Alpecin mete Deceuninck no bolso e Philipsen vence Scheldeprijs!

O belga Jasper Philipsen, da Alpecin – Fenix, venceu a 109ª edição da clássica Scheldeprijs, batendo ao sprint dois ciclistas da Deceuninck – Quick Step, o irlandês Sam Bennett e o britânico Mark Cavendish! A prova acabou por ser decidida por um grupo de 30 corredores que se isolou a meio da jornada, para não mais ser alcançado pelo pelotão.

A edição de 2021 da Scheldeprijs apresentava um percurso de 193.8 km, a ser percorrido entre Terneuzen e Schoten, na província de Antuérpia. O perfil era, como é norma, completamente plano, convidando a um sprint massivo para a decisão do vencedor. Com o adiamento do Paris – Roubaix, esta passava a ser a última clássica do empedrado da Primavera ciclística, dando uma maior importância à prova, que é conhecida como o campeonato do mundo não-oficial dos sprinters.

Logo no início da jornada, o vento fez-se sentir de forma muito intensa, e as equipas da casa, Deceuninck-Quick Step e Lotto Soudal, cedo tentaram tirar partido disso. Com pouco mais de 10 km de corrida disputados, depois de uma queda, o pelotão quebrou, com três “bordures” a formarem-se ao longo das estradas flamengas.

Nos km seguintes, a situação estabilizou e o pelotão reagrupou-se novamente. Estávamos com 150km para o final e ainda sem fuga, numa altura em que se atingia a primeira hora de corrida, disputada nuns frenéticos 50.7km/h. Ninguém queria ser apanhado desprevenido, pelo que o andamento no pelotão era muito elevado, com o grupo a alongar-se de forma expressiva. A tensão era palpável e, a qualquer altura, novas brechas poderiam surgir!

Com 140km para a meta, dá-se nova queda, o que resulta numa nova “bordure”. Alguns corredores acabaram por desistir na sequência da queda, entre eles Ivo Oliveira, da UAE Team Emirates. A equipa perdia uma peça importante do comboio de Alexander Kristoff.

Desta feita, o pelotão não agrupou, ficando na frente um grupo de 13 corredores, incluindo vários sprinters, como Sam Bennett, Pascal Ackermann, Danny Van Poppel, Jasper Philipsen, e Giacomo Nizzolo.

Atrás deles, formou-se um outro grupo, com cerca de 14 ciclistas. Nesse grupo seguiam Tim Merlier e Alexander Kristoff, no entanto, os dois caíram, acabando por ser absorvidos depois pelo pelotão.

Neste segundo grupo seguiam também vários Deceuninck, nomeadamente Mark Cavendish, Florian Sénéchal, e Bert Van Lerberghe, que iam trabalhando para a junção, não obstante terem dois homens no grupo da frente, Sam Bennett e Michael Morkov. O Wolfpack tinha a convicção que teria a ganhar com a junção.

A vantagem dos 13 da frente ainda cresceu até perto do meio minuto, no entanto, a 70km do final, a junção deu-se mesmo, formando-se um conjunto de 30 ciclistas na frente, incluindo cinco da Deceuninck e outros cinco da Bora-hansgrohe. O restante pelotão seguia mais atrás, já com 2 minutos de diferença para os líderes, e nele seguiam muitos dos homens rápidos com aspirações à vitória no dia de hoje, nomeadamente Kristoff, Merlier, ou Elia Viviani.  

A diferença manteve-se nos 2 minutos durante vários km, ficando a ideia clara de que dificilmente iria haver junção com o grupo da frente. Perante os nomes presentes no grupo e a força dos conjuntos, previa-se um duelo Bennett/Ackermann, mas outros nomes perigosos marcavam presença no grupo.

Os setores de pavé sucediam-se, mas, como é regra nesta prova, não representavam dificuldades tão agrestes como aquelas que marcam, por exemplo, a Volta à Flandres. Além disso, o clima ia dando algumas tréguas aos ciclistas, registando-se muito frio, mas sem chuva ou neve, como se chegou a temer.

A 10km do final, o pelotão tinha conseguido diminuir a diferença para os 30 da frente, cifrando-se a margem em 1:25, com a Bingoal e a UAE Team Emirates a despender a maior parte do esforço de perseguição. Neste ponto, começava a chover copiosamente sobre o pelotão, com o sol a sorrir aos homens da frente da corrida! O próprio clima parecia indicar quem tinha a sorte do seu lado nesta jornada!

Na frente, era Florian Sénéchal quem mais trabalhava, confirmando o excelente início de época que tem vindo a realizar e o peso que representa, neste momento, dentro do Wolfpack.

Florian Sénéchal, da Deceuninck – Quick Step, realizou a grande parte do trabalho no grupo da frente (Foto: Getty Images)

A 4km do final, a diferença entre os dois grupos era de 1:15 e o desfecho da tirada estava traçado. Ainda com Sénéchal a puxar na frente, o grupo mais forte da corrida preparava-se para discutir o sprint em Scholden!

A 3km da meta, Sénéchal finalmente concluiu o seu trabalho, depois de mais de 50km a rebocar o grupo! Logo de seguida, começaram os ataques, mas sem qualquer consequência.

À entrada do km final, surpreendentemente, Cavendish seguia na roda de Sam Bennett! Estaria a Deceuninck a querer apostar no Manx Missile, ou estava confiante que conseguiria fazer a dobradinha nesta prova? A par da equipa belga, seguiam na frente as equipas da Intermarché – Wanty – Gobert e da AG2R Citröen Team, que se preparavam para lançar Danny Van Poppel e Marc Sarreau, respetivamente, com a equipa da Bora tapada.

No entanto, nos 500 metros finais, quem veio para a frente foi a Alpecin – Fenix, colocando as suas carruagens lado-a-lado com o comboio da Deceuninck. O campeão belga Dries de Bondt fez o primeiro lançamento, com o lead-out final a ser de Jonas Rickaert. Na altura de saírem da frente os lançadores e os velocistas esgrimirem argumentos, a Alpecin tinha conseguido ganhar a frente do grupo à Deceuninck! Isso significou que quem saiu na frente para o sprint foi Jasper Philipsen, com os dois homens rápidos da Deceuninck, Sam Bennett e Mark Cavendish a acelerarem logo atrás do belga. A força de Philipsen acabou por ser suficiente para se aguentar na frente, com Sam Bennett a ficar a meia bicicleta da vitória e Mark Cavendish a não conseguir ameaçar os dois melhores da jornada.

Fica a sensação de que a Deceuninck não terá optado pela melhor tática, uma vez que acabou por proteger bastante Cavendish, quando podia ter trocado as duas últimas duas posições do comboio, oferecendo maior proteção e mais chances de vencer a Bennett. Não obstante, Philipsen realizou um sprint irrepreensível e pleno de força e há que lhe dar todo o mérito nesta grande vitória!

Jasper Philipsen e a Alpecin foram mais forte do que a Deceuninck no sprint final (Foto: Getty Images)

Este triunfo representa também mais uma mostra de grande qualidade por parte da Alpecin – Fenix, uma equipa que não pertence ao World Tour, mas que disputa cada corrida a um nível muito elevado, colecionando já muitas vitórias através de ciclistas como Philipsen, Merlier, e Mathieu Van der Poel.

Um dos derrotados do dia acaba por Pascal Ackermann, em conjunto com a sua Bora – hansgrohe, não indo além do 6º posto na jornada, pese o trabalho que a formação alemã realizou durante toda a jornada.

Quanto aos portugueses presentes nesta clássica, José Gonçalves e os gémeos Oliveira, nenhum deles terminou a prova.

Pódio final da 109ª Scheldeprijs (Foto: Luc Claessen/Getty Images)

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