Maurício trama tática quase perfeita da W52 em espetáculo deprimente dos adeptos portugueses!
O uruguaio Maurício Moreira (Efapel) venceu a nona etapa da 82ª Volta a Portugal, uma ligação de 145.5km entre Boticas e Mondim de Basto, com a mítica chegada à Sra. da Graça, batendo a dupla da W52 – FC Porto de Amaro Antunes e Joni Brandão, por 8s e 14s, respetivamente, para deixar a decisão da Grandíssima para o contrarrelógio individual de amanhã em Viseu!
Dia de etapa rainha da Volta a Portugal, com chegada à Senhora da Graça e passagem pelo Alto do Barreiro, na Barragem do Alvão, que compunham as duas maiores dificuldades da jornada. Os ataques começaram bem cedo, com Rafael Reis (Efapel), Joaquim Silva e Pedro Pinto (Tavfer – Measindot – Mortágua), Roniel Campos (Louletano – Loulé Concelho), Vicente Garcia de Mateos e Bruno Silva (Antarte – Feirense), Aleksandr Grigorev (Atum General / Tavira / Maria Nova Hotel) a ganharem 10s ao pelotão ainda com apenas 3km percorridos. Rapidamente Juan Diego Alba (Movistar) e Luís Mendonça (Efapel) fizeram a ponte e assim se compôs a fuga do dia.
O pelotão foi dando uma pequena margem aos escapados, mas nunca os deixando sequer sonhar com a vitória de etapa. Mendonça foi o primeiro a ceder, logo ao km 17, na quarta categoria de Sabroso de Aguiar. Bruno Silva passou na frente, na defesa da camisola da montanha.
A diferença dos escapados aumenta muito ligeiramente com o passar dos kms, e com um ataque de Vicente Garcia de Mateos, era Pedro Pinto a descolar e a deixar a frente com sete ciclistas ao km 45, com a vantagem a estabilizar por volta dos dois minutos.
Rafael Reis seria o primeiro a passar nas duas primeiras Metas Volantes do dia, em Pedras Salgadas e Vila Real, e garantiria assim a vitória virtual na classificação por pontos, bastando-lhe para isso terminar o contrarrelógio de amanhã em Viseu.
Bruno Silva voltou a passar na frente na terceira categoria de Torgueda, ao km 70.8, e na quarta categoria de Velão, ao km 80.5, ficando a apenas três pontos de garantir a vitória virtual na classificação dos trepadores. Na passagem pela zona acidentada a meio da etapa, a Burgos – BH e a Kern Pharma assumiram o pelotão, e fizeram a diferença baixar para baixo de um minuto.
Rapidamente a fuga e o pelotão entraram na subida do Barreiro, com Bruno Silva a ceder na frente, e no pelotão a ser a W52 – FC Porto a entrar à morte com o seu comboio. Rapidamente o pelotão partiu e absorveu os elementos na dianteira, com Daniel Mestre a fazer um excelente trabalho inicial e a eliminar até o seu próprio colega de equipa, Ricardo Vilela, que não teve hipótese de passar na frente e contribuir.
Foi com a passagem de Ricardo Mestre pela frente que o ritmo aumentou e o grupo reduziu a 11 unidades. António Carvalho (Efapel) foi o primeiro a mexer e a fazer o seu ataque, mas não teve sucesso e a movimentação acabou apenas por despoletar um pouco o grupo. A 48km da chegada, e a 3km do fim, Joni Brandão (W52 – FC Porto) passava por um mau momento e perdia terreno para os adversários, com Abner Gonzalez (Movistar) e Jose Felix Parra (Kern Pharma) a também abrirem espaço e a ficarem para trás.
Rapidamente Ricardo Mestre acabava o seu trabalho, e com 2km para o topo da subida, e 47km para o final era Frederico Figueiredo (Efapel) a atacar sem resposta, quando o líder da geral, Amaro Antunes (W52 – FC Porto) apenas tinha João Rodrigues para o ajudar. Rodrigues controlou bem o ritmo, deixando Frederico com 15s de vantagem, e permitindo que aos poucos Joni Brandão conseguisse reentrar, num grupo em que já só seguiam apenas Maurício Moreira e António Carvalho (Efapel), assim como Alejandro Marque (Atum General / Tavira / Maria Nova Hotel) com os ciclistas da W52.
Já bem perto do topo, numa fase de empedrado, Maurício Moreira atacou, com Amaro Antunes a seguir na sua roda, e a dupla a chegar a Frederico Figueiredo, que era o primeiro a cruzar o alto. O quarteto que perseguia era agora comandado por Joni Brandão, que rapidamente cedia o posto a Alejandro Marque. O espanhol aproveitou as suas capacidades de contrarrelogista, e numa fase de descida e ligeiro falso plano rapidamente fechou o espaço, colocando de novo sete ciclistas na frente, com 41km para o fim.
A junção deu-se com um abastecimento apeado a acontecer para a W52 e António Carvalho a atacar uma vez mais. João Rodrigues rapidamente se agarrou à roda do ciclista da Efapel e os dois foram embora, já que eram os dois das equipas mais representadas que estavam mais afastados na classificação geral. António Carvalho era o único que trabalhava, já que João Rodrigues tinha o camisola amarela atrás, e não iria contribuir para que um ciclista adversário se aproximasse dele. Em menos de 4km a dupla abriu rapidamente 1:00 de vantagem, já que os restantes pararam praticamente na estrada enquanto se entreolhavam, o que permitiu que Parra e Abner Gonzalez reentrassem.
Na longa descida até Mondim de Basto, Joni Brandão acabou por ganhar vantagem ao grupo de Amaro Antunes e foi fechando aos poucos o espaço para o duo da frente. Com 28km a diferença situava-se nos 35s, enquanto o grupo de Amaro seguia a 45. Na frente, apenas António Carvalho trabalhava, e ele sabia que era preciso guardar alguma energia para a fase decisiva, a subida à Sra. da Graça. Frederico Figueiredo fez a ponte para Joni Brandão, com Alejandro Marque a conseguir fechar o espaço pouco depois, e a deixar Maurício Moreira a perseguir com o camisola amarela na roda, o que obrigou Frederico a aguardar para apoiar Maurício Moreira.
Com 26km para o fim, Joni e Marque juntaram-se a Rodrigues e António, e foi João Rodrigues a perceber a vantagem da equipa e a assumir o trabalho, para deixar o grupo de Maurício Moreira e Frederico Figueiredo para trás. Com 25km, António Carvalho esperou para ajudar Frederico Figueiredo e Maurício Moreira, com a vantagem a estar já situada nos 15s.
Descida fora, com João Rodrigues a trabalhar na frente e António Carvalho atrás, a diferença manteve-se nos 15s, mas o uruguaio tinha dificuldades a descer e perdeu por várias vezes a roda dos colegas de equipa. Com a entrada em Mondim de Basto, a diferença cresceu para cima dos 25s, e era na mesma João Rodrigues a fazer um trabalho monumental na frente da corrida, abrindo o espaço para 35s na chegada à Meta Volante de Mondim.
A entrada na subida à Senhora da Graça, viu João Rodrigues abrir após mais um grandíssimo trabalho e Joni Brandão ficar sozinho com Alejandro Marque. Sem necessidade para trabalhar, com o camisola amarela atrás, Joni Brandão obrigou Marque a assumir a frente e a vantagem decrescia. Com a diferença reduzida para 20s, Joni Brandão atacou, foi embora, e deixou Marque ser absorvido pelo grupo de Amaro pouco depois, fazendo a diferença aumentar para os 30s uma vez mais.
Frederico Figueiredo assumiu o trabalho pouco depois e aumentou um pouco o ritmo, mas a diferença para Joni Brandão parecia não querer diminuir e foi só a pouco menos de 3km do fim, quando Maurício Moreira assumiu a perseguição, que a diferença começou a diminuir, e de que maneira! Joni Brandão parecia ter a vitória no bolso, mas Maurício vinha a todo o gás, com Amaro Antunes na sua roda e a aproximação deu-se rapidamente. Foi já no último km, quando Joni estava à vista, que Amaro teve o azar de lhe saltar um pé do pedal e perdeu a roda do uruguaio, que passou por Joni e foi embora para conquistar a etapa, com a dupla da W52 a chegar logo atrás.
A nota de toda a subida vai para o espetáculo lamentável e deprimente dos adeptos portugueses, que por inúmeras vezes se colocaram atrás, à frente, ao lado, dos ciclistas a gritar, sem máscara, em plena pandemia da Covid-19! Num momento destes, exigia-se mais civismo aos presentes!
Amaro Antunes mantém assim a liderança da classificação geral, agora com 42s de vantagem sobre Maurício Moreira e Abner Gonzalez continua na liderança da juventude. Rafael Reis e Bruno Silva são já os vencedores virtuais da classificação por pontos e da montanha, respetivamente, bastando para isso terminar o contrarrelógio de amanhã em Viseu.