Hirt conquista maior vitória da carreira! Almeida defende-se e top4 fica muito definido!
O checo Jan Hirt (Intermarche – Wanty – Gobert) venceu a 16ª etapa do Giro d’Italia, uma ligação de 202km entre Salo e Aprica, com três contagens de montanha de primeira categoria, a última das quais a 6km da meta. Chegando a solo, Hirt bateu Thymen Arensman (Team DSM) por 7s, com Jai Hindley (Bora – Hansgrohe) a vencer o sprint do grupo dos favoritos, 1:24 depois.
Em dia de uma grande etapa de montanha neste Giro d’Italia, a batalha inicial pela fuga do dia voltou a imperar, com muita indefinição até à entrada para a primeira subida. Um primeiro grupo com Mathieu van der Poel (Alpecin – Fenix), Mark Cavendish (Quick-Step Alpha Vinyl), Pascal Eenkhoorn (Jumbo – Visma), Nans Peters (AG2R Citroen Team), Thomas de Gendt (Lotto Soudal) e Christopher Juul-Jensen (BikeExchange – Jayco) chegou a ter 50s de vantagem sobre o pelotão, mas a entrada na primeira subida do dia acabou por ser o fator de decisão da fuga do dia. O grupo partiu-se e outros ciclistas foram chegando à frente.
Só ao km 48 é que o grupo que viria a compor a fuga se formou, com Wout Poels (Bahrain Victorious), Filippo Zana (Bardiani – CSF – Faizane), Wilco Kelderman e Lennard Kamna (Bora – Hansgrohe), Guillaume Martin (Cofidis), Mattia Bais (Drone Hopper – Androni Giocatolli), Hugh Carthy (EF Education – EasyPost), Lorenzo Fortunato (EOLO – Kometa), Jan Hirt e Lorenzo Rota (Intermarche – Wanty – Gobert), Koen Bouwman e Pascal Eenkhoorn (Jumbo – Visma), Sylvain Moniquet (Lotto Soudal), Alejandro Valverde (Movistar), Mauri Vansevenant (Quick-Step Alpha Vinyl), Simon Yates e Christopher Juul-Jensen (BikeExchange – Jayco), Thymen Arensman e Christopher Hamilton (Team DSM), Giulio Ciccone e Dario Cataldo (Trek – Segafredo) e ainda Davide Formolo (UAE Team Emirates).
Durante a subida a Goletto di Cadino, a diferença do grupo para o pelotão foi crescendo lentamente, com Ben Tulett e Jhonatan Narvaez (Ineos Grenadiers) a controlarem a diferença e a trabalharem para eliminar alguns dos gregários dos principais rivais. Cataldo trabalhou durante toda a subida e Ciccone aproveitou para conquistar os 40pts para a classificação da montanha, deixando Bouwman na segunda posição após um grande sprint! Já na descida, Bais e Kelderman tiveram problemas e acabaram por ficar cortados, mas o grupo também se partiu, com Poels, Kamna, Rota, Bouwman, Valverde, Arensman, Hamilton e Cataldo a ficarem na frente com quase 1:00 de vantagem sobre os adversários. O pelotão aproveitava o vale até ao Mortirolo para respirar, com os líderes a pararem todos para necessidades fisiológicas.
A subida ao Mortirolo começou por ser trabalhada pela Ineos no pelotão, mas foi a Astana a assumir o trabalho na segunda metade, preparando um ataque de Vincenzo Nibali. O pelotão reduziu-se rapidamente e alguns dos líderes ficaram isolados, como foi o caso de João Almeida (UAE Team Emirates). Nos escapados, Ciccone tentou fazer a ponte para a frente, mas não conseguiu, enquanto Carthy e Hirt o conseguiram fazer, apesar de o grupo ter perdido Hamilton, Rota e Cataldo. Bouwman foi o primeiro a passar no alto e colocou-se com uma vantagem muito confortável no topo da classificação dos trepadores.

A descida do Mortirolo começou com um forte ataque de Nibali, mas Carapaz controlou à distância e todos os favoritos seguiram atrás dele. Domenico Pozzovivo (Intermarche – Wanty – Gobert) foi o único afetado com uma queda, enquanto João Almeida recebeu a preciosa ajuda de Davide Formolo para uma difícil descida. O grupo reduziu-se a apenas 10 elementos, mas com a entrada no vale até à subida do sprint intermédio voltou a ganhar unidades com os gregários a reentrarem, assim como Pozzovivo. O grupo intermédio acabou por abdicar de lutar pela etapa, percebendo que já não chegava à frente e deixou o pelotão aproximar-se.
Foi já na subida para o sprint intermédio bonificado de Teglio que o grupo intermédio foi absorvido pelo reduzido pelotão, com um grande trabalho de Joe Dombrowski (Astana Qazaqstan Team), enquanto Koen Bouwman perdia o contacto na frente. Quando o homem da Astana terminou, a Bahrain Victorious assumiu o trabalho com Domen Novak e Santiago Buitrago, e a diferença para a fuga rapidamente passou de 5min para os 3:30! João Almeida voltou a ficar sem colegas de equipa, desta feita de vez.
Kamna acabou por vencer o sprint intermédio e atacou para ganhar em descida uma grande vantagem sobre Valverde, Hirt, Arensman, Poels e Carthy, arrancando para uma possível vitória de etapa. O alemão entrou na subida a Santa Cristina com mais de 40s de vantagem e parecia ter já a vitória na mão. Na perseguição, Poels abria para o lado e esperava pelo pelotão para dar uma ajuda, enquanto o ritmo da Bahrain fazia diferenças e selecionava o já curto grupo. Apenas a Bahrain e a Ineos ficavam com gregários, enquanto Almeida, Nibali, Pozzovivo e Jai Hindley (Bora – Hansgrohe) ficavam sozinhos, com Emanuel Buchmann (Bora – Hansgrohe) também descolar perante o forte ritmo. Na perseguição, Arensman atacava e seguia a solo, enquanto Hirt esperava mais uns metros para fazer a sua investida, mas seguia já com quase 30s de atraso para o neerlandês e 1:05 para Kamna.
O ritmo de Buitrago era elevadíssimo e toda a gente estava em claras dificuldades no grupo dos favoritos. Com 11.7km para o fim foi Pozzovivo a ceder, deixando João Almeida como o último elemento do grupo. O colombiano abriu a 11.4km do fim, e foi Poels a assumir o ritmo, aumentando ainda um pouco mais o andamento. Richie Porte foi o seguinte a passar por dificuldades, acabando por descolar a 11km do fim, enquanto na perseguição à dianteira era Alejandro Valverde a não conseguir seguir o ritmo de Hugh Carthy. João Almeida subida no grupo dos favoritos e percebia que era o momento para se agarrar e não descolar pois os ataques estavam próximos.
A 10.5km do fim, Pello Bilbao caiu na subida, com João Almeida e Jai Hindley a serem forçados a colocar o pé no chão, mas sem consequências para os dois ciclistas que se encontram no pódio da geral. O grupo abrandou para que toda a gente pudesse reentrar, mas logo que todos se juntaram, Poels aumentou o ritmo de novo. A 10km da meta, Hirt alcançava Arensman, estando os dois a apenas 20s de Kamna para voltarem a sonhar com a vitória. Carthy estava a 1:00 e o grupo dos líderes a 2:40.
A 9.8km do fim, Valverde voltava a alcançar Carthy e seguia no seu ritmo para não entrar em choque. No grupo dos favoritos, Bilbao abria para o lado com uma grande aceleração de Wout Poels, e João Almeida descolava na roda de Vincenzo Nibali perante uma grande aceleração de Poels. Landa atacava, com Carapaz e Hindley a serem os únicos capazes de o seguir. O português e o italiano seguiam a ritmo e mantinham o trio à vista, a apenas 10s de distância.

A 8.6km do fim, Arensman e Hirt alcançaram Kamna, e rapidamente passaram o alemão com um grande ataque de Arensman seguido com algum esforço por Hirt. João Almeida e Nibali alcançavam Landa, Carapaz e Hindley, mas o australiano acelerou para não permitir que o português chegasse ao grupo. Nibali passava por maiores dificuldades e não conseguia seguir Almeida. Carapaz atacava, mas ninguém se conseguia distanciar e Almeida estava uns metros atrás, assistindo de cadeirão a todas as movimentações. O trio trabalhava para ganhar segundos a Almeida, mas a resiliência do português mostrava-se a um nível enorme, com o líder da juventude a nunca desistir de os alcançar!
Na frente, a 7.5km do fim, Hirt atacava Arensman e ficava isolado na frente, com o neerlandês a não conseguir seguir o checo na roda. A diferença ia-se abrindo entre os dois e o checo encaminhava-se para um grande triunfo, a apenas 1.3km do topo da mais difícil subida do dia. No grupo dos favoritos, Almeida permanecia uns metros atrás, enquanto vários elementos da fuga eram alcançados. O trabalho do trio parecia estar a distanciar o português, mas o facto de todos se manterem à vista ajudava a que Almeida continuasse a acreditar!
Os imensos adeptos na estrada ajudavam os ciclistas a ganharem força até chegarem ao topo da subida, e Almeida não era exceção. O português acreditava que podia chegar ao trio e todos os portugueses sofriam com mais uma exibição monstruosa do nosso jovem talento. Kamna ainda dava uma ajuda a Hindley e companhia, mas Almeida tinha o grupo à vista e dava tudo para fechar o espaço para o trio. Hindley, Landa e Carapaz cruzavam o topo com Valverde, mas João Almeida estava logo atrás, 15s depois, e acreditava que podia chegar à frente, enquanto Carapaz assumia a frente do grupo.
A descida até à meta revelou-se técnica e perigosa, com Hirt a perder terreno para Arensman e a evitar duas quedas que lhe poderiam ter retirado a vitória. Ainda assim, o checo conseguiu manter 10s de vantagem e entrava no falso plano final com a vitória em vista. Arensman ainda tinha Hirt no radar, mas já não iria conseguir alcançar o checo, que alcançou assim a maior vitória da sua carreira! Arensman foi segundo, a apenas 7s, e a luta pela terceira posição ficou para os homens da geral. Todos abrandavam em busca de conquistarem os 4s de bonificação, e isso permitia que Almeida fosse fechando o espaço. Quem se lançou para o sprint foi Valverde, mas o espanhol já não tinha pernas e foi Hindley a passar na meta em terceiro, garantindo 4s de bonificação, 1:24 depois do vencedor. Hindley era quarto, Valverde quinto e Landa sexto, enquanto João Almeida fechava em oitavo, atrás de Lennard Kamna, ambos a 1:38 do vencedor.
Com os resultados do dia, Carapaz mantem a liderança da geral, agora com apenas 3s sobre Hindley, mas com 44s sobre Almeida e 59s sobre Landa. Nibali é quinto, já a 3:20. O português lidera a classificação da juventude, mas está em posição de pódio, que é o seu principal objetivo! Koen Bouwman mantém a liderança da classificação da montanha e Arnaud Demare (Groupama – FDJ) da classificação por pontos.
Rui Costa (UAE Team Emirates) foi 66º, a 33:32 e Rui Oliveira 153º a 53:11.