Asgreen surpreende sprinters na Kuurne-Bruxelles-Kuurne!
O dinamarquês Kasper Asgreen, da Deceuninck Quick-Step, triunfou na 72ª edição da clássica Kuurne-Bruxelles-Kuurne, conseguindo aguentar a vantagem que trazia sobre o pelotão graças a um ataque a 30 km do final. Três segundos depois de Asgreen chegou o pelotão, liderado pelo italiano Giacomo Nizzolo, da NTT Pro Cycling. Em terceiro ficou o norueguês Alexander Kristoff, da UAE-Team Emirates.
A corrida de um dia belga, corrida no dia seguinte à clássica de abertura, a Omloop Het Nieuwsblad, disputou-se ao longo de 201 km e, embora uma chegada ao sprint fosse o cenário mais previsível, dois fatores colocavam essa hipótese em dúvida. Por um lado, a vitória de Bob Jungels (Deceuninck) no ano de 2019, resultante de um ataque que estragou as contas aos homens mais rápidos. Por outro lado, a existência de algumas alterações ao percurso em relação ao ano passado efetuadas pela organização da prova, tornando a corrida mais dura. Perante este perfil menos amigo dos sprinters, alguns nomes preferiram não marcar presença, nomeadamente Peter Sagan (BORA).
A fuga do dia formou-se nos primeiros km da jornada, com cinco ciclistas a destacarem-se: Hugo Houle (Astana), Roy Jans (Alpecin-Fenix), Boris Vallée (Bingoal-Wallonie Bruxelles), Jonas Abrahamsen (Uno-X Norwegian Development Team), e Mikkel Bjerg (UAE-Team Emirates). Este grupo chegou a ter uma vantagem de quase sete minutos sobre o pelotão, o que a determinada altura lançou a dúvida sobre a possibilidade do pelotão apanhar os fugitivos. Cientes das dificuldades em eliminar uma fuga saudável neste tipo de terreno, várias equipas colocaram homens a trabalhar para reduzir distâncias. Em grande destaque esteve Matteo Trentin (CCC Team) que, à passagem por Oude Kwaremont, um dos hellingen mais famosos do percurso, pôs prego a fundo, o que dizimou o pelotão e reduziu distâncias para a frente da corrida. O italiano preparava o terreno para o seu líder, o campeão olímpico Greg Van Avermaet, e conseguiu por momentos quebrar o pelotão em vários grupos. Na frente seguia também Jasper Stuyven, que procurava uma rara dobradinha depois de se sagrar vencedor da Omloop na véspera. No pelotão principal trabalhava a Deceuninck, na tentativa de preparar o sprint para Fabio Jakobsen.
A 30 km do fim, quando a fuga levava ainda alguma vantagem sobre o pelotão que já se encontrava novamente todo junto, a Deceuninck mudou a estratégia, lançando Kasper Asgreen em busca dos homens da frente.
O dinamarquês alcançou os dois sobreviventes da fuga (Jans e Vallée), mas nenhum deles aguentou o ritmo de Asgreen por muitos km. Dentro dos 5 km finais, com apenas oito segundos de vantagem, a sensação era de que o pelotão ia alcançar Asgreen, mas o dinamarquês, destemido, imprimiu sempre um ritmo fortíssimo que lhe permitia acreditar na vitória.
Na reta da meta, com o pelotão em velocidade furiosa atrás de si, o homem da Deceuninck acabou mesmo por vencer, imitando a vitória de Jungels no ano transato e dando mais um triunfo para a sua equipa, o primeiro da época de clássicas, o habitat natural da powerhouse belga.