Em busca do Tridente de Neptuno!

Arranca amanhã a 56ª edição do Tirreno-Adriático, a mítica Corrida dos Dois Mares! A prova italiana apresenta 7 etapas que serão um saboroso aperitivo para o Giro d’Italia que se aproxima a passos largos, estando a partida marcada para 8 de Maio.

Em 2020, quem levou para casa o Tridente de Neptuno foi o britânico Simon Yates, com o 2º posto a ficar para Geraint Thomas e o 3º para Rafal Majka.

Este ano, o Tirreno-Adriático arranca com uma ligação de 156 km, com partida e chegada em Lido di Camaiore e que deverá ser discutida pelos sprinters presentes no pelotão.

1ª etapa

O 2º dia será bem diferente, com 202 km entre Camaiore e Chiusdino e um final que promete espetáculo. A subida para a meta apresenta 8 km, com inclinação reduzida mas em crescendo até chegar perto dos 5% junto à linha de chegada, o que trará certamente movimentações interessantes.

2ª etapa

A 3ª tirada será disputada ao longo de 219 km, entre Monticiano e Gualdo Tadino, num percurso ondulado e rugoso, que culminará num final que pode favorecer homens rápidos, mas que não será de abordagem fácil.

3ª etapa

O 4º dia traz a alta montanha em todo o seu esplendor, com 148 km entre Terni e o alto de Prati di Tivo, uma subida de categoria especial com 14.7 km a 7% de inclinação média. Antes disso, os ciclistas enfrentam outra categoria especial, o Passo Campannelle, uma ascensão com 13.8 km e 4.5% de pendente.

4ª etapa

A 5ª etapa da prova apresenta um perfil curioso e que promete também muita espetacularidade. Serão 205 km entre Castellalto e Castelfidardo, a segunda metade dos quais em circuito, onde estarão presentes cerca de 14 subidas, curtas mas duras, que trarão certamente muita emoção. No assomo à meta estará uma dessas curtas ascensões, com 500m finais a cerca de 7% de pendente.

5ª etapa

Segue-se a 6ª etapa, com 169 km entre Castelraimondo e Lido di Fermo, numa tirada que deverá ser discutida pelos sprinters.

6ª etapa

O 7º e último dia da competição traz-nos um contrarrelógio completamente plano, com 10.1 km corridos em San Benedetto del Tronto.

7ª etapa

A startlist deste ano da Corrida dos Dois Mares é condizente com a grandeza da prova. Será um verdadeiro pelotão de luxo que alinhará à partida em Lido di Camaiore, com o maior destaque a ir para o grande favorito à vitória em qualquer prova por etapas onde participe, o campeão em título da Volta à França, Tadej Pogacar (UAE-Team Emirates)! A forma do esloveno está claramente num nível já muito elevado, como o demonstrou com a vitória na geral do UAE Tour e com a grande exibição e o consequente 7º lugar numa clássica que se podia pensar que não fosse ao seu jeito, a Strade Bianche. Neste momento, é impossível apostar contra Pogacar em praticamente todas as corridas!

Outro homem que realizou uma surpreendente grande performance na clássica da estrada branca, fechando inclusive no pódio, foi Egan Bernal. O colombiano da Ineos Grenadiers parece estar de volta às boas sensações e, se não for apoquentado por qualquer problema físico, é também um forte candidato a levar qualquer prova por etapas nesta temporada. Refira-se que a Ineos traz também Geraint Thomas, ele que fez 2º em 2020, e que quererá marcar a sua posição em termos de hierarquia de líderes dentro da powerhouse britânica. O bloco da Ineos ameaça ser o mais forte deste pelotão, apresentando ainda Michal Kwiatkowski e Pavel Sivakov, qualquer um deles com capacidade para poder levar a vitória nesta prova, e ainda Salvatore Puccio, Jonathan Castroviejo, e o campeão do mundo de contrarrelógio Filippo Ganna.

Os três últimos vencedores do Tour de France não terão tarefa fácil perante a restante competição, com destaque para o campeão do mundo, Julian Alaphilippe, ele que encabeçará uma Deceuninck-Quick Step que trará também o Canibal das Caldas, João Almeida! Será curioso verificar qual a estratégia da equipa belga, que nos seus sete elementos para esta prova contará com três (Hodeg, Ballerini, e Van Lerberghe), que estarão mais dedicados às chegadas rápidas, sobrando os versáteis Asgreen e Stybar, pelo que a dupla Alaphilippe/Almeida não terá um bloco sólido nas subidas.

Será uma prova em que a equipa quererá certamente aferir os níveis dos seus dois líderes, tendo em vista o Tour para Loulou e o Giro para o luso. À imagem de Thomas, também Almeida quererá marcar a sua posição como líder fiável dentro de uma das melhores equipas do mundo, embora podendo ter que trabalhar para Alaphilippe a espaços que poderão ser largos, consoante o nível apresentado pelo atual campeão do mundo. De facto, poderá haver um certo “sacrifício” por parte do português em favor de Alaphilippe, em troca de uma liderança segura no Giro, em especial pela previsível presença de outro craque com pretensões a brilhar nas 3 semanas italianas: Remco Evenepoel. O prodígio belga irá ao Giro com o objetivo de ganhar rodagem e competição, representando uma grande incógnita tanto a sua forma física mas também à forma como a equipa o protegerá face a um ciclista que já deu garantias no Giro do ano passado. Todos conhecemos a força e o caráter de João Almeida, pelo que ele, neste momento da sua carreira, terá sempre de ser olhado como um dos principais favoritos à vitória final numa prova por etapas.

Será injusto não incluir entre os principais candidatos o campeão em título da prova, Simon Yates, da Team BikeExchange, embora não se anteveja um trabalho fácil para o britânico na busca da revalidação do tridente, tanto pela falta de rodagem que apresenta nesta fase da temporada, como pela qualidade e forma atual da concorrência.

Outros nomes importantes a ter em conta para a classificação geral da prova são: Nairo Quintana (Team Arkéa Samsic), Mikel Landa e Pello Bilbao (Bahrain-Victorious), Jakob Fuglsang (Astana), Sergio Higuita (EF Education-Nippo), ou as duplas Nibali/Ciccone (Trek-Segafredo) e Pinot/Madouas (Groupama-FDJ).

Refira-se ainda que a Team Jumbo-Visma trará uma equipa possivelmente sem a mesma força da que marca presença por estes dias no Paris-Nice, mas que representa mesmo assim um bloco forte que irá rodear Wout Van Aert! O fenómeno belga não costuma ser o líder em grandes provas por etapas, mas já mostrou diversas vezes que consegue subir com os melhores do mundo e a sua versatilidade torna-o perigoso em todo o tipo de terrenos, em especial por terras italianas, onde as estradas matreiras favorecem aqueles que melhor manobram a bicicleta.

Por falar em Van Aert e em ciclistas que manobram bem a sua máquina, uma das grandes expetativas para este Tirreno-Adriático será testemunhar o que fará o rival de WVA, Mathieu Van der Poel (Alpecin-Fenix), ele que deixou todos de queixo caído com a sua estrondosa vitória na Strade Bianche. As montanhas desta prova serão um duro teste para MVDP, mas além de estar em grande forma, o gigante holandês já provou ser capaz de surpreender tudo e todos e é mais um que se adapta que nem uma luva a estes terrenos duros e desgastantes.

Curiosidade ainda para verificar o nível de ciclistas como Romain Bardet, agora na Team DSM, mas também de diversos outros ciclistas, não fosse este um verdadeiro pelotão de grandes nomes: Simon Carr, Tobias Foss, Quinn Simmons, Domenico Pozzovivo, Matteo Fabbro, Tim Wellens, Marc Soler, Damiano Caruso, Rudy Molard, Patrick Konrad, Ilnur Zakarin, Geoffrey Bouchard, Natnael Tesfatsion, Rafal Majka, Victor De La Parte, Davide Formolo, Chris Hamilton, Jack Bauer, Mark Padun, Jan Hirt, Lorenzo Rota, Gorka Izagirre, Kevin Geniets, Giovanni Aleotti, Daniel Munoz, Roman Kreuziger, entre outros.

Em relação aos sprinters presentes nesta prova, o maior destaque vai para o australiano Caleb Ewan (Lotto Soudal), que surge como principal favorito nas chegadas rápidas, embora a concorrência seja de grande valor, como o atestam a presença de Peter Sagan (BORA-hansgrohe), Davide Ballerini e Álvaro Hodeg (Deceuninck), Fernando Gaviria (UAE-Team Emirates), Elia Viviani (Cofidis), Luka Mezgec (Team BikeExchange), Davide Cimolai (Israel), Max Kanter (Team DSM), Niccolò Bonifazio (Total Direct Energie), e Matteo Moschetti (Trek-Segafredo), sem esquecer os dois portentos da Alpecin-Fenix: Mathieu Van der Poel e Tim Merlier, ambos capazes de se impor perante a concorrência, em especial nos sprints menos convencionais, tal como WVA.

Refira-se que além de João Almeida, mais dois portugueses marcam presença na prova italiana: Nelson Oliveira (Movistar), que poderá ter uma palavra importante a dizer no contrarrelógio do último dia, e Ivo Oliveira (UAE-Team Emirates) que terá um papel importante no apoio à sua equipa.

Favoritos Ciclismo Mundial:

⭐⭐⭐⭐⭐ Tadej Pogacar

⭐⭐⭐⭐ Egan Bernal e Julian Alaphilippe

⭐⭐⭐ João Almeida, Geraint Thomas, e Simon Yates

⭐⭐ Nairo Quintana, Mikel Landa, Pello Bilbao, e Jakob Fuglsang

⭐ Sergio Higuita, Vincenzo Nibali, Giulio Ciccone, Thibaut Pinot, Valentin Madouas, Michal Kwiatkowski, Pavel Sivakov, Wout Van Aert, Mathieu Van der Poel, Romain Bardet

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