A coroação perfeita de Pogacar?
O irlandês Sam Bennett (Deceuninck – QuickStep) confirmou ontem o seu estatuto de melhor sprinter da atualidade, vencendo o primeiro grande duelo entre os gigantes da velocidade no UAE Tour. Até final terá mais duas etapas pela frente onde pode vencer, mas primeiro terá que trabalhar para João Almeida, na última etapa de montanha da prova. Hoje é dia Jebel Jais, o ponto mais alto dos Emirados Árabes Unidos.
Percurso
Um dos propósitos da criação do UAE Tour foi a oportunidade de visitar todos os Emirados Árabes Unidos e, assim, aproveitar as oportunidades limitadas de terreno que o país quase totalmente plano oferece. Isso levou a corrida, na sua primeira edição em 2019, à “descoberta” de Jebel Jais, e após um ano de ausência, a mesma irá retornar ao ponto mais alto do país. Com a perspetiva de duas etapas de sprint para fechar a prova, também é neste momento que a batalha final pela vitória na classificação geral deve ser travada, mas como é uma subida relativamente suave, pode ser difícil fazer grandes diferenças – exatamente como vimos há dois anos, onde a etapa foi decidida ao sprint num grupo reduzido de cerca de 10 unidades.
A etapa de hoje apresenta então um total de 170km para serem percorridos, desde Fujairah até ao topo de Jebel Jais. A cidade de partida está localizada na costa leste dos Emirados, e a montanha de chegada fica bem próxima à costa oeste, sendo a primeira parte da etapa uma viagem pelo deserto. Até ao primeiro sprint intermédio, ao km32.5, o percurso será quase todo ele em ligeira subida, com o traçado a virar depois para uma ligeira descida até ao km60. Daí até ao km70 nova ligeira subida, que depois resultará em zonas de ainda mais ligeira descida e subida, até se dar a entrada para a subida final a cerca de 20km da meta.
A etapa termina no topo do Jebel Jais, uma subida 21.4 kms a 5.4% de pendente média. É uma subida longa, mas nada acentuada, onde a percentagem nunca passa dos 7%, exceto no km final, onde atinge os 9%. A subida oferece um conjunto de curvas fechadas, a última a 1.4km da linha da meta, depois da qual a estrada apenas serpenteia ligeiramente, mas com uma curva bastante acentuada a 250m da linha de chegada. A etapa oferece um total de 2581 metros de desnível positivo de altitude.
Favoritos
A UAE Team Emirates não vai querer de forma alguma aumentar o ritmo, porque tem uma vantagem bastante confortável para Adam Yates e João Almeida, mas a Ineos Grenadiers e a Deceuninck – QuickStep poderão fazer um pouco de tudo para que esse corte milagroso ocorra. O problema é que a passagem pelo deserto é, talvez, cedo demais, e isso significaria um esforço que poderia ser pago durante a subida, sendo que Tadej Pogacar apenas teria que seguir os ritmos dos adversários. Por isso, apesar de haver dois cenários possíveis, em qualquer um dos dois Pogacar deverá sair feliz.
Tendo em conta o que se passou em 2019, um sprint entre os favoritos à geral é o mais provável a repetir-se. Num sprint depois de alguns quilométros de subida, Tadej Pogacar é um sério candidato. Venceu Roglic na subida ao Grand Colombier no último Tour de France e bateu Valverde num final em Valência na La Vuelta de 2019. É certo também que Sergio Higuita é provavelmente o mais rápido entre todos os melhores trepadores e isso pode beneficiá-lo bastante para o dia, mas o final da subida é íngreme o suficiente para não se tratar apenas de velocidade. Pogacar tem ligeira vantagem para vencer em Jebel Jais, sendo que o rival mais forte deverá mesmo ser Higuita, pelas razões atrás apresentadas e pelo facto de não ter nada a perder caso queira atacar mais cedo. O único problema de Higuita é ter que trabalhar em função de Neilson Powless.
João Almeida ainda não está com a força que vimos no Giro, e ainda bem!, mas se quase ganha ao sprint com Ulissi, tem tudo para bater todo o leque de adversários presente na prova. O primeiro lugar da geral está muito longe, mas Yates só está a 20 segundos. Porque não imaginar querer despachar o britânico? Para isso, Masnada terá que ter um dia sim e apoiar o português ao longo da subida.
Não podemos subestimar Adam Yates a uma vitória, mas para isso, será preciso a equipa acelerar muito a corrida antes e durante a subida. Caso contrário arrisca a perder tempo num sprint.
Necessário mencionar Wout Poels. Tem uma otima ponta final e pode ser capaz de disputar uma etapa como a de hoje. Emanuel Buchmann, depois de um primeiro dia para esquecer, ficou sem a possibilidade de lutar pela geral. A escalada não combina com ele, e ele só ganha se for astuto o suficiente para fugir. Porém, a forma está boa, e só precisa de acertar no momento certo para atacar e vencer sozinho.
O final é quase ideal a Alexey Lutsenko e por isso vamos dar-lhe uma oportunidade. O mais certo é falhar, pela péssima forma com que está, mas no papel a etapa é para ele. Dentro da equipa há Luis Leon Sanchez que parece que anda a ficar um jovem. O espanhol tem uma boa ponta final e se se proteger bem, pode disputar a etapa.
Por sermos portugueses não podemos descartar Ruben Guerreiro. Se houver uma fuga que possa disputar a etapa, Guerreiro é o nome certo da EF Education Nippo, ele que sabe sprintar e ultrapassará bem a subida.
Atenção também a Florian Stork e Harm Vanhoucke, que muito bem estiveram na etapa 3 desta edição do UAE Tour.
Favoritos Ciclismo Mundial:
⭐⭐⭐⭐⭐ Tadej Pogacar
⭐⭐⭐⭐ Sergio Higuita, Joao Almeida
⭐⭐⭐ Adam Yates, Luis Leon Sanchez, Emanuel Buchmann
⭐⭐ Wout Poels, Harm Vanhoucke, Florian Stork, Ruben Guerreiro
⭐ Patrick Konrad, Nick Schultz, Jack Haig, Neilson Powless, Sepp Kuss
Transmissão e Horas de Partida
Poderá acompanhar a prova em direto na Eurosport 1 a partir das 10h45 ou então no nosso website no link abaixo!