Rafael Reis faz a dobradinha na chegada à sua terra natal!
O português Rafael Reis (Efapel) venceu a primeira etapa da 82ª Volta a Portugal em Bicicleta, uma ligação de 175.8km entre Torres Vedras e Setúbal, chegando em solitário após um grande ataque na descida da Arrábida e é agora mais líder da corrida! O segundo lugar foi para o holandês Alex Molenaar (Burgos – BH) e o terceiro para o espanhol Sergio Samitier (Movistar), ambos já a dois segundos do vencedor.
A etapa 1 da Volta a Portugal trazia uma ligação de 175.8 km, entre Torres Vedras e Setúbal, num dia que iria ficar marcado pela subida ao Alto da Arrábida antes da descida em direção à capital do Sado.
A fuga do dia foi composta por três corredores: um português, Miguel Salgueiro (LA Alumínios – LA Sport), um espanhol, Garikoitz Bravo (Euskaltel – Euskadi), e um sul-africano, Willem Smit (Burgos – BH). O primeiro objetivo dos fugitivos era passar na frente no primeiro prémio de montanha da Volta, uma 4ª categoria para Sobral de Monte Agraço, o melhor foi o espanhol,
Seguiam-se as metas volantes de Alenquer e Arruda dos Vinhos, e em ambas o primeiro a passar foi Carlos Salgueiro, amealhando os primeiros pontos da regularidade.
O pelotão foi controlando a margem para a fuga e, com 89 km para o final, era de 1:54 o avanço dos escapados, o que deixava antever que este não seria um dia para eles.
Nos quilómetros seguintes o pelotão rodou num ritmo tranquilo, não querendo apanhar a fuga demasiado cedo, pelo que a margem cresceu ligeiramente. Na frente do grupo principal, era a formação da Israel Cycling Academy que ia imprimindo o ritmo, mas por ora sem grande urgência. Com 76 km para o final, a margem situava-se nos 3:06, começando a reduzir a partir desse ponto.
A 66 km do final, vinha para a frente do pelotão a Efapel, do líder Rafael Reis, com a diferença para a frente a rondar os 1:49. Na frente do grupo principal colocavam-se também a W52-Porto e a Radio Popular Boavista e já começava a cheirar a choco frito neste
A 43 km da meta, com os fugitivos a passarem na meta volante de Palmela, onde mIGUELSalgueiro voltou a ser primeiro, a diferença entre fuga e pelotão ia-se mantendo com um avanço de 1:52, uma margem que, com toda a certeza, seria anulada na subida para o Alto da Arrábida.
A caminho da Arrábida, azar para um dos favoritos à geral, João Benta, com o homem da Radio Popular – Boavista a sofrer uma queda e a atrasar-se numa fase em que a corrida ia já algo lançada. Na frente, atacava Smit e seguia isolado, mas já com menos de 1 minuto de vantagem para o pelotão, quando faltavam 25km para o final. Smit ganhou alguma vantagem, enquanto Bravo cedia de vez e Salgueiro tentava a todo o custo manter-se na frente. Foi já numa pequena inclinação antes da subida a Arrábida que Salgueiro passou direto pelo sul-africano, que pouco depois foi absorvido pelo pelotão.
No início da subida a Arrábida, a 20km do fim, Salgueiro acabou por esgotar as suas forças e foi absorvido pelo pelotão, enquanto Ben King (Rally Cycling) atacava, mas sem grande sucesso, tendo sido passado direto pelo já curto pelotão pouco depois.
A 18km da meta foi o venezuelano Roniel Campos (Louletano – Loulé Concelho) a atacar, logo após uma aceleração de Ricardo Vilela (W52 – FC Porto), mas rapidamente o ciclista da equipa algarvia foi de novo alcançado pelo pelotão. À sua movimentação sucedeu-se a de Carlos Oyarzun (Louletano – Loulé Concelho), seu colega de equipa, que conseguiu abrir algum espaço. Hugo Nunes (RP – Boavista) tentou fazer a ponte para o chileno, e do pelotão saiu que nem uma flecha Samuel Caldeira (W52 – FC Porto), na tentativa de evitar que a sua equipa fosse forçada a assumir a perseguição.
Várias equipas tentaram mexer na corrida e foi Joni Brandão (W52 – FC Porto) a atacar com Frederico Figueiredo (Efapel) na sua roda e a responder também muito bem o Campeão Porto-Riquenho Abner Rivera (Movistar). Rapidamente o pelotão se colocou à vista de Nunes e Oyarzun, com as movimentações da W52, e ainda faltavam 15km para o fim da etapa e 1.5km para o topo da subida.
Nunes e Oyarzun colaboravam bastante bem, mas claramente era o ciclista da W52 que dava mais de si para passar na frente da montanha. A Efapel foi assumindo a liderança do pelotão, mas não foi isso que impediu os ataques de acontecerem para a passagem no alto da Arrábida. Sem medo de dar a cara na frente, Hugo Nunes acabou por conseguir passar na frente e assumiu a primeira liderança da montanha desta Volta a Portugal.
Na descida para a meta, novas movimentações aconteceram, com várias equipas portuguesas a responderem às duas que já estavam adiantadas, mas com todos os escapados a entreolharem-se, o curto pelotão não tardou em fechar o espaço. O alemão Juri Hollmann (Movistar) tentou também mexer na corrida pouco depois, mas a mexida não serviu para mais do que aumentar o ritmo e esticar um pouco o pequeno pelotão que na frente seguia.
Rafael Reis (Efapel) foi o próximo a surgir e era precisamente o camisola amarela que se lançava descida abaixo para tentar chegar à segunda vitória nesta edição e vencer, desta vez, em sua casa, Setúbal! O camisola amarela abriu rapidamente espaço e parecia embalar-se para uma segunda vitória de etapa, mas o pelotão ainda não estava afastado da discussão da vitória.
Nenhuma equipa quis imediatamente assumir a perseguição, o que contribuiu para que Rafael Reis conseguisse fazer a sua vantagem aumentar. Foi a Euskaltel – Euskadi que surgiu na frente do pelotão, mas a diferença era já de 20s com 4km para o final. A Atum General – Tavira tentou com todas as suas forças fechar o espaço, com Alejandro Marque e Samuel Blanco na frente do pelotão, que ainda não tinha o líder da classificação geral à vista. A RP – Boavista ainda tentou ajudar a equipa de Tavira, mas foi o ataque da Kern Pharma, com Diego Lopez, e Frederico Figueiredo (Efapel) na roda que permitiu o pelotão aproximar-se, enquanto na frente do pelotão era o uruguaio Maurício Moreira (Efapel), segundo na geral, a ter um problema mecânico.
O pelotão não foi capaz de chegar à frente, e teve de se contentar com a disputa do segundo lugar. Rafael Reis terminou em grande estilo e deu a segunda etapa em dois dias à Efapel, e venceu pela primeira vez na carreira duas etapas na mesma edição da Volta! A Kelly – Simoldes – UD Oliveirense abriu o sprint, mas foi o homem da Burgos, Alex Molenaar, a fechar na segunda posição, com Samitier em terceiro, e o seu finalizador, Luís Gomes, a ser apenas quarto.
Com a vitória, Rafael Reis aumenta em dois segundos a vantagem na classificação geral e é o primeiro líder da classificação por pontos. Hugo Nunes é o primeiro líder da montanha e Juri Hollmann permanece como o melhor jovem.