Chegamos ao último Monumento de primavera, a Liège – Bastogne – Liège, com uma corrida que promete ser animada de início ao fim, tal como já é habitual. Com o pelotão feminino a ser o primeiro a arrancar para a estrada, uma corrida intensa irá animar os belgas ainda bem cedo, com muitos ataques e contra-ataques a serem certamente o menu apetrechado de um dia que se prevê emotivo e em que mais um capítulo de história pode ser escrito.

Em 2017, Anna van der Breggen, ao serviço da equipa que na época era denominada de Boels – Dolmans, conseguiu tornar-se a primeira mulher a vencer a tripla das Ardenas na mesma temporada, e colocou-se num patamar histórico do ciclismo mundial! Um par de anos depois surgia a sua compatriota Demi Vollering, com as cores da Parkhotel Valkenburg, a estrear-se com um terceiro posto que prometia imenso! Breggen trouxe Vollering para a sua equipa, e agora é como sua diretora desportiva e mentora que continua a dar cartas no ciclismo. Vollering venceu a Amstel Gold Race e a Fleche Wallonne pela primeira vez em 2023, e já igualou Breggen ao tornar-se a segunda mulher a vencer as três corridas em anos distintos. Hoje, Vollering pode juntar-se a um novo clube que é ainda exclusivo de Breggen, e para isso tem “apenas” de vencer a Liège – Bastogne – Liège, o que já conseguiu em 2021, e que procura repetir depois do terceiro lugar de 2022.

Perfil

A edição da 7 da Liège – Bastogne – Liège Femmes contará com 143km de extensão, ligando Bastogne a Liège, e percorrendo um total de 9 difíceis muros referenciados. As subidas mais difíceis surgirão já na fase final da corrida, com a icónica subida ao Côte de la Redoute, a 34km do fim, e também ao Côte de la Roche-aux-Faucons, este já a 13.5km da chegada, e a apresentar 1.3km a 10.1% de pendente média. A partir daqui, e após a colina de Boncelles, os ciclistas descerão até à meta para discutir a vitória na clássica.

Favoritas

Vencedora desta corrida em 2021 e pronta a escrever mais um capítulo de história em 2023, Demi Vollering é a líder incontestável da Team SD Worx e a grande favorita à vitória na corrida! A neerlandesa tem-se mostrado superior às adversárias quando se trata de subir, e os ataques que desfere têm sido letais. A sua ponta final de velocidade é também forte, e em grupos reduzidos é um ponto que a favorece muito. Se na Amstel Gold Race não teve qualquer resposta, na Fleche Wallone ainda houve uma destemida Liane Lippert que a alcançou, mas apenas por breves momentos, já que o ritmo de Vollering era demasiado alto. Assim sendo, Vollering é a grande favorita a poder vencer e cumprir história, mas a concorrência promete não lhe fazer a vida fácil.

A alemã Liane Lippert tem sido a força maior da Movistar Team, e está a aproveitar muito bem o facto de Annemiek van Vleuten não parecer estar a 100% para conquistar resultados importantes. O segundo lugar na Fleche Wallonne mostrou uma Lippert capaz de fazer a diferença, e com a tática certa a formação espanhola pode procurar ferir a Team SD Worx. A polaca Katazryna Niewiadoma (Canyon // SRAM Racing) tem-se mostrado também a um nível muito alto, e é uma das grandes candidatas a poder bater Vollering. Para o conseguir, “Kasia” terá de ser certeira e desferir um ataque quando as rivais menos esperem, de modo a conseguir isolar-se até à meta.

Elisa Longo Borghini é a grande figura de uma Trek – Segafredo que tem várias jovens em ascensão, e é nesta corrida que a italiana se dá melhor. Depois de um período de paragem algo longo devido à Covid-19, Longo surgiu muitas vezes como gregária, e tem vindo a subir gradualmente a sua forma, pelo que é um dos nomes a ter em conta na La Doyenne. Ashleigh Moolman-Pasio (AG Insurance – Soudal Quick-Step) tem-se mostrado a um bom nível, apesar de este não ser o seu terreno predileto. A veterana sul-africana sabe como passar as colinas belgas, e um bom resultado é tudo o que se espera. Apesar de não estar no seu nível de forma habitual, Annemiek van Vleuten (Movistar Team) é sempre um nome que devemos ter em conta, e a veterana sabe como surpreender o Mundo quando dela menos se espera.

Silvia Persico (UAE Team ADQ) é também uma ciclista em grande forma, e depois de vários resultados de destaque e exibições de grande nível chega à Liège – Bastogne – Liège como uma das candidatas ao pódio. Mesmo sem o mais forte dos coletivos, a jovem italiana é destemida e tem na explosão a sua grande arma para descarregar as adversárias. A Campeã da Dinamarca, Cecilie Uttrup Ludwig (FDJ – SUEZ) também parece não se apresentar no melhor dos momentos, mas a queda na Fleche Wallonne pode trazer o melhor de si para um grande resultado em Liège, de uma forma que só as grandes campeãs conseguem responder. Gaia Realini (Trek – Segafredo) surpreendeu com um terceiro posto na Fleche Wallonne e hoje é mais um nome a ter em conta para as primeiras posições. Na pegada de Longo Borghini, Realini está a crescer a olhos vistos, e não será de estranhar que volte a fechar nas primeiras posições. Mavi Garcia (Liv Racing – Teqfind) é sempre um nome a ter em conta quando o terreno sobe, e poderemos assistir a um dia forte da espanhola, depois de um quarto posto na Fleche Wallonne.

Nota ainda para Shirin van Anrooij (Trek – Segafredo), terceira na Amstel Gold Race, mas que encontra hoje, talvez, o perfil que menos se adequa às suas características atuais, Juliette Labous (Team DSM), Elise Chabbey (Canyon // SRAM Racing), Yara Kastelijn (Fenix – Deceuninck) e Evita Muzic (FDJ – SUEZ), que salvou a Fleche Wallonne da equipa francesa com um grande quinto posto.

Favoritas Ciclismo Mundial

⭐⭐⭐⭐⭐ Demi Vollering
⭐⭐⭐⭐ Liane Lippert e Katarzyna Niewiadoma
⭐⭐⭐ Elisa Longo Borghini, Ashleigh Moolman-Pasio e Annemiek van Vleuten
⭐⭐ Silvia Persico, Gaia Realini, Cecilie Uttrup Ludwig e Mavi Garcia
⭐ Shirin van Anrooij, Juliette Labous, Elise Chabbey, Yara Kastelijn e Evita Muzic

Presença Portuguesa

Nenhuma ciclista portuguesa estará presente à partida.

Transmissão em Direto

Podes acompanhar a corrida em direto na Eurosport 1, a partir das 10h30.

Foto de Capa: Getty Images