Se tu consegues, eu também consigo!

Depois de uma monstruosa demonstração de querer, força, e categoria por parte do campeão holandês, Mathieu Van der Poel, na 5ª etapa do Tirreno Adriático, a prova prossegue hoje com a realização da 6ª tirada, uma ligação de 169km, com partida em Castelraimondo e chegada em Lido di Fermo. Após as altas emoções dos últimos dias, esta deverá ser, à partida, uma jornada mais tranquila e uma chegada para os homens mais rápidos do pelotão.

Apesar do perfil maioritariamente plano desta etapa, é sabido como as estradas italianas podem sempre pregar partidas ao pelotão, com subidas, descidas, e curvas traiçoeiras a cada esquina. As ascensões presentes nesta etapa não são muito exigentes, mas ao fim de vários dias de competição, se a corrida for lançada, a altimetria é suficiente para vir a causar alguns estragos. Note-se que, nesta fase da prova, uma fuga forte pode perfeitamente triunfar e eventuais ataques em pontos-chave do percurso podem causar um final que não seja ao sprint. De todo o modo, o cenário que reúne uma maior probabilidade de se verificar é mesmo o de um sprint em pelotão mais ou menos compacto em Lido di Fermo.

Perfil da 6ª etapa do Tirreno-Adriático

Na liderança da prova está um fortíssimo Tadej Pogacar (UAE-Team Emirates), com 1:15 de vantagem sobre Wout Van Aert (Jumbo-Visma). Com o 3º lugar a ser ocupado por Mikel Landa (Bahrain-Victorious), já a 3 minutos do líder, a edição deste ano do Tirreno-Adriático deverá mesmo ser discutida entre o esloveno e o belga.

Neste momento, é difícil de imaginar Pogacar perder muito (ou mesmo algum) tempo para Van Aert, seja na etapa de hoje, seja no contrarrelógio final, pelo que acreditamos que o foco de WVA seja sobretudo em dar o seu melhor para vencer as duas últimas etapas da competição, garantindo o 2º lugar na geral final e esperando algum deslize de Pogacar que possa fazer a prova cair para o lado do belga. Não é de excluir que a Jumbo-Visma possa, de alguma forma, tentar minar a etapa de hoje, permitindo que WVA recupere nem que seja apenas alguns segundos a Pogacar, o que poderia tornar a missão do último dia um pouco mais exequível. De toda a forma, a Emirates deverá controlar as operações, protegendo Pogacar e preparando o sprint para Gaviria, em conjunto com outras formações com interesse numa chegada em bloco.

Com a ausência de Caleb Ewan, o estatuto de maior favorito para a vitória nesta etapa tem mesmo de ir para um dos grandes animadores desta e da maioria das provas onde participa, o King Kong de Herentals, Wout Van Aert. O homem da Jumbo – Visma impôs-se com categoria no sprint plano do primeiro dia, batendo o favorito, Ewan, o que o coloca desde logo no topo da cadeia alimentar dos sprinters desta prova. Depois disso, o belga tem vindo a desgastar-se bastante na luta pela geral, o que pode ter impacto na capacidade de WVA para este sprint. Além disso, Van Aert sabe que ao sprintar hoje está a despender energias que Pogacar estará a poupar e que podem fazer falta no contrarrelógio. De toda a forma, WVA também sabe que realisticamente é praticamente impossível retirar mais de 1 minuto a Pogacar num contrarrelógio plano de 10 km, pelo que o foco terá de estar na vitória de etapas.

A juntar a todos estes fatores, não esqueçamos o orgulho dos ciclistas. Wout Van Aert tem uma rivalidade bem grande com Van der Poel. Antes do dia de ontem, as contas estavam empatadas com uma vitória para cada lado, e o belga podia sentir-se por cima neste particular duelo por, ao contrário do holandês, estar na luta pela geral e muito provavelmente ir fechar no pódio final. Com a épica vitória de MVDP, Van Aert sentirá, mesmo que a um nível inconsciente, que pelo menos uma das últimas duas etapas terá que ser sua, para pelo menos empatar o pecúlio de etapas de cada um nesta batalha de titãs.

Apesar de já não haver Ewan, a tarefa de Van Aert não será fácil, com um rol de grandes nomes à espreita de poder triunfar nesta etapa. A Deceuninck tem, possivelmente, o comboio mais forte deste pelotão, e possui dois sprinters fortes para tentar a vitória. O líder da equipa para esta chegada deverá ser o italiano Davide Ballerini, mas não espantaria que a equipa acabasse por apostar no colombiano Álvaro Hodeg, possivelmente menos desgastado depois dos últimos dias de Tirreno-Adriático. Qualquer um deles será, seguramente, um forte candidato à vitória.

Além dos homens da Deceuninck – Quick Step, a grande ameaça à vitória de WVA poderá vir de Tim Merlier. O belga deve ser a aposta da Alpecin-Fenix para hoje, num sprint que o favorece e que lhe deve dar primazia sobre o outro homem rápido da equipa, Mathieu Van der Poel. Depois da épica exibição de ontem, o gigante holandês deverá ter, desta feita, um papel de apoio dentro da equipa. Claro que, mediante alguma incapacidade ou má colocação de Merlier, as coisas podem mudar de figura, caso em que Van der Poel poderia eventualmente disputar o sprint. É difícil de imaginar o holandês a impor-se neste tipo de chegada com este tipo de concorrência, mas se se fizer ao sprint, deverá terminar entre os melhores.

Os outros homens rápidos que podem tentar lutar pela vitória nesta jornada são primeiramente Elia Viviani (Cofidis), Fernando Gaviria (UAE Team Emirates), Niccolo Bonifazio (Total Direct Energie), e Matteo Moschetti (Trek – Segafredo). Numa segunda linha de ciclistas velozes que podem ameaçar as posições cimeiras da etapa estão: Ivan Garcia Cortina, Andrea Vendrame, Peter Sagan, Davide Cimolai, Luka Mezgec, Max Kanter, Hugo Hofstetter, Andrea Pasqualon, ou Jasper de Buyst, ele que tentará aproveitar ao máximo a sua liderança à frente do comboio da Lotto Soudal, na ausência do seu habitual maquinista, Caleb Ewan, embora dificilmente tenha velocidade de ponta para bater a concorrência num sprint deste género.

Em relação aos portugueses, João Almeida deverá ter um dia relativamente tranquilo e de alguma poupança para o contrarrelógio de amanhã, não obstante poder dar algum apoio à equipa, em especial na preparação do sprint.

Já Ivo Oliveira será uma peça fulcral do comboio da Emirates para Gaviria e estará certamente em grande foco, tanto no final como possivelmente durante a própria etapa.

Finalmente, Nelson Oliveira deverá ter, também ele, um dia descansado, a pensar em discutir a vitória no contrarrelógio da última jornada. A Movistar terá algum interesse nesta etapa, com Ivan Garcia Cortina, mas as hipóteses do espanhol de bater toda a concorrência ao sprint são relativamente baixas, pelo que a equipa deverá querer poupar pelo menos o português para o último dia.

Favoritos Ciclismo Mundial

⭐⭐⭐⭐⭐ Wout Van Aert
⭐⭐⭐⭐ Davide Ballerini e Tim Merlier
⭐⭐⭐ Alvaro Hodeg, Elia Viviani e Fernando Gaviria
⭐⭐ Mathieu Van der Poel, Niccolo Bonifazio, Matteo Moschetti e Ivan Garcia Cortina
⭐ Andrea Vendrame, Peter Sagan, Davide Cimolai, Luka Mezgec, Max Kanter, Hugo Hofstetter, Andrea Pasqualon e Jasper de Buyst

Presença Portuguesa

Portugal contará com 3 corredores no Tirreno Adriático! São eles João Almeida, com o dorsal 82, Nelson Oliveira com o dorsal 183 e Ivo Oliveira com o dorsal 245.

Transmissão em Direto

Podes acompanhar a corrida em direto na Eurosport1 a partir das 12h30!

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