Yates foi gregário de luxo na vitória de Pogacar! Almeida 6º!
O esloveno Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) venceu a terceira etapa do UAE Tour, na chegada a Jebel Habeef! Adam Yates, que tentou a todo custo “rebentar” com Pogacar, ficou-se pela 2ª posição, depois de indiretamente ajudar, ao nunca sair da frente do esloveno.
Tendo-se agarrado à roda durante grande parte da subida final de 10.8km – onde a mesma dupla lutou há 12 meses atrás -, o campeão do Tour de France utilizou a ligeira descida nos últimos 500m para apanhar Yates desprevenido e ganhar a etapa.
João Almeida deu uma boa réplica daquilo que poderá ser mais uma excelente corrida, cruzando a meta na 6ª posição a 48 segundos de Pogacar e Yates. O Português sofreu muito depois da aceleração de Yates e Kuss, onde só Pogacar não descolou. Depois disso, Almeida geriu a situação juntamente com outros corredores, e fez a maioria da subida a puxar um grupo de 4 a 6 elementos.
Sergio Higuita (EF Education – Nippo) foi o mais rápido do pequeno grupo de perseguição, onde se incluía João Almeida, ficando com a 3ª posição e os 4s de bonificação.
Nas contas pela Geral, João Almeida deixa a 2ª posição, que é agora de Yates, descendo para 3ª, a 20 segundos do britânico e a 1:03 do esloveno. Nas restantes classificações, Pogacar passa a liderar também por pontos, “roubando” a Almeida a liderança. Em sprints intermédios a liderança continua a ser do português, mas passa a ser partilhada com Tony Gallopin (AG2R Citroen Team).
Ruben Guerreiro (EF Education – Nippo) foi 30º na etapa, a 2:40 de Pogacar, e segue agora em 29º na geral, a 12:14 do esloveno.
Em declarações aos jornalistas, Pogacar afirma que a equipa queria a vitória, mas que sabia que seria extremamente difícil.
“Quando a distância sobre o Almeida cresceu, eu quis mantê-la. Penso que o Adam também estava a pensar no mesmo, e no final é super importante que o fosso temporal tenha sido aumentado.
Tadej Pogacar
Pogacar reitera que a corrida não está nem de perto ganha. “Ainda temos quatro etapas. Qualquer coisa pode acontecer nas etapas planas e na última subida. Vai ser uma batalha dura até ao final”.
Como foi a subida final?
No inicio da subida, Gallopin acelerou na fuga do dia, enquanto que Thomas Gendt se deixou ficar e foi rapidamente alcançado pelo pelotão. A UAE, através de Polanc, acelerou também o passo e foi fazendo uma mini seleção do grupo. A 8.3kms, Gallopin foi alcançado e o grupo contava com cerca de 40 corredores.
Corredores como Alexey Lutsenko (Astana – Premier Tech) e Chris Froome (Israel Start-Up Nation) começavam a ficar na corda do grupo, com a surpresa a ser o campeão europeu Giacomo Nizzolo (Qhubeka Assos) bem posicionado. Quilómetros mais tarde, o grupo afinou-se mais, com Alejandro Valverde (Movistar) – um antigo vencedor nesta montanha – a ceder terreno.
A equipa da casa continuou o ritmo alto, com Jan Polanc, Rafał Majka, e Davide Formolo em frente a Pogačar. Polanc encostou com 6.9 km, enquanto a Ineos Grenadiers começava a subir no grupo para demostrar que vinham em força – Rivera, Sosa e Martinez, uma armada colombiana a cavalgar com Adam Yates. Majka subiu o ritmo e Froome estava entre os que perderam contacto, juntamente com Wout Poels (Bahrain Victorious) e Patrick Konrad (Bora – Hansgrohe). A 6 km do fim, Majka encostou, deixando apenas Formolo com Pogačar. Brandon Rivera veio à tona para a equipa britânica, que ainda tinha Ivan Sosa e Dani Martinez com Yates. Martinez logo apareceu na frente e rebentou com o grupo a 5.5 km para o fim. Num piscar de olhos, apenas 11 corredores permaneceram na frente.
Martinez terminou o seu trabalho com 5 km para o fim e foi Sepp Kuss (Jumbo – Visma) quem deu uma breve aceleração, ficando com Yates e Pogačar, isolados dos restantes. Neilson Powless (EF Education – Nippo) avançou até eles, antes de em breve instantes Almeida, Higuita, Emanuel Buchmann (Bora – Hansgrohe), Michael Stork (Team DSM), e Harm Vanhoucke (Lotto Soudal) regressarem conforme o trio abrandava em marcação uns dos outros.
No entanto, o trio inicial logo se mostrou mais forte do que o resto, uma vez que Kuss subiu novamente o ritmo com 4.3 km por correr. Yates colocou então uma enorme aceleração. Pogačar agarrou-se à sua roda, mas Kuss teve de se render. Yates saltou e pontapeou novamente a 3.7 km para o fim. Pogačar manteve-se firme, mas estava claramente a sofrer. O próximo impulso veio 1km depois, e o próprio Pogačar levantou-se do selim para responder numa rampa particularmente íngreme.
Atrás deles, Kuss juntou-se novamente ao pequeno grupo de perseguição, no qual o seu companheiro de equipa Chris Harper estava a tentar encontrar o seu caminho de regresso. Buchmann ainda cedeu algum terreno para o grupo antes de Almeida acelerar e afastar Powless e Vanhoucke, embora o grupo se viesse a reformar novamente já nos 2km finais.
A 1.5 km de distância, Yates e Pogačar estavam a 40 segundos de distância. Yates tentou uma última vez deixar cair o campeão do Tour de France, mas em vão. Um breve momento de descanso revelou-se dispendioso, pois Pogačar deu um murro na frente na descida. Yates produziu uma resposta espirituosa, mas nessa altura já era demasiado tarde.
O nosso João Almeida das grandes pedaladas, continua a brilhar. Haverá dias melhores e nosso campeão vai estar lá para isso. Pedala João.