradas Portuguesas está a chegar, e para vos trazer todos os detalhes e curiosidades dos principais protagonistas, fomos à procura de falar com os próprios para tentar perceber quais os seus objetivos e ambições para a 84ª edição da Volta a Portugal!
A primeira equipa a ser entrevistada foi a formação que dominou a Volta a Portugal da época passada, a Glassdrive – Q8 – Anicolor. Para entendermos um pouco como está a preparação e a mentalidade da formação de Águeda, a equipa do Ciclismo Mundial esteve à conversa com o Diretor Desportivo da equipa, Rúben Pereira, e com o segundo classificado de 2022, Frederico Figueiredo.
Ciclismo Mundial (CM): Olhando para a temporada que a equipa tem vindo a fazer, qual a ambição que levam para a Volta a Portugal?
Rúben Pereira (RP): A ambição da Volta é tudo aquilo que temos feito ao longo do ano, tentar disputar a corrida. Não há vencedores antecipados, e existe uma concorrência, como as outras equipas portuguesas, que também se preparam para aquele que é o grande objetivo da época. Penso que existem outras figuras que podem vir a ser importantes na corrida, embora tenhamos de nos assumir como um dos candidatos à vitória final. Também há outras equipas que têm responsabilidades na corrida e que também se reforçaram este ano, tendo em vista a Volta a Portugal, e acho que também chegou agora o momento de terem protagonismo na corrida.
CM: Fred, a tua temporada tem sido boa, com vitórias na Clássica das Aldeias do Xisto e na última etapa do Grande Prémio de Torres Vedras, para além de outras vitórias em classificações secundárias e bons resultados em classificações gerais. Acreditas que na Volta vais manter a forma e vencer alguma etapa?
Frederico Figueiredo (FF): Sim, é para isso que nós temos trabalhado muito este ano. A nossa equipa trabalhou muito para estarmos em grandes condições para a Volta a Portugal. Penso que é o objetivo da época e o qual todas as equipas ambicionam estar muito bem, e eu não vou ser exceção. Quero-me encontrar bem, e agora se vai ser para ganhar alguma etapa será a corrida a ditar isso. O que interessa é trabalharmos da melhor forma possível, desfrutar da corrida, porque todo o trabalho feito irá ter resultados certamente.
CM: O plantel da Glassdrive é incontestavelmente o melhor das equipas da Volta, e o grande favoritismo e foco voltam a estar em vocês. Sentem-se pressionados e capazes de repetir um feito como o do ano passado?
RP: Até acho que tira bastante pressão, derivado à qualidade dos ciclistas que nós temos e daquilo que temos feito ao longo deste ano. Como é óbvio, trabalhámos afincadamente para a Volta, com muita disciplina e muito rigor, muito trabalho que não se vê fora dos bastidores para chegar na melhor condição. Temos a noção da nossa responsabilidade na corrida, isso é algo que nunca vamos negar. Temos os corredores mais fortes, temos um bloco muito coeso, mas, como digo, temos de ter um olhar muito mais abrangente a nível nacional e o pelotão nacional não se pode resumir só à Glassdrive – Q8 – Anicolor. Há equipas que têm que tentar estar mais em evidência, sentir a pressão da Volta, porque foi para isso que elas se reforçaram, alteraram os seus plantéis. Acredito que nós somos uma das equipas candidatas à vitória final.
CM: Tendo em conta a presença de três finais em alto na Volta, há algum que tu já tenhas em mira ou em especial atenção?
FF: A Volta acaba por não mudar muito do figurino que tem sido nos últimos anos, com a Serra da Estrela, Senhora da Graça, Montalegre, Guarda. São basicamente esses os dias decisivos. Penso que a Serra ao quinto dia, sendo uns dias mais tarde que nos anos anteriores, pode ser algo decisivo, porque já temos mais alguns dias de corrida, mas são etapas que eu gosto, que encaixam nas minhas características, por isso não há que ter medo delas, porque se não queremos ter pressão, também não podemos querer ser ciclistas, porque a pressão faz parte de nós próprios.
CM: Tendo várias opções para a Volta, como o Frederico Figueiredo, o Artem Nych, o Maurício Moreira e o James Whelan, será a estrada a escolher o líder ou há algum corredor que parte destacado?
RP: Os sete corredores partem destacados. Acima de tudo, o que é importante é que ganhe a Glassdrive – Q8 – Anicolor e que seja uma corrida bem disputada. Esse será o nosso objetivo! A nossa vantagem é termos bastantes opções, para que seja uma corrida muito disputada, como foi o ano passado, como foi em 2021 e como acredito que será este ano. A corrida vai desenrolar-se e certamente iremos proporcionar um bom espetáculo, mas as regras do jogo serão ditadas pela própria estrada.
CM: Depois de no ano passado teres acabado a Grandíssima num honroso segundo lugar, este ano gostavas de tentar erguer o troféu em Viana?
FF: A essa pergunta qualquer ciclista vai dizer que gostava de o erguer, isso é normal. É o mesmo que perguntar a qualquer ciclista se ele quer ser campeão nacional, e todos respondem diretamente que sim, mas não estou preocupado se vou ser eu a ganhar ou se vai ser outro colega a ganhar, e como o Rúben diz, o que interessa é ganhar a Glassdrive – Q8 – Anicolor. O resto é o resto, porque não podemos estar a pôr os nossos objetivos pessoais à frente dos objetivos da equipa, se calhar se eu fosse mais jovem poderia pensar assim, porque os jovens são mais irreverentes, mas chega uma altura na carreira em que se não formos nós a ganhar, que ganhe um colega de equipa e ficamos contentes. É claro que gostava de levar um troféu desses para casa, um dia, mas se também não levar, ninguém morre por causa disso.
CM: Após a Volta, a equipa terá mais algum foco, como o Grande Prémio Jornal de Notícias? E para 2024, a equipa tem alguma intenção de correr no estrangeiro?
RP: Ainda está a Volta por disputar, e estamos muito focados nesse objetivo. Mas como é óbvio o JN é uma corrida de grande nível, que este ano tem um figurino bastante diferente dos outros anos, que abre um maior leque de candidatos à vitória, e ainda temos a intenção de fazer uma corrida no estrangeiro este ano. Para 2024, nós temos o objetivo de correr no estrangeiro! Este ano não foi possível, devido ao número de corridas a nível nacional, e porque no início do ano tivemos alguns corredores lesionados e acabou por ser difícil duplicar a equipa, mas para além de provas nacionais, queremos estar noutras de grande qualidade, daí termos um programa, que será feito depois do JN, onde em 2024 iremos selecionar e fazer algumas provas no estrangeiro.
CM: Após a Volta ainda há algo a fazer ou mudas logo o teu foco para 2024?
FF: Eu sou um ciclista que não gosta de terminar as épocas muito cedo, porque depois dá muito trabalho para voltar à forma, e tens de treinar mais, tens de te aplicar mais, daí eu gostar de terminar a temporada o mais tarde possível. Se tivéssemos alguma corrida a nível internacional, também era bom, eu gosto desse tipo de corridas, mas também é uma questão que o Rúben já respondeu, que poderá ou não ser uma opção.
Agradecemos ao Rúben Pereira e ao Frederico Figueiredo pela disponibilidade, e o Ciclismo Mundial deseja-vos muito boa sorte para a Volta a Portugal!
Foto: João Fonseca