Covid-19 e o impacto no ciclismo de formação na ótica de jovens ciclistas!

Com a terceira vaga do Covid-19 em Portugal a ter aparecido no final do último inverno e o país a ser obrigado a enfrentar uma nova situação de confinamento, devido ao número elevadíssimo de novos casos positivos existentes, o ciclismo em Portugal enfrentou uma nova paragem neste início de 2021, levando a que o início de temporada fosse tardio. Apenas no próximo mês de abril as corridas irão regressar, com os juniores de estrada e o downhill a marcarem o arranque já no dia 10.

A formação foi quem mais acabou por sofrer com a situação. Se os elites ainda ainda conseguiram competir nas principais provas da temporada que acabaram por ser reagendadas, o mesmo não se pode dizer dos mais jovens. Fazer apenas os Campeonatos Nacionais e mais uma ou outra prova numa temporada em que o crescimento é super importante, como qualquer temporada de formação o é, não é nada mais do que prejudicial para o desenvolvimento de qualquer atleta e do ciclismo Português.

Para percebermos melhor quais as sensações de quem está dentro do pelotão e esteve parado em termos de competição durante uma grande parte de 2020, lançamos um conjunto de quatro questões a dois dos jovens com mais potencial na formação em Portugal, do lado feminino e do lado masculino, a Beatriz Silva (Proteu Cycling Team) e o Daniel Lima (BTT Loulé). Com as questões colocadas pretendíamos entender o impacto que a pandemia provocou na evolução, como se motivavam para treinar sem saber quando regressam os treinos e também qual foi a sensação de voltar à competição quando efetivamente o puderam fazer em setembro passado.

As respostas foram distintas, mas ambas demonstraram a falta que a competição faz, ainda mais no escalão de formação. A falta da adrenalina da corrida e daquele nervosismo pré-corrida, normal de quem tem vontade ouvir o tiro de partida e começar a pedalar foi destacado quer pela Beatriz quer pelo Daniel.

Apesar de nós do lado de fora sentirmos que a ausência das corridas tem sido prejudicial para os nossos jovens atletas, eles conseguem ver as coisas pelo lado positivo e perceber que esta é também uma oportunidade para melhorar noutros aspetos. Sem corridas, esta é uma oportunidade, descrita pela Beatriz e pelo Daniel, que têm para trabalhar aspetos técnicos, e para efetuarem treinos de reforço. Para o Daniel, a motivação é a de se preparar o melhor possível para estar no ponto quando a competição retomar, enquanto que a Beatriz encontra a motivação quando vê provas antigas, quando recorda aquilo que já conquistou, e tem na mãe uma pessoa muito importante na sua carreira, que a motiva bastante e que a faz acreditar ainda mais nos seus valores e nas suas capacidades.

Em jeito de reflexão, e percebendo com esta pequena entrevista o quanto os nossos entrevistados olham positivamente para uma fase complicada como esta que atravessámos, é certo que ficamos mais seguros de que o futuro pode continuar a ser risonho para o ciclismo Português. Talvez a forma mais fácil de olhar às coisas seja pela negativa, mas, hoje, a Beatriz e o Daniel mostram-nos que com vontade e determinação nem tudo é tão preto e branco como parece, e nem este cinza que parece cair sobre o planeta consegue esbater as mais vivas cores que existem à face da Terra. A competição irá regressar não tarda. Vontade a estes dois jovens é coisa que não falta, e o exemplo que representam para os ciclistas da sua geração através deste questionário, e não só, não pode nem deve passar em claro. A pandemia teve o seu impacto no ciclismo de formação Português, mas os nossos jovens não se deixam abalar, e a cada dia mais força têm para mostrar o seu trabalho e correr em busca daquilo que são os seus sonhos em cima da bicicleta.

Anexo: Questões colocadas aos entrevistados

Q: Qual a motivação para continuar a treinar sem saber quando volta a competição?

Q: Como têm sido os treinos em tempo de pandemia?

Q: Qual o impacto que a pandemia tem provocado na tua evolução enquanto ciclista?

Q: Quando pudeste competir, nos Nacionais, qual foi a sensação de voltar à estrada e estar ali um objetivo finalmente à tua frente?

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