Wout van Aert vinga-se de Pidcock e dá a dobradinha à Jumbo – Visma na Amstel!
O belga Wout van Aert (Jumbo – Visma) conquistou hoje pela primeira vez na carreira a Amstel Gold Race na sua 55ª edição, batendo num super sprint nos últimos 500m o britânico Tom Pidcock (Ineos Grenadiers), que o havia batido na última quarta na Brabantse Pijl, e o alemão Maximilian Schachmann (Bora – Hansgrohe), que fechou já a 2s do vencedor.
A Amstel Gold Race apresentava uma ligação de 218.6 km, com partida em Valkenburg e chegada em Berg en Terblijt. Seriam 12 voltas a um circuito base de 17km, com passagem pelo Geulhemmerberg (1km a 4.9%), pelo Bemelberg (900m a 4.4%), e ainda pelo emblemático Cauberg (900m a 6.1% e zonas acima dos 10%), um conjunto de dificuldades que prometiam um dia animado, com muitos ataques, como é norma na prova holandesa.
No início da corrida, formou-se a fuga do dia, com a movimentação de 10 corredores: Edward Theuns (Trek-Segafredo), Julien Bernard (Trek-Segafredo), Stan Dewulf (AG2R-Citroën), Sébastien Grignard (Lotto Soudal), Maurits Lammertink (Intermarché-Wanty-Gobert), Loïc Vliegen (Intermarché-Wanty-Gobert), Chad Haga (DSM), Ryan Gibbons (UAE Team Emirates), Kenny Molly (Bingoal Pauwels Sauces WB), e Anders Skaarseth (Uno-X).
O pelotão ia sendo controlado por um aglomerado de camisolas azuis, fruto da presença da Movistar, da Deceuninck-Quick Step, e da Astana na frente do pelotão, com o ocasional apontamento amarelo por parte da Jumbo-Visma. A vantagem dos fugitivos foi crescendo lentamente e, com 100 km para o final, pouco mais de 4 minutos separavam os escapados do grupo principal. Nos km seguintes, essa margem manteve-se relativamente estável.
A 72 km do final, com a fuga a 3:08, dão-se as primeiras movimentações no pelotão, com o ataque de Rob Power (Team Qhubeka Assos) e de Oscar Riesebeek (Alpecin-Fenix), embora sem grande consequência.
A 67 km da meta, volta a Qhubeka à carga, através de Sean Bennett, com o pelotão a alongar na subida ao Cauberg. Começava a ser feita a primeira filtragem no grupo principal e, nos km seguintes em plano, muitos corredores forçaram o ritmo na tentativa de capitalizar as quebras no pelotão.
A 53 km do fim, o pelotão rodava de forma mais tranquila, o que ia permitindo a muitos ciclistas reentrarem no grupo principal. A diferença para a fuga tinha caído consideravelmente em função do ritmo dos km anteriores, situando-se naquele ponto em cerca de 1 minuto e meio.
De seguida, o ritmo aumentou novamente, com a Bahrain, a Team BikeExchange, e outras equipas a mexerem bastante na frente da corrida. Florian Sénéchal ia marcando presença, tentando controlar as operações para a Deceuninck. O pelotão rodava num andamento elevado, alongando bastante pelas estreitas estradas, mas ainda em grande número.
A 45 km do final, com o próprio Primoz Roglic (Jumbo-Visma) a passar na frente do pelotão, apenas 40 segundos separavam o grupo principal da fuga. Nesse ponto, atacou Rui Costa (Team UAE-Team Emirates), com o campeão português a tentar sair com mais alguns corredores, mas o ritmo era elevado e tornava-se muito difícil para quem quer que fosse obter uma margem significativa. Pouco depois, os ciclistas entravam em nova zona muito estreita, o que ajudava os atacantes. Formou-se um grupo de 6 corredores, incluindo Rui Costa, que conseguiu abrir um espaço para o restante pelotão, com Roglic e outros nomes importantes a trabalharem para fechar o espaço. O grupo acabaria por ser alcançado com 35 km para o final. Na frente sobreviva Loic Vliegen, mas já com curta vantagem sobre o pelotão.
A 25 km do final, a fuga era definitivamente eliminada, com os ataques a sucederem-se na frente do pelotão, nomeadamente por parte de Ide Schelling (BORA), que se conseguiu isolar na frente durante alguns km. No pelotão, perseguia a equipa de Rui Costa, a UAE-Team Emirates, e também a Deceuninck, ambas as formações com várias cartas a poderem ser jogadas no final.
A 18 km do fim, ataca Wout Van Aert, com Julian Alaphilippe, Michael Matthews e Tom Pidcock a seguirem o belga. Nesse ponto, sofria um problema mecânico Primoz Roglic, na pior altura possível.
O pelotão seguia completamente despedaçado à entrada da volta final, com 16 km para o final. Na frente, forçava o ritmo a Ineos, com 3 ciclistas bem na frente a imprimir um ritmo forte, que impossibilitava o reagrupar do grupo principal.
A 14 km do fim, ataca um ex-vencedor da prova, Michal Kwiatkowski, com Schachmann a tentar fechar o espaço. Depois foi a vez de outro Ineos, Tom Pidcock.
A corrida estava completamente lançada, ficando na frente um trio bem interessante: Van Aert, Pidcock, e Schachmann, que rapidamente ganhou uma vantagem de 20-25s, enquanto atrás os restantes favoritos se organizavam na perseguição constituindo um grupo com cerca de 25-30 unidades. A vantagem acabou por se reduzir graças ao trabalho da Astana, da Israel e de Mauri Vansevenant da Deceuninck para cerca de 15s, apesar da excelente colaboração do trio da frente, e assim entramos nos 3km finais.
A 2km do final, Schachmann lançou um forte ataque ao trio, mas sem sucesso, já que Pidcock e van Aert o conseguiram seguir muito bem. Mais atrás, Tim Wellens (Lotto Soudal) saltava do pelotão para tentar chegar à frente e ganhava uns metros, mas sem grande sucesso.
O trio começou a marcar-se para a luta pelo sprint no km final, mas van Aert não se importou de assumir a frente para poder lutar pelo pódio uma vez mais. A distância foi caindo e caindo, mas a meta também se aproximou e o trio entrou nos 200m finais para discutir a corrida. Schachmann e Pidcock esperaram por van Aert, mas o belga só lançou o sprint a 150m da chegada, com Pidcock a agarrar rapidamente a roda do belga e a colocar-se ao seu lado nos últimos 50m para um super photofinish que mostro a corrida a ser decidida ao milímetro!
Rui Costa (UAE Team Emirates) terminou em 54º a 2:12, Ivo Oliveira (UAE Team Emirates) não terminou a prova.