O Ciclismo Mundial esteve à conversa com João Matias e António Barbio, homens em destaque na Tavfer – Mortágua – Ovos Matinados, que nos falaram um pouco sobre o dia, o que já conseguiram nesta Volta, mas também sobre uma curiosidade que ambos partilham em 2017. Matias já leva 2 vitórias nesta Volta e tem carinhosamente apelidado Barbio de ser o seu “Anjo da Guarda”, por estar consigo em todos os momentos importantes e por o colocar nas melhores posições para sprintar.

Primeiro falamos com Barbio, que chegou primeiro ao paddock.

Ciclismo Mundial (CM): Sobre a Volta deste ano, a equipa já conseguiu duas etapas e tu tens sido fundamental a lançar o sprinter da equipa. Como é que funciona a preparação do comboio da Tavfer e como se coordenam uns com os outros?

António Barbio (AB): Nós começamos a trabalhar isto em novembro, e num estágio coletivo em janeiro voltamos a trabalhar todas as técnicas para ver quem entra em primeiro, em segundo… E depois as coisas começaram a fluir logo na primeira corrida, na Abertura, que acabamos por ganhar. No Alentejo correu bem outra vez e ganhamos também, tínhamos o Leangel que infelizmente ele não pode vir, mas aqui temos o Matias que também sprinta muito bem e estando todos coordenados e a trabalhar para o mesmo objetivo, obviamente que as coisas acabam por correr sempre bem. O “bem” é uma palavra um bocado geral, fizemos 4º na primeira etapa, com um pequeno percalço que sem ele se calhar nos tinha permitido ganhar, mas depois as duas outras chegadas a seguir fizemos as coisas na perfeição. Às vezes as coisas não saem como nós queremos e ontem foi um desses casos, em que fizemos 2º e 4º. Preferia que eu tivesse feito fora do top20 e o João tivesse ganho, não consegui fazer o meu trabalho da melhor maneira, os outros ciclistas também têm as suas estratégias e as coisas não são lineares. Acabou por não correr na perfeição, mas hoje fez uma brilhante etapa, está a 4pts da camisola verde e só acaba no contrarrelógio.

CM: Sobre a luta pela camisola verde, o João começou a etapa a 6pts, chegou a estar a 12pts e agora está a 4pts, foi um balanço positivo para o dia. Qual a vossa ideia para os próximos dias e como planeiam atacar a verde?

AB: Da etapa de ontem para hoje recortamos 2pts, o João foi mais forte a passar a montanha… Obviamente que se tivesse sido 6º ou 7º estava com a camisola, mas isto é mesmo assim, ele deu o seu melhor e estamos muito orgulhosos! Amanhã vamos tentar outra vez, na Sra. da Graça sabemos que a chegada é impossível, mas há metas volantes e se não conseguirmos amanhã vamos tentar nas metas volantes da Sra. da Graça chegar ao objetivo. Se não conseguirmos, o ciclismo é mesmo assim, o desporto é assim, e está a ser uma luta muito interessante, mesmo para nós, está nos a dar aquela “pica”! Se isto fosse um dado garantido, não havia aquela festa, agora isto assim é porreiro e eu hoje durante a etapa até vinha a falar com um ciclista da Wildlife Generation e estávamos a dizer que pelo menos eles hoje foram os dois para a fuga e deram-nos um bocado de descanso, eles que se entretenham os dois, mas amanhã há outra etapa, há metas volantes, são 40pts no final, e se nós ganharmos passamos para a frente, por isso é lutar até ao fim!

CM: Sobre 2017, ganhaste a etapa na Sra. da Assunção, na mesma terra em que começou hoje a etapa. Quais as sensações de relembrar o local onde tiveste a maior vitória da tua carreira?

AB: É impossível viver outra vez aquelas emoções, foi a minha primeira etapa na Volta a Portugal, foi um ano em que estava numa equipa diferente… Este ano venho de dois anos de estar parado, de ter abraçado outros projetos, estando na minha equipa de casa, seja eu a ganhar, seja outra pessoa a ganhar, desde que sejamos nós, fico sempre feliz!

Enquanto conversávamos com o melhor lançador do pelotão, foi o sprinter da equipa, João Matias, com quem também conversamos de seguida.

CM: Etapa em fuga com o Scott, um grande duelo durante todo o dia, e agora no final conseguiste recuperar alguns pontos. Quais foram as sensações e como está a ser a batalha com o americano?

João Matias (JM): Bem, as sensações foram muito boas, acredito que as dele também porque ganhou as três metas volantes. Ele tem vantagem, jogou na minha roda e conseguiu passar no fim. Eu se estivesse como adepto sentado no sofá a ver a Volta a Portugal, estaria ansioso pelo final deste duelo porque tem sido algo inacreditável!

CM: Uma pergunta que estávamos também a falar com o Barbio há pouco… Há cinco anos atrás, ele venceu uma etapa na Sra. da Assunção, e tu estiveste na luta pela montanha até ao fim. Já falaram os dois sobre isso? Como é que é relembrar esses momentos?

JM: Já falamos várias vezes sobre isso, e antes já tínhamos sido companheiros de seleção antes de sermos companheiros de equipa. Ele é um excelente amigo, e eu tenho dito na brincadeira que ele é o meu “Anjo da Guarda” porque tem estado ao meu lado em todas as vitórias nesta Volta a Portugal, chegou ao alto da Torre ao meu lado e tem sido uma pessoa inacreditável! Tanto para ele como para os restantes colegas de equipa, staff e Direção só tenho palavras de agradecimento. O ano passado não estive presente na Volta a Portugal e este ano sinto-me muito agradecido por tudo o que se está a passar, é algo muito bonito e não tenho palavras para toda a equipa!

CM: Para amanhã, primeiro descansar, mas pensar novamente em ir para a fuga e recuperar mais pontos para “assaltar” a camisola?

JM: Não sei, o objetivo hoje não era estar na fuga, por isso amanhã não sei o que se vai passar. Só quero descansar hoje e esperar pelo dia de amanhã a ver o que será possível, mas sem dúvida alguma que até ao risco final em Vila Nova de Gaia, mais vale partir do que vergar e se puder levar a camisola verde para casa, ela irá comigo e só quero isso!

Obrigado aos dois pela entrevista!