O Ciclismo Mundial esteve à conversa com a jovem Daniela Isidoro, que irá integrar os quadros da Bingoal no seu primeiro ano de júnior! Para o ciclismo português, este representa um passo histórico, e que irá certamente ajudar ao progressivo desenvolvimento do nosso ciclismo feminino. A presença de Daniela em várias corridas internacionais e com resultados de relevo, como é o caso da vitória no GP Bob Jungels no Luxemburgo, abriu-lhe a porta para integrar uma equipa muito competitiva e que a poderá colocar, em poucos anos, a competir no Women’s World Tour!

Fica então com a entrevista feita a uma grande jovem promessa do ciclismo português.

Ciclismo Mundial (CM): Como surgiu o “bichinho” pelo ciclismo?
Daniela Isidoro (DI): Cheguei ao ciclismo muito nova e por uma mera casualidade, na realidade depois de ter passado muito jovem por uma pneumonia um tanto ou quanto mais complicada, a minha médica pediatra aconselhou os meus pais a procurarem um desporto para o qual eu fosse obrigada a trabalhar mais o processo respiratório. Por um “pequeno empurrão” do meu Pai que já tinha sido corredor descobri um mundo novo, o da bicicleta, e foi aí que nasceu a minha paixão pela modalidade.

CM: Qual a primeira memória que tens com a bicicleta?
DI: Tenho memórias das fantásticas sensações que foram as primeiras voltas na minha rua feitas na bicicleta com rodas laterais.

CM: Com que idade começaste a competir e quando surgiu a primeira vitória?
DI: Comecei a competir com 5 anos em Bulle, na Suíça, e conquistei a minha primeira vitória nesse dia.

CM: Quem era a tua maior referência no ciclismo durante a infância? Ainda é a mesma nos dias de hoje?
DI: Desde pequena que a minha maior referência é o meu Pai, por vários motivos pois na idade pequena não temos o hábito de ver provas de ciclismo na televisão e ele era a pessoa que me acompanhava na estrada em todos os treinos. Hoje ainda treino em algumas ocasiões com o meu Pai e tenho também referências de atletas que admiro pois as mulheres já têm a oportunidade de competirem nos grandes palcos e de poderem ser vistas na televisão.

CM: Como evoluiu a Daniela desde que começou a competir até hoje?
DI: Passou por todas as categorias de escolas de ciclismo e foi evoluindo tecnicamente e fisicamente de forma adequada à idade e à sua categoria.

CM: Quais as principais dificuldades e obstáculos que encontraste ao longo do caminho?
DI: Mesmo existindo um foco muito grande no nosso trabalho existe sempre a dificuldade relacionada com as pessoas. O desporto é feito por pessoas, mas o facto de algumas estarem ligadas ao desporto não faz delas necessariamente desportistas. Perante estas adversidades que surgem de vez em quando na vida, aprendi ainda melhor a focar-me nos meus objetivos.

CM: Que corrida/momento mais te marcou de forma positiva e porquê?
DI: Sem qualquer dúvida foi a Volta a Flandres porque consegui conquistar a camisola Polka Dot de líder da montanha. Na última etapa tive uma queda grande e sofri muito para conseguir terminar pois as dores eram muitas e a bicicleta também se encontrava danificada com baixa operacionalidade. Venci a geral da montanha por apenas 1 ponto e fui 7ª classificada na geral final.

CM: Qual o tipo de terreno em que mais gostas de correr?
DI: Gosto da alta montanha e também gosto de provas planas percorridas a grande velocidade.

CM: Como surgiu a oportunidade de integrar a equipa júnior da Bingoal?
DI: Tenho tido a felicidade de poder estar em algumas corridas de formação consideradas importantes, o facto de ter vencido uma camisola na Bélgica, ter sido primeira classificada na clássica Bob Jungels no Luxemburgo ou de ter sido 3ª classificada no mini Paris-Roubaix em França permitiu que conseguisse entrar num programa de scouting.

CM: Como encaras este desafio que aí vem?
DI: Encaro com bastante entusiasmo e com a devida responsabilidade pois pretendo conciliar a minha vida de estudante e desportiva da melhor forma possível.

CM: Que conselho darias a qualquer menina que queira seguir uma carreira no ciclismo?
DI: Ainda estou num patamar de construção de carreira, por isso o único conselho que posso dar é o mesmo que eu sigo, isto é, o foco nos objetivos é muito importante tal como a disciplina do treino que é uma ação diária. É preciso apreciar a bicicleta e o prazer que nos proporciona e ainda ter ciente de que existem dias bons e dias maus, nos bons desfrutamos o momento e nos maus aproveitamos a oportunidade para aprendermos com o erro e melhorarmos na corrida seguinte.

À Daniela agradecemos pela disponibilidade pela entrevista e desejamos a melhor das sortes para a nova temporada.

Fotos: Daniela Isidoro