Tao Geoghegan Hart vence Volta a Itália! João Almeida é 4º!
O britânico Tao Geoghegan Hart, da INEOS Grenadiers, é o grande vencedor da 103ª edição do Giro d’Itália, assumindo a rosa no último dia da competição, ao ser mais rápido que Jai Hindley, da Team Sunweb, no contrarrelógio de Milão! Os dois partiam empatados no topo da classificação para a 21ª etapa, com Hart a confirmar a sua superioridade nesta disciplina sobre o rival australiano.
Quanto a João Almeida (Deceuninck-Quick Step), realizou mais uma grande exibição nesta Volta a Itália, terminando a etapa na 4ª posição, a 41 segundos de Ganna! Simplesmente fantástico o resultado do ciclista das Caldas da Rainha, entre os melhores do mundo da especialidade! E na geral, João Almeida fica mesmo na 4ª posição! O português precisava de ser 23 segundos mais rápido que Pello Bilbao (Bahrain-McLaren) e foi, de facto, 35 segundos mais rápido que o espanhol! É o melhor resultado de sempre de um português na Volta a Itália, superando o 5º lugar de José Azevedo em 2001! Juntem-se 15 dias de rosa e estamos perante uma das maiores prestações de sempre de um português numa grande competição velocipédica, ao nível dos pódios de Joaquim Agostinho no Tour de France ou do título mundial de Rui Costa!
A 21ª e última etapa da 103ª edição do Giro d’Itália apresentava um contrarrelógio individual disputado num percurso plano e urbano de 15.7 km entre Cernusco sul Naviglio e Milão, com a meta colocada na icónica Piazza Duomo.
Tal como no contrarrelógio da 14ª etapa, um dos primeiros tempos de referência foi estabelecido pelo austríaco Matthias Brändle (Israel Start-Up Nation), com 18:27 e 51.1 km/h de média, só que desta vez a marca foi batida rapidamente pelo seu companheiro de equipa, Alex Dowsett, que chegou pouco depois com um tempo de 18:22. E pouco depois, a melhor marca voltou a cair, com um tempo canhão de 17:57 (52.5 km/h), alcançado pelo australiano Miles Scotson (Groupama-FDJ).
Alguns homens fortes do contrarrelógio chegaram de seguida mas não conseguiram bater a marca de Scotson, como os polacos Maciej Bodnar e Kamil Gradek. Depois chegou o belga Victor Campenaerts (NTT), a dar tudo na reta final e conseguindo o novo melhor tempo: 17:48!
Saía depois para a estrada o grande favorito, campeão italiano e mundial de contrarrelógio, já vencedor de três etapas neste Giro, Filippo Ganna (INEOS). Numa posição irrepreensível, o ciclista transalpino disparou pelo percurso na sua espetacular Pinarello dourada! Nas filmagens surgia Campenaerts, sentado na cadeira do vencedor, tirando o chapéu perante o tempo canhão que Ganna vinha fazendo e que não deixava dúvidas que ia fazer o melhor registo no final. O italiano fechou com uma marca incrível de 17:16, 32 segundos mais rápido que o belga, com 54.6 de média horária!
Um dos ciclistas que iniciou pouco depois a sua prova foi Ruben Guerreiro (EF Pro Cycling), exibindo orgulhosamente a sua camisola azul, simbólica da classificação da montanha da Volta a Itália, que ele tão valentemente conquistou.
O tempo de Ganna era simplesmente de outro planeta e dificilmente alguém o iria bater no final da jornada. Aquele que seria talvez o maior candidato a o fazer era o companheiro de equipa do italiano, Rohan Dennis, no entanto, o australiano não fez melhor que o 3º melhor registo na meta, com um tempo semelhante ao de Campenaerts.
Mais tarde, entraram em ação os homens do top 10 da geral, com destaque para a luta pelo 4º posto entre Pello Bilbao e João Almeida e claro pela vitória na Volta a Itália, entre Geoghegan Hart e Hindley. O português fez uma grande prova, passando no ponto intermédio com o 5º melhor tempo, o melhor dos homens da geral. Pello Bilbao passava pouco depois já perdendo 30 segundos para o português, que estava assim no 4º posto da geral virtual!
Em relação à luta pela geral, Hart e Hindley iam fazendo tempos muitos semelhantes, aumentando a tensão e o suspense! Esta podia ser uma volta decidida nos últimos metros de estrada!
João Almeida acabou por fechar com o 4º melhor tempo na meta, 17:57 e 52.5 km/h de média! Mais uma grande exibição do português nesta tão histórica edição do Giro!
Entretanto, Geoghegan Hart começava a ganhar vantagem sobre Hindley, como esperado. Com 25 segundos de diferença a favor de Hart, à entrada do último terço do percurso, estava encontrado o vencedor da 103ª edição do Giro d’Itália.
No final, Geoghegan Hart fechou com o 13º tempo da jornada, a 58 de segundos de Ganna, enquanto Jai Hindley terminou no 38º lugar da tirada, a 1:37. Os 39 segundos de diferença entre os dois são também a margem final entre 1º e 2º da classificação geral!
A etapa fica então para Filippo Ganna, com Victor Campenaerts no 2º posto e Rohan Dennis no 3º, ambos a 32 segundos do italiano. João Almeida foi o 4º a 41 segundos.
Na geral, Hart vence o Giro d ‘Itália, Hindley é 2º a 39 segundos, Kelderman 3º a 1:29, e João Almeida 4º a 2:57. Bilbao, Fuglsang, Nibali, Konrad, Masnada, e Pernsteiner completam o top 10.
Na classificação dos pontos, a malha ciclamino fica para o campeão francês Arnaud Démare (Groupama-FDJ), com 233 pontos contra os 184 de Peter Sagan (BORA-hansgrohe). Refira-se que João Almeida foi o 3º nesta classificação com 108 pontos.
Em termos de camisola azul, representativa do melhor trepador, a vitória foi para o português Ruben Guerreiro (EF Pro Cycling), com 234 pontos contra os 157 de Geoghegan Hart. Grande resultado do Iceman de Pegões, primeiro luso a levar de vencida uma camisola de uma classificação individual numa grande volta!
A classificação da juventude ficou também para o camisola rosa, Hart, com Hindley 2º e João Almeida 3º, enquanto a classificação coletiva ficou também ela para a INEOS, com 22 minutos de avanço sobre a Deceuninck-Quick Step.
Esta é uma Volta a Itália que ficará para sempre ligada à estratégia da Sunweb nas duas etapas de montanha finais, em especial na etapa do Stelvio. Nunca saberemos o que teria acontecido se Hindley tivesse ficado junto a Kelderman nesse dia, mas com muita certeza que o holandês teria perdido menos tempo para Hart do que acabou por acontecer. No contrarrelógio final, Kelderman até acabou por fazer apenas 3 segundos melhor que Hart, mas o estado de espírito não seria certamente o mesmo, após a equipa ter optado por apostar em Hindley. De qualquer forma, Hindley bater Hart no contrarrelógio era uma hipótese muito remota, pelo que a estratégia da Sunweb parece não ter sido a melhor.
E o que dizer da INEOS, que começou o Giro bem, com a vitória e primeira rosa para Ganna, mas logo depois teve um contratempo enorme, com a desistência do líder, Geraint Thomas. Mas a equipa britânica não baixou os braços, encarreirando para três semanas de luxo, coroadas com vitória na geral, vitória na juventude, vitória na classificação por equipas, e triunfos em 7 das 21 etapas em disputa!
Termina assim uma das competições mais especiais para a história do ciclismo português. Levámos apenas dois ciclistas mas brilhámos a um nível altíssimo! As expetativas existiam, claro, sobre a participação de João Almeida, que poderia lutar por um top 10, e de Ruben Guerreiro, que iria lutar por uma etapa, mas passadas 3 semanas, o pecúlio nacional é assombroso: 15 dias de rosa, 4º lugar na geral final, uma etapa, vitória na classificação da montanha, e muito espetáculo pelo caminho!
Luís Silva venceu a etapa final do Passatempo, mas Henrique Silva confirmou a vitória final com as pontuações das classificações gerais!
A equipa ideal seria composta por Vincenzo Nibali, Jakob Fuglsang, Wilco Kelderman, Arnaud Demare, Peter Sagan, João Almeida, Tao Geoghegan Hart e Jai Hindley!