Madrid dá também o mote para o final da temporada feminina de estrada!
O calendário Women World Tour irá ter a sua última corrida a coincidir com o final da La Vuelta a España. A 6ª edição do Madrid Challenge by La Vuelta será a prova que irá encerrar a temporada do pelotão World Tour feminino com 3 dias de corrida a levarem à capital espanhola, numa corrida que é sempre muito atacada e animada pelas senhoras mais rápidas do pelotão.
Depois de 3 anos sendo apenas uma prova de 1 dia, e de no ano de 2018 ter sido introduzido um curto contrarrelógio individual, o ano de 2020 marca a adição de mais uma etapa a esta prova, que passa assim a ter 3 tiradas que irão colocar o pelotão à prova e certamente serão muito animadas, com as principais equipas a quererem fechar a temporada em grande.

O primeiro dia de prova é já hoje, e conta com uma ligação de 82km entre Toledo e Escalona. Apesar de não contarmos com subidas categorizadas, será um dia muito armadilhado e em que poderão existir diferenças que impossibilitarão algumas ciclistas de discutir a classificação geral. A meio da etapa uma subida de cerca de 4km poderá ser a rampa para a existência de ataques, e cortes no pelotão, mas desengane-se quem pensa que o final é plano, já que os últimos 600m terão pela frente uma pendente a 5.5-6%, que verá as ciclistas mais explosivas tentarem atacar em buscar da vitória na etapa e da primeira camisola de líder.
Entre as principais candidatas destaca-se Annemiek van Vleuten, ela que faz aqui a sua última corrida, para se despedir da formação da Mitchelton – Scott ao fim de cinco temporadas em que ganhou tudo o que havia para ganhar. A Ceratizit aposta em Lisa Brennauer para lutar pela geral, ela que venceu a edição de 2019 da prova, e que será certamente uma das principais concorrentes para Vleuten. Da Sunweb as ameaças chegam de 3 ciclistas distintas. Lorena Wiebes é rápida e explosiva, e já provou que consegue passar finais deste estilo, mas também Liane Lippert gosta destas rampas explosivas, e dispõe de uma capacidade de mudança de ritmo que poderá deixar as adversárias a pé. Já Leah Kirchmann é, das três, a que teve a pior temporada, mas poderá aqui também tentar salvar a época e aproveitar a existência do contrarrelógio para lutar por um lugar no top10 final.
A Trek apresenta apenas 4 ciclistas, e terão também uma boa dor de cabeça para decidir a liderança da equipa. Se por um lado Letizia Paternoster é uma das melhores sprinters do pelotão, não sabemos qual a sua capacidade atualmente para ultrapassar rampas como a que nos presenteia o final de hoje, já que a temporada da italiana foi marcada por várias lesões das quais já parece estar plenamente recuperada. Elisa Longo Borghini é mais uma ciclista que tem capacidade de vencer em rampas destas, mas é em Ellen van Dijk que recaem mais atenções, já que a holandesa tem no contrarrelógio a sua principal arma, e se não perder tempo hoje, pode também no domingo jogar com as bonificações dos diversos sprints para sair de Madrid com a vitória final. Na Valcar destacam-se as presenças de Elisa Balsamo e de Chiara Consonni, duas das melhores sprinters do pelotão internacional e que trabalhando em conjunto poderão ser uma grande dor de cabeça para as rivais no lançamento e discussão dos sprints. Já na Ale BTC Ljubljana, a presença de Marta Bastianelli permite fazer a equipa sonhar com vitórias de etapa e uma boa classificação final, mas a ex-campeã do Mundo está também a ter uma temporada que ficou marcada pelas lesões e tem no contrarrelógio um dos seus principais pontos fracos que lhe podem retirar essa ambição de estar no top10 da classificação geral final. Por fim, a Canyon SRAM parece que irá apostar em Alice Barnes, ela que tem capacidade de bons resultados nas três etapas da prova, mas atenção também à americana Alexis Ryan que poderá discutir etapas se a sorte não estiver do lado da britânica.

No segundo dia as ciclistas enfrentarão um contrarrelógio individual de 9.3km, que como habitual decorrerá nas estradas de Boadilla del Monte, e será praticamente todo ele plano. Annemiek van Vleuten é claramente a maior favorita para vencer, e se juntar também a vitória do dia anterior poderá desde logo sentenciar a luta pela classificação geral. Lisa Brennauer e Ellen van Dijk serão as suas principais adversárias na luta contra o cronómetro, e ambas já venceram a prova espanhola, precisamente nos dois anos em que o contrarrelógio apareceu desde 2018, após terem vencido também o contrarrelógio de Boadilla del Monte. Na Canyon a ameaça chega da jovem Hannah Ludwig, ela que é campeã europeia da especialidade em sub-23 e que será um nome a ter em conta para lutar pelas primeiras 5 posições da etapa. Na Sunweb, Leah Kirchmann deverá ser a ciclista mais capaz para o dia, mas não se descarte os nomes da sua colega de equipa Lorena Wiebes, assim como da italiana Paternoster, que se defendem bem em esforços curtos e rápidos como este, e que poderão até intrometer-se no top10 do dia.

O último dia de competição levará as ciclistas ao tradicional circuito de Madrid, ainda antes da etapa final da Vuelta masculina começar, e terá uma extensão de 100km, após 17 voltas ao circuito com 5.88km da capital espanhola. Pelo meio o pelotão terá oito sprints intermédios, a cada passagem par pela linha de chegada, ou seja, no final das voltas 2-4-6-8-10-12-14-16, e que para além de animar a corrida prometem ser decisivos para a luta pela classificação geral final.
De entre as principais candidatas para a etapa final, Lorena Wiebes é o nome que sobressai, ainda para mais com a capacidade que a holandesa tem demonstrado para bater sucessivamente todas as adversárias que ao sprint contra ela se intrometem. Elisa Balsamo e Letizia Paternoster trazem de Itália a maior concorrência à holandesa, e dão força também à nova geração de ciclistas que agora surge, e que aos poucos estão a destronar os grandes nomes do topo da cadeia do pelotão internacional. Marta Bastianelli quererá também ter uma palavra a dizer na discussão da etapa final, e Lisa Brennauer não deverá deixar de lado uma forte hipótese de bonificar, ela que apresenta também uma excelente ponta final, e traz uma equipa que estará completamente ao seu auxílio. Alice Barnes irá ser mais um nome na discussão, colocando a bandeira britânica como uma das candidatas a vencer o dia, apoiada pela americana Alexis Ryan, assim como Sarah Roy da Mitchelton que é a ciclista mais rápida da equipa e poderá ter a oportunidade de discutir a etapa final dada por Vleuten caso a geral esteja já no bolso. Não descartar nunca a holandesa Elle van Dijk que, quer a etapa feche ao sprint, quer lance um ataque nos kms finais, será também um nome a ter em conta para o dia e para a classificação geral final.
Descobre a startlist completa!
A prova não terá, infelizmente, cobertura televisiva em Portugal, pelo que poderás aproveitar os artigos do Ciclismo Mundial para não perderes pitada sobre a corrida espanhola!