Dia de Páscoa com surpresa! Kasper Asgreen vence o Tour de Flandres!
O dinamarquês Kasper Asgreen (Deceuninck – QuickStep) venceu esta tarde o segundo Monumento do ano, a Ronde van Vlaanderen, o mítico Tour de Flandres, este ano com 254km entre Antuérpia e Oudenaarde, batendo inacreditavelmente ao sprint o Campeão Holandês e vencedor de 2020, Mathieu van der Poel (Alpecin – Fenix). O terceiro lugar foi para o belga Greg van Avermaet (AG2R Citroen Team), que chegou já a 20s do vencedor.
Dia de Tour de Flandres, dia de espetáculo de clássicas, dia de grande Monumento Flamengo em dia de Páscoa. A corrida prometia, e trouxe-nos um dia recheado com uma bela prova, que pela negativa também ficou marcada por alguma polémica. Os 254km começaram com a rápida formação de uma fuga de 5 elementos, composta por Stefan Bissegger (EF Education – Nippo), Mathias Norsgaard Jorgensen (Movistar), Jelle Wallays (Cofidis), Fabio Van Den Bossche (Sport Vlaanderen Baloise) e Mathijs Paasschens (Bingoal – WB).
A polémica instaurou-se quando Yevgeniy Fedorov (Astana – Premier Tech) apertou fortemente os seus travões na frente do pelotão sem motivo algum aparente para tal, e por pouco não atirou Otto Vergaerde (Alpecin – Fenix) ao chão. Os comissários decidiram expulsar os dois ciclistas da corrida logo no seu início, e assim impedir que a situação desse para asneira. Com a fuga ainda perto, Hugo Houle (Astana – Premier Tech) e Nico Denz (Team DSM) fizeram a ponte para a frente e o grupo de 7 formou a fuga do dia.
O pelotão esteve maioritariamente controlado pela Jumbo – Visma, com Edoardo Affini ao comando desde cedo, mantendo um ritmo tranquilo durante os primeiros 90km, o que permitiu à fuga alcançar 12 minutos de vantagem. A 150km do final, a QuickStep começou a surgiu na frente, assim como a Alpecin – Fenix, e o motor de Tim Declercq (Deceuninck – QuickStep) juntou-se a Affini na perseguição. A dupla foi começando a remover tempo aos adversários, mas só com as grandes acelerações é que a corrida animou.
A vantagem da fuga foi caindo progressivamente, sob o ritmo de Declercq, e nos últimos 120km a animação começou efetivamente. Nils Politt e Marcus Burghardt (Bora – Hansgrohe), Christophe Laporte (Cofidis) e Sonny Colbrelli (Bahrain Victorious) sofreram com problemas mecânicos a 118km da chegada, e pouco depois deu-se o grande momento de polémica da corrida. O suíço Michael Schar (AG2R Citroen Team) foi desclassificado após ter sofrido uma avaria e ter atirado um bidon para o público, o que é ilegal à luz das novas regras, e o assunto certamente terá tema para várias horas de hoje e dos próximos dias.
A 90km da chegada, na subida ao Molenberg a QuickStep surgiu na frente do pelotão e aumentou o ritmo, provocando assim o primeiro choque de velocidade numa subida em empedrado. Rapidamente em 2 ou 3km se retirou mais 1min à frente da corrida e a vantagem dos escapados baixou pela primeira vez dos min. Os ataques das segundas linhas aconteceram, com Davide Ballerini (Deceuninck – QuickStep), Nathan van Hooydonck (Jumbo – Visma) entre outros a ganharem cerca de 15-20s ao pelotão, o que só permitiu que a fuga visse o seu tempo cair, já que o ritmo se manteve sempre alto.

Soren Kragh Andersen (Team DSM) atacou na subida ao Kanarieberg, a 70km do final, e a corrida começou finalmente a partir. Peter Sagan (Bora – Hansgrohe) e Oliver Naesen (AG2R Citroen Team) foram os primeiros candidatos a ceder, e dentro dos outsiders foi Michael Matthews (Bora – Hansgrohe) a passar um mau bocado. A segunda passagem pelo Oude Kwaremont, a 56km do final acabou por fazer o resto das decisões. Stefan Kung (Groupama – FDJ) acabou por ficar fora após uma queda e não mais chegou à frente de novo.
Foi com Asgreen, Tim Wellens (Lotto – Soudal) e Alaphilippe que os cortes surgiram, e a eles rapidamente se juntaram Wout van Aert (Jumbo – Visma) e Mathieu van der Poel. O grupo rapidamente se juntou, e na passagem pelo Paterberg logo a seguir, foram Wellens e Tom Pidcock (INEOS Grenadiers) a arrancarem. Anthony Turgis (Total Direct Energie) e Jasper Stuyven também conseguiram seguir e a Bahrain Victorious surpreendeu com as presenças de Marco Haller e Dylan Teuns.
Alaphilippe atacou no Koppenberg, a 46km da chegada, apanhando o último dos fugitivos, Bissegger, e formando um grupo de 7 elementos na frente na companhia de Poel, Aert, Asgreen, Alaphilippe, Haller e Teuns. Os favoritos voltaram a juntar-se, mas o Taaienberg voltou a partir toda a gente, com Asgreen, Poel, Aert e Alaphilippe a ganharem vantagem perante os adversários. Haller e Teuns juntaram-se a eles e assim seguiram, mas por pouco tempo. Turgis ficou no grupo perseguidor, mas quando perceber que eles não iriam lá chegar, lançou-se em solitário, e rapidamente chegou à frente da corrida. Haller ainda tentou atacar de novo, mas sem sucesso, e a decisão aconteceu quando Asgreen atacou a 27km do final, logo após o Kruisberg, enquanto Matteo Trentin (UAE Team Emirates) furava e ficava definitivamente fora da discussão. Poel e Aert apanharam a roda do dinamarquês e assim seguiram sem resposta dos restantes.
O trio colaborou em, e rapidamente ganhou 20s de vantagem, enquanto os perseguidores se voltavam a juntar, na tentativa de chegarem à frente de novo. Na última passagem pelo Oude Kwaremont, e numa fase em que parecia estar a passar pior, Van der Poel atacou e deixou para trás todos os seus adversários, mas Asgreen manteve-se sempre à vista e conseguiu alcançar o holandês na fase plana logo a seguir, enquanto van Aert estava mesmo a passar por dificuldades e via a vitória escapar-se por entre os dedos. Turgis e van Avermaet voltaram a tentar escapar, mas sem sucesso, e a perseguição permaneceu junta após um dificílimo setor, que acabou por eliminar Wellens, Alaphilippe e Valentin Madouas (Groupama – FDJ) que fez também uma excelente exibição.
O Paterberg acabou por não fazer diferenças para o duo, mas van Aert passou por imensas dificuldades, acabando por fazer a parte mais difícil aos S, e consequentemente perder mais tempo. O duo estabeleceu uma vantagem que andou entre os 25-30s, com van Aert a ser alcançado pelo grupo, e a gerar ali alguma motivação para a colaboração, que proporcionou que a vantagem caísse para os 20s. Porém, com 3km para o final, e numa fase em que parecia possível voltar a alcançar o duo, toda a gente parou à espera que van Aert fechasse o espaço, e o belga, consequentemente, também parou pois não iria trabalhar para outros.

Avermaet e Stuyven saíram do grupo, e ganharam vantagem, sem que algum dos outros quisesse perseguir, e assim se lançaram ainda na esperança de alcançar o duo na longa reta da meta, já que a paradinha para o sprint era esperada. A desvantagem era já de 35s, e por isso não deu para lá chegarem. Van der Poel fez o último km na frente, num ritmo já mais lento, e lançou o sprint com 200m para o final, com os dois ciclistas a arrancarem ao mesmo tempo. Todavia, e de forma muito surpreendente, o holandês ficou sem forças, viu-se passado por Asgreen e abrandou, entregando a vitória ao dinamarquês que assim conquistou o seu primeiro Monumento!
Na luta pelo terceiro lugar, Avermaet acabou por bater Stuyven e conquistar o terceiro lugar do pódio, enquanto no grupo perseguidor foi Sep Vanmarcke (Israel Start-Up Nation) quem acabou por vencer o sprint pela quinta posição.
Rui Oliveira (UAE Team Emirates) foi o melhor português, chegando em 56º a 4:00 de Asgreen. André Carvalho (Cofidis) foi 111º a 13:00.