A 49ª edição da Volta ao Algarve vai-se realizar esta semana de 15 a 19 de fevereiro em mais uma grande edição da melhor corrida de ciclismo que Portugal acolhe em toda a temporada. A corrida terá transmissão em direto na RTP pela primeira vez, dando assim um merecido destaque ao ciclismo nacional em Televisão Pública.

Temos presente o pelotão nacional (Glassdrive – Q8 – Anicolor, Tavfer – Ovos Matinados – Mortágua, Kelly – Simoldes – UDO, Efapel Cycling, Credibom / LA Alumínios / MarcosCar, Aviludo – Louletano – Loulé Concelho, AP Hotels & Resorts – Tavira – SC Farense e ABTF Betão – Feirense), 12 equipas World Tour (Alpecin – Deceuninck, Bora – Hansgrohe, EF Education – EasyPost, Groupama – FDJ, INEOS Grenadiers, Intermaché – Circus – Wanty, Jumbo – Visma, Soudal – Quick-Step, Team Arkea – Samsic, Team DSM, Trek – Segafredo e UAE Team Emirates) e 4 equipas Pro Tour (Caja Rural – Seguros RGA, Human Powered Health, Tudor Pro Cycling Team, Uno-X Pro Cycling Team), contando com os portugueses que estão no Pelotão Internacional João Almeida, Ivo Oliveira e Rui Oliveira da UAE Team Emirates, Rui Costa da Intermaché – Circus – Wanty e Iuri Leitão da Caja Rural. Destacam-se também as presenças de Sergio Higuita, Jai Hindley, Magnus Cort Nielsen, Marc Hirschi, Stefan Bissegger, Thymen Arensman, Michal Kwiatkowski, Daniel Martinez, Thomas Pidcock, Tobias Foss, Filippo Ganna, Stefan Küng e Mark Padun, todos nomes de grande relevo internacional que vão abrilhantar as estradas algarvias.

Numa volta que terá vários candidatos a vencer tanto a geral bem como as etapas, o destaque surge para João Almeida. Após ter participado na corrida em 2020, o Campeão Nacional regressa assim a estradas que bem conhece, e agora como líder da UAE Team Emirates. Há três anos, Almeida foi o grande suporte de Remco Evenepoel, na primeira corrida por etapas que o belga venceu enquanto profissional. Agora, já noutra estrutura, Almeida terá uma grande chance de vencer no Algarve e é, sem dúvida, um dos grandes favoritos à conquista da camisola amarela. Após um ano em que desistiu do Giro d’Italia e fez um 5º Lugar na La Vuelta, 2023 será um ano em que quererá mostrar-se que é capaz de pódios em grandes voltas e eclipsar assim algumas dúvidas que ainda pairam sobre ele. Uma vitória na Volta ao Algarve será sem dúvida o mote para uma temporada que tem tudo para ser a melhor da carreira do jovem português, e levantar os braços em casa terá sempre um sabor especial.

Em relação às etapas o contrarrelógio é talvez o que mais importa falar, já que difere da edição do ano passado, e regressa assim ao percurso pré-2022. Primeiro que tudo, surge colocado novamente no último dia de corrida, mas também o traçado regressa ao percurso de Lagoa que apareceu em recentes edições, pelo que podemos esperar uma excelente batalha pela vitória. Os grandes especialistas da disciplina marcam quase todos presença, como é o caso do Campeão do Mundo Tobias Foss e do recordista da hora Filippo Ganna. Como principais adversários, Foss e Ganna terão pela frente Stefan Küng, da Groupama – FDJ, o Campeão Europeu Stefan Bissegger da EF Education – EasyPost, Rémi Cavagna da Soudal – Quick-Step, e o Campeão Mundial Sub-23 Soren Warenskjold, da Uno-X Pro Cycling Team.

Candidatos à Geral

O Favoritismo para a conquista da 49ª Volta ao Algarve vai para João Almeida. O ciclista português de 24 anos procurará ganhar a sua primeira corrida por etapas em Portugal, num ano em que vai ainda com mais força à procura do pódio numa grande volta. O português vem como líder da UAE Team Emirates e, apesar de já não ter Jay Vine como escudeiro, continua a ser um candidato forte e quer certamente aproveitar para vencer em casa e embalar para uma grande temporada.

Outro candidato é Thymen Arensman. O ciclista neerlandês virá à procura da sua primeira vitória em corridas por etapas após ter tido o seu melhor ano a nível da carreira com um 2º lugar no Tour de Pologne e um 6º lugar na Vuelta a España. A grande dúvida sobre o neerlandês recai na qualidade do bloco da Ineos Grenadiers e o seu variado leque de candidatos à vitória final, com Daniel Martínez a ser também uma alternativa de grande qualidade, e que em 2022 foi terceiro na corrida algarvia.

Outro português que é um dos grandes candidatos a vencer é Rui Costa. O veterano português está em grande forma e em 2023 já venceu o Trofeo Calvia, a etapa final e a geral da Volta a La Comunitat Valenciana! Será sem grandes dúvidas um dos grandes candidatos a vencer a Volta ao Algarve e o líder da Intermaché – Circus – Wanty, procurando assim dar continuidade à sua excelente forma e ao grande inicio de época para trazer mais uma vitória para si e para a equipa belga.

Outro candidato é Stefan Küng. O ciclista suíço virá à procura da sua segunda vitória em terras lusitanas, após ter sido o grande suporte de David Gaudu na 48ª edição da Volta ao Algarve, onde, mesmo assim acabou no 7º lugar. Muito forte no contrarrelógio, que já venceu nesta mesma corrida em 2019, e com um terreno algarvio que lhe assenta bem, o suíço da Groupama – FDJ é claramente um grande candidato aos primeiros lugares.

O Campeão do Mundo de Contrarrelógio, Tobias Foss, da Jumbo – Visma, foi 6º na Volta ao Algarve do ano passado. Para além da habilidade contra o cronómetro, Foss também sabe subir bastante bem, e o tipo de terreno algarvio assenta na perfeição nas suas características, pelo que um lugar nos primeiros é sem dúvida uma forte possibilidade.

Candidatos à Camisola da Montanha

A camisola azul dos trepadores deve ir para alguém do grupo dos fugitivos, não escapando muito daquilo que foi em edições passadas da Volta ao Algarve. Mesmo assim, dentro do grupo de fugitivos há sempre aqueles que se destacam mais.

O ciclista da Rádio Popular-Paredes-Boavista, Luís Fernandes, 4º classificado da última edição da Volta a Portugal e vencedor desta classificação em 2021, é um dos fortes candidatos. Não sendo um especialista no contrarrelógio, Luís é um excelente trepador, e poderá aproveitar a sua combatividade para integrar fugas e voltar a tentar conquistar a camisola azul no Algarve.

O checo Mathias Vacek, da Trek-Segafredo, pode também ele ganhar muitos pontos nesta categoria se andar pelas fugas e é por isso um homem a ter em atenção. O ciclista de 20 anos ainda tem muito pela frente e, não lutando por esta categoria, pode intrometer-se na luta pela camisola branca, dos mais jovens, onde  o australiano Finn Fisher-Black, da UAE Team Emirates, e o Britânico Oscar Onley, da Team DSM, serão os seus grandes adversários.

Candidatos à Camisola dos Pontos

Aqui não há grandes dúvidas de quem é o grande favorito a ganhar esta camisola, Fabio Jakobsen, o  sprinter da Soudal – Quick-Step, atual Campeão Europeu de fundo. O neerlandês procurará aqui voltar a ganhar a camisola que conquistou no ano passado e conseguir a sua primeira camisola do ano, tendo já vencido uma etapa na Vuelta a San Juan.

O belga Jordi Meeus, da Bora-hansgrohe, é um candidato a poder destronar Fabio Jakobsen. O sprinter belga vem de um 3º lugar na Clasica de Almeria e demonstra uma boa forma para poder ganhar a camisola verde. Sem dúvida que teremos aqui uma batalha interessante entre o ciclista belga e o ciclista neerlandês!

Alexander Kristoff, 4 vezes vencedor da Eschborn-Frankfurt, é sem dúvida outro ciclista a poder competir pela camisola verde. O ciclista norueguês, da Uno-X Pro Cycling Team, será aposta forte da equipa para vencer as duas etapas que vão ser para os melhores sprinters do pelotão. Será o ciclista norueguês capaz de bater Jordi Meeus e Fabio Jakobsen?

Conseguirá Jakobsen voltar a vencer esta camisola ou será batido pelos seus concorrentes? Só o tempo nos dirá, mas será sem dúvida alguma o grande favorito e partirá com esse “peso”.

Alguém para manter debaixo de olho

Tobias Halland Johannessen, o jovem ciclista norueguês da Uno-X Pro Cycling Team, a equipa que tem estado sempre em ascensão, é o nome de referência para uma possível grande surpresa. Não só ele, mas toda a equipa tem muita capacidade para fazer algo especial e deverão ir em busca de um grande resultado na corrida portuguesa. Esta equipa tem trabalhado muito bem e este ano vai pela primeira vez ao Tour de France, após ter surgido em 2010 e estar sempre a formar ciclistas de muita qualidade, tal como Tobias Foss! Johannessen é um ciclista que se dá bem na montanha e claramente dos mais fortes do pelotão aqui apresentado. Será aposta forte da Uno-X e alguém que vai complicar muito as contas aos grandes candidatos. Estando na sua melhor forma, o norueguês terá toda a capacidade de acompanhar e batalhar com os melhores, mas será capaz de bater os melhores blocos do WorldTour?

Foto de capa: Tre Valli Varesine