Esta não podia escapar! Vendrame vence 12ª etapa do Giro!

O italiano Andrea Vendrame, da AG2R Citröen, venceu a 12ª etapa do Giro d’Italia, em mais uma jornada que acabou por cair para o lado da fuga! No sprint final entre os dois sobreviventes da movimentação que marcou a jornada, Vendrame bateu Chris Hamilton, da Team DSM, com o 3º posto a ficar para George Bennett, da Jumbo-Visma, depois do sprint irregular de Gianluca Brambilla, da Trek-Segafredo!

Na geral, tudo na mesma, com Egan Bernal, da Ineos Grenadiers, a conservar a maglia rosa, com 45 segundos de avanço sobre Aleksandr Vlasov (Astana), e 1:12 sobre Damiano Caruso (Bahrain-Victorious). João Almeida (Deceuninck Quick-Step) e Ruben Guerreiro (EF Education-Nippo) terminaram integrados no pelotão, enquanto Nelson Oliveira (Movistar) acabou por perder 15 minutos nesta jornada, num dia em que viu o seu líder, Marc Soler, abandonar a corrida.

A etapa 12 da Volta a Itália consistia num percurso montanhoso de 212 km, com partida em Siena e chegada em Bagno di Romagna, e que incluía uma contagem de 3ª categoria, seguida de duas de 2ª categoria, e ainda a 3ª categoria final, uma ascensão com 11.8 km a 4.3% de inclinação média, e cujo topo distaria 10 km da linha de meta.

Com muitos corredores cientes das boas possibilidades de uma fuga resultar em mais uma etapa do Giro, os ataques começaram logo no início da jornada, mas demorou ainda bastante tempo até se formar a fuga do dia. A confusão era muita, com quedas, ataques, cortes no pelotão, e muita tensão no seio do pelotão, e as subidas e descidas sucediam-se sem que uma fuga se efetivasse.

Apenas ao fim de mais de 60 km, um grupo conseguiu isolar-se do restante pelotão. Na frente seguiam 16 corredores: George Bennett (Jumbo-Visma), Gianluca Brambilla (Trek-Segafredo), Diego Ulissi (UAE Team Emirates), Chris Hamilton (Team DSM), Geoffrey Bouchard, Andrea Vendrame (AG2R Citroën), Mikkel Honoré (Deceuninck-QuickStep), Simone Petilli (Intermarché-Wanty-Gobert), Guy Niv (Israel Start-Up Nation), Victor Campenaerts (Qhubeka Assos), Dries De Bondt (Alpecin-Fenix), Vincenzo Albanese (Eolo-Kometa), Simone Ravanelli, Natnael Tesfazion (Androni-Giocattoli-Sidermec), Giovanni Visconti (Bardiani-CSF-Faizane), e Nicolas Edet (Cofidis).

Geoffrey Bouchard, da AG2R, líder da montanha, a liderar a fuga do dia na 12ª etapa da Volta a Itália (Getty Images)

Com o pelotão a consentir a saída da fuga, a Ineos assumia a frente do pelotão, com o ritmo finalmente a abrandar, para gáudio de muitos ciclistas, certamente desgastados depois de um início de etapa frenético!

A vantagem da fuga foi aumentando, atingindo os 8 minutos, com 100 km para a meta. Apesar de alguns ataques entre os homens da frente, o grupo chegou unido à segunda contagem de segunda categoria do dia, para Passo della Consuma, onde as movimentações poderiam ser mais efetivas.

O dia ia sendo marcado por quedas e abandonos. Alessandro de Marchi (Israel) e Marc Soler (Movistar) caíram e foram forçados a sair de prova, com Alex Dowsett (Israel), Gino Mäder (Bahrain), e Fausto Masnada (Deceuninck) a abandonarem devido a problemas físicos.

Com o passar dos km ficava claro para todos que a fuga iria voltar a triunfar, e os ataques sucediam-se entre os homens da frente. No cimo do Passo della Consuma, era já uma diferença de 12 minutos entre fuga e pelotão, com 50 km para a meta. Entretanto mais um abandono, desta feita o de Kobe Goosens (Lotto Soudal), ressentindo de uma lesão na mão fruto de uma queda nos primeiros dias de prova.

Depois de um início de jornada solarengo, a chuva brindava mais uma vez o pelotão da Volta a Itália, como tem sido apanágio desta edição.

A 20 km do final, a fuga atingia a última subida, com Gianluca Brambilla a lançar vários ataques, na tentativa de resolver cedo a questão do vencedor da etapa. Seguir-se-ia uma movimentação de Andrea Vendrame, com os restantes elementos da fuga a tentarem alcançar o italiano da AG2R, que seria o grande favorito neste grupo para uma chegada ao sprint, mas estava já a fazer diferença na subida, para pesadelo dos seus rivais.

Na frente acabaria por ficar um grupo de quatro, com Vendrame, Hamilton, Bennett, e Brambilla. A 10 km do final, no topo da última subida do dia, Bennett atacou, seguido de Brambilla, mas o grupo de quatro permanecia unido. Seguia-se uma descida pronunciada e 5 km finais em plano, que iam decidir o vencedor da jornada!

Lá atrás, no grupo principal, atacava Giulio Ciccone, da Trek, numa movimentação audaz e ainda longe da meta! Logo de seguida saltou do grupo outro Trek, nada mais nada menos que o Tubarão, Vincenzo Nibali, pondo-se rapidamente ao trabalho para auxiliar Ciccone a tentar distanciar-se do pelotão. Colocava-se ao trabalho a Ineos, não deixando a vanatgem dos dois Trek aumentar significativamente, embora fosse notório o desgaste da equipa britânica, que ia perdendo algumas unidades de trabalho. Lá na frente, atacava nesse momento Brambilla, num momento superlativo da corrida por parte da Trek-Segafredo, a das espetáculo em simultâneo nos dois pontos de interesse da prova!

À entrada dos 3 km finais, Hamilton acelerou e Vendrame segui-o, com Brambilla e Bennett a desentenderem-se nas tarefas de perseguição. Nenhum dos dois quis puxar, o que acabou por custar a ambos a hipótese de lutar pela etapa. A animosidade entre os dois era evidente, com Brambilla a fazer várias vezes sinal com o cotovelo, para Bennett passar para a frente, mas o campeão neozelandês permaneceu colado na roda do italiano, com a dupla da dianteira a arrancar de forma decisiva para a vitória.

No sprint final a dois, Andrea Vendrame confirmou o seu favoritismo, batendo Chris Hamilton sem grande dificuldade, e festejando assim a sua primeira vitória em grandes voltas, e um regresso aos triunfos mais de dois anos depois, algo que não acontecia desde o 1ºlugar na edição de 2019 da clássica Tro-Bro Leon. A dupla Brambilla/Bennett chegava depois passados 15 segundos, com o seu desentendimento a continuar no sprint para o 3º lugar. Brambilla guinou para cima de Bennett no sprint final, para visível irritação do homem da Jumbo-Visma. Após a corrida, Brambilla foi mesmo relegado para o 4º posto, com o 3º a ficar para Bennett.

No pelotão, que entretanto já tinha recolhido Ciccone, atacava novamente Nibali, desta vez sozinho e em descida, como ele tanto gosta! O Tubarão arriscava bastante nas perigosas curvas, com zonas molhadas, apesar de não chover naquele momento. A Ineos assumia a perseguição ao Tubarão em direção aos banhos termais de Bagno di Romagna, arriscando também na descida, algo que seria certamente o objetivo de Nibali, mas que talvez não fosse o mais aconselhável, face aos mais de 4 minutos de atraso de Nibali na CG e ao facto de estarmos muito próximo da meta.

O homem mais próximo de Nibali era Gianni Moscon, que ia arriscando bastante na descida, o que acabou por lhe correr mal, com o italiano a cair numa das curvas, embora sem grandes consequências, além do facto de Nibali ganhar uma vantagem considerável sobre o grupo principal, que não ia certamente arriscar depois der ver o que aconteceu a Moscon.

O Tubarão conseguiu mesmo chegar à meta antes do pelotão (10 minutos depois da fuga), embora o seu destemido ataque apenas lhe tenha valido um ganho de 7 segundos face ao grupo principal. Mais do que o tempo ganho, esta foi uma questão de aumentar níveis de confiança para o Tubarão do Estreito e acertar agulhas face aos próximos desafios deste Giro.

A classificação geral da Volta a Itália mantêm-se inalterada, com Egan Bernal no 1º posto, com 45 segundos de avanço sobre Vlasov e 1:12 sobre Caruso.

Quanto aos portugueses, João Almeida e Ruben Guerreiro terminaram integrados no pelotão, seguindo na geral no 16º, a 7:04, e no 19º, a 7:49, respetivamente. Quanto a Nelson Oliveira, neste dia complicado para a Movistar com o abandono do seu líder, acabaria por fechar no 72ª lugar, a 15:28 do vencedor, seguindo na geral no 27º posto, a 28:17 da camisola rosa.

Amanhã disputa-se a 13ª etapa do Giro, com 198 km, entre Ravenna e Verona, num dia totalmente plano, onde as equipas dos sprinters irão certamente impor a sua lei.

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