Caruso leva etapa! Bernal segura a rosa!
O italiano Damiano Caruso (Bahrain-Victorious) venceu a 20ª etapa do Giro d’Italia, ao chegar isolado à meta, 24 segundos antes do camisola rosa, Egan Bernal (Ineos Grenadiers)! No 3º posto, terminou o escudeiro de Bernal, Daniel Martinez, com o 4º lugar a ficar para Romain Bardet (Team DSM) e o 5º para o bravo lusitano João Almeida (Deceuninck Quick-Step).
Desta forma, Bernal mantém a liderança da prova, com 1:59 de vantagem sobre Caruso e 3:23 sobre Simon Yates (Team BikeExchange), que não só não atacou, como acabou por perder tempo para os dois primeiros da geral.
Quanto a João Almeida, mantém-se no 8º posto da CG, agora a 8:50 de Bernal, mas recuperou tempo ao homem que ocupa o 7º lugar, Hugh Carthy, agora 28 segundos melhor que o português.
A etapa 20 da Volta a Itália trazia-nos a última jornada montanhosa da competição, numa ligação de 164 km, disputada entre Itália e Suíça. A partida seria em Verbania e o final em Valle Spluga-Alpe Motta, a terceira contagem de montanha de 1ª categoria do dia. A ascensão final apresentava 8.1 km a 7.8% de inclinação média, sendo que se tratava de uma subida com um pequeno planalto a meio e também com os 400m finais em plano.
Logo no primeiro metro de estrada começaram os ataques, com diversos ciclistas a tentarem escapar do pelotão. Um deles era Fernando Gaviria, com o ciclista da UAE-Team Emirates a tentar isolar-se rumo ao sprint intermédio que estava colocado logo ao fim de 17 km etapa. Contudo, apenas um azar muito grande de Peter Sagan podia retirar a maglia ciclamino do corpo do eslovaco.
No sprint, Sagan foi o primeiro a lançar o seu ataque, mas acabou por passar em primeiro Umberto Marengo (Bardiani), com Gaviria a ser terceiro, e Cimolai e Sagan um pouco atrás.
Logo de seguida, começavam as movimentações para integrar a fuga do dia, com Nelson Oliveira entre os mais ativos. O português não conseguiu sair, mas um grupo de nove corredores haveria de isolar-se, ganhando uma pequena sobre o pelotão, onde perseguia a Deceuninck Quick-Step, de João Almeida.
Na frente seguiam: Dries De Bondt, Louis Vervaeke (Alpecin-Fenix), Simon Pellaud (Androni-Sidermec), Giovanni Visconti (Bardiani-CSF-Faizanè), Felix Großschartner (Bora-hansgrohe), Vincenzo Albanese (EOLO-Kometa), Taco Van der Hoorn (Intermarché-Wanty-Gobert), Matteo Jorgenson (Movistar), e Nico Denz (Team DSM), com este grupo a conseguir abrir um espaço de 1:58, com 116 km para a meta.
O pelotão parecia satisfeito com esta fuga e deixou-a ganhar alguma vantagem. Com 100 km para o final, a margem era de 5 minutos.
À entrada do Passo San Bernardino, o avanço dos escapados tinha caído para 3:30, graças ao trabalho de equipas como a BikeExchange, a Deceuninck-QuickStep, e a Trek-Segafredo.
Com o pelotão a aproximar-se rapidamente, começaram os ataques entre os fugitivos, com Vervaeke, Großschartner, Albanese, Visconti, e Pellaud a seguirem na frente no topo da primeira subida de 1ª categoria do dia. O pelotão chegou ao topo menos de um minuto depois, e o destino dos corajosos da jornada estava traçado.
Na descida, atacou a DSM, com um trio composto por Chris Hamilton, Michael Storer, e Romain Bardet, ao qual se juntou a dupla da Bahrain, Damiano Caruso e Pello Bilbao. Quando se esperava que fosse Simon Yates o mais inconformado, acabou por ser Caruso, o 2º da geral, a atacar a corrida, obrigando Bernal e a Ineos a correrem riscos para defender a rosa. O grupo de atacantes alcançava depois a fuga, mantendo depois o trabalho para tentar distanciar o pelotão.
No início da segunda contagem de montanha, o grupo da frente levava ainda 20 segundos de avanço, e essa margem cresceu para um minuto na primeira parte da subida. A Ineos tentava não entrar em pânico, mas já só tinha Castroviejo e Martinez junto de Bernal!
No topo do Passo della Spluga a vantagem do grupo de Caruso era de 43 segundos sobre o pelotão. Essa diferença mantinha-se no início da subida final, com Castroviejo a terminar o seu trabalho e a ceder a frente do grupo principal a Daniel Martinez, que tentaria levar o mais longe possível Bernal.
Na frente da corrida, sobreviviam apenas Caruso e Bardet, enquanto Martinez colocava um ritmo diabólico que ia depenando o grupo por completo. Apenas Yates, Vlasov, Carthy, e claro o Canibal das Caldas, João Almeida permaneciam junto dos dois Ineos, com Caruso e Bardet a manterem-se na frente. O trabalho de Martinez começava a encurtar a vantagem da dupla de líderes, enquanto um a um os favoritos iam cedendo face ao trabalho diabólico do colombiano, primeiro Carthy, depois Vlasov, Yates, e finalmente o próprio Almeida, o último bravo resistente.
A 2 km do final, Caruso despachou Bardet, seguindo isolado para a vitória, com Martinez e Bernal apenas a 20 segundos do italiano. No último km, Martinez terminou o seu extraordinário trabalho, com Bernal a arrancar para tentar alcançar Caruso. No entanto, o italiano estava forte, conseguindo mesmo chegar isolado à meta, coroando o incrível Giro que tem vindo a realizar com uma vitória em etapa e a consolidação do 2º lugar.
Bernal chegava 24 segundos depois, o que significa que se mantém com 1:59 de avanço sobre Caruso, uma margem confortável para o contrarrelógio de amanhã. No 3º posto, fechava o fantástico Martinez, com o 4º lugar a ficar para Romain Bardet.
Em 5º, terminou João Almeida, depois de mais um dia de luta entre os melhores do mundo, fechando a 41 segundos de Caruso. Na CG, o português mantém o 8º posto, a 8:50 de Bernal, sendo que se encontra a uns recuperáveis 28 segundos do 7º lugar, ocupado por Hugh Carthy
Quanto a Simon Yates, acabou por não atacar, mantendo o seu 3º lugar da geral, agora a 3:23 da rosa e a 1:24 de Caruso, pelo que terá de se contentar com o último lugar do pódio.
Amanhã, disputa-se o contrarrelógio final na cidade de Milão, numa distância de 30.3 km.