Fuga com Nelson Oliveira estraga os planos ao pelotão! Würtz Schmidt leva a etapa!
O dinamarquês Mads Würtz Schmidt, da Israel Start-Up Nation, venceu a 6ª etapa da Corrida dos Dois Mares, num dia em que a fuga teve mesmo o seu sucesso! O pelotão facilitou e o grupo de qualidade que se formou na frente conseguiu prevalecer, usufruindo do terreno sinuoso e de um excelente esforço coletivo para impedir que fossem alcançados. Um dos principais responsáveis foi o português Nelson Oliveira (Movistar), que integrou a fuga, tendo realizado uma boa dose do trabalho de locomotiva durante a jornada. No sprint final, o ciclista luso acabou por acusar o esforço que vinha a despender, embora estivesse sempre em desvantagem perante os ciclistas mais rápidos que integravam a fuga.
A 6ª etapa do Tirreno-Adriático apresentava uma ligação de 169 km, com partida em Castelraimondo e chegada em Lido di Fermo, numa jornada que tinha tudo para ser discutida pelos sprinters.
A fuga do dia foi composta por 6 elementos, entre eles Nelson Oliveira! O português optou por estar presente na fuga, talvez querendo colocar kms nas pernas, antes do contrarrelógio da amanhã. Além do ciclista da Movistar, seguiam na fuga: Jan Bakelants (Intermarché-Wanty-Gobert), Simone Velasco (Gazprom-RusVelo), Brent Van Moer (Lotto Soudal), Emils Liepins (Trek-Segafredo), e ainda Mads Würtz Schmidt (Israel Start-Up Nation), ele que envergava a camisola da montanha, apesar de ser o 3º nessa classificação, usufruindo do facto de Tadej Pogacar levar a camisola azul, símbolo da liderança, e de Mathieu Van der Poel optar por usar a sua camisola de campeão holandês.
A 100 km do final, 6:13 separavam a fuga do pelotão, que ia sendo controlado pela UAE-Team Emirates, que controlava a corrida com dois objetivos em mente, proteger o líder Tadej Pogacar e preparar o sprint de Fernando Gaviria, mas também pela Alpecin-Fenix, com interesse no sprint, à partida para Tim Merlier.
Com 80 km para a meta, e a fuga a 5:43, a Deceuninck e a Total Direct Energie juntavam-se à perseguição.
Depois das altas emoções dos últimos dias, esta foi uma etapa bem mais tranquila e convencional, condizente com as belas paisagens costeiras do circuito final. A 50 km do final, a fuga levava 3:53 de avanço, e o pelotão parecia ter os escapados sob controlo. No grupo principal, juntava-se também a Eolo-Kometa às equipas que iam trabalhando.

No entanto, o percurso do circuito final revelava-se técnico, o que dificultava a tarefa do pelotão em reduzir a desvantagem para a fuga. Com 35 km para a meta, o fosso era ainda de 3:16.
O grupo forte de ciclistas que seguia na frente, no geral bons roladores, ia dando água pela barba ao pelotão. Com 25 km para a meta, a vantagem de 2:46 da fuga fazia soar os alarmes dentro do grupo principal. O ataque de Stefan Kung, que tentou sair do pelotão para alcançar a frente, era sintomático da incapacidade do grupo principal em manter a etapa sob controlo.
A 12 km do final, a diferença era ainda de 2:14, e os fugitivos começavam a acreditar que a vitória era mesmo possível nesta jornada.
A 10 km do final, numa das pequenas inclinações presentes no percurso, Nelson Oliveira forçou o ritmo na fuga, na tentativa de quebrar os restantes elementos, em especial os mais pesados e, teoricamente, mais rápidos numa chegada ao sprint. Liepins perdeu o contacto, mas os restantes elementos conseguiram seguir o português. O homem da Movistar sabia, que numa chegada ao sprint, estaria entre os corredores menos velozes, pelo que teria que tentar fazer diferenças antes dos metros finais.
A 4 km do fim, 1:48 separavam fuga do pelotão, e o grupo principal parecia resignado com a situação de corrida. O jogo do gato e do rato ia começar entre os corajosos da jornada.
À entrada do km final, os ciclistas da fuga entreolhavam-se, cientes que a qualquer altura poderia haver alguma movimentação. Mas a decisão ficou mesmo para a reta da meta. Nelson Oliveira arrancou primeiro, com os restantes elementos a pedalar vigorosamente atrás de si. O mais forte acabou por ser o dinamarquês Mads Würtz Schmidt, levantando os braços sobre a meta, à frente do belga Brent Van Moer e do italiano Simone Velasco. O ciclista lusitano acabou por fechar na 5ª posição da jornada, após um grande esforço durante todo o dia.
O pelotão chegou com 1:09 de atraso, com Tim Merlier (Alpecin-Fenix) a vencer o sprint para o 7º posto, à frente de Davide Ballerini e Elia Viviani. Destaque para Ivo Oliveira, que trabalhou durante toda a jornada e ainda fechou como o melhor da Emirates nesta etapa, na 16ª posição. Quanto a João Almeida, terminou integrado no pelotão, na 23ª posição.
Amanhã disputa-se a última etapa do Tirreno-Adriático, com um contrarrelógio totalmente plano de 10.1 km, corrido em San Benedetto del Tronto. Será um dia de decisões na classificação geral, com Tadej Pogacar (UAE-Team Emirates) como grande favorito a garantir à conquista do Tridente. O esloveno parte para o último dia com 1:15 sobre Wout Van Aert (Team Jumbo-Visma) e 3 minutos sobre Mikel Landa (Bahrain-Victorious).
João Almeida é 7º, a 4:42 de Pogacar, e irá dar o máximo para tentar subir alguns lugares na classificação geral. À sua frente, na luta pelo 3º posto e por uma presença no pódio final da prova, estão Tim Wellens, com uma vantagem de 12 segundos, Matteo Fabbro, 48 segundos, Egan Bernal, 1:12, e Mikel Landa, 1:42.