Como poderíamos ter levado uma equipa competitiva ao Tour de l’Avenir!
Há três dias atrás, o Ciclismo Mundial lançou um artigo (disponível no final da página) em que questionou abertamente a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) sobre a ausência do Tour de l’Avenir e a não ocupação de todas as vagas disponíveis nos Campeonatos da Europa de Estrada. A jornalista Ana Paula Marques, do Record, foi atrás das respostas às perguntas que o Ciclismo Mundial fez, e obteve afirmações que descredibilizam os jovens portugueses e o seu valor.
Começando rapidamente pela questão dos Europeus, a resposta de José Poeira não justificou a possibilidade de inscrevermos seis ciclistas e só termos inscrito três. Disse apenas que Ivo Oliveira e André Carvalho estavam inscritos, mas que tiveram compromissos com as suas equipas, algo que já sabíamos previamente pelas listas da União Europeia de Ciclismo.
Na questão central do Tour de l’Avenir, José Poeira falou que algumas das equipas recusaram a cedência de atletas por estarem a disputar a Volta a Portugal. Compreendemos perfeitamente a dificuldade em selecionar, por exemplo, Afonso Eulálio, Campeão Nacional Sub23, Pedro Andrade, Campeão Nacional Sub23 de contrarrelógio, ou até de Hélder Gonçalves, segundo classificado na juventude da Volta a Portugal, devido à fadiga acumulada nos 11 dias de corrida da Grandíssima.
Porém, o selecionador nacional também descredibilizou os restantes atletas, mesmo dizendo que não o queria fazer, ao afirmar que não conseguiria construir uma equipa competitiva para estar presente no Tour de l’Avenir. Na Volta a Portugal tivemos 11 jovens que poderiam constar na Seleção para o Tour de l’Avenir:
- Pedro Andrade – Campeão Nacional CRI Sub23
- Afonso Eulálio – Campeão Nacional RR Sub23
- Hélder Gonçalves – 15º Geral
- João Medeiros – 18º Geral
- Rodrigo Caixas
- António Ferreira
- Francisco Guerreiro
- Afonso Silva
- Francisco Marques
- João Macedo
- Ruben Simão
Na impossibilidade de selecionar qualquer destes 11 ciclistas, podemos rapidamente olhar aos Campeonatos Nacionais e perceber que a lista de homens capazes de estar à partida em Avenir é sem dúvida extensa, como podemos ver de seguida:
- Daniel Dias – 2º Nacionais CRI Sub23 (tem o bónus de vir da Alemanha dos Europeus de Pista)
- Pedro Silva – 3º Nacionais CRI Sub23, 4º Volta a Portugal do Futuro e 12º na Course de la Paix Sub23
- Fábio Fernandes – 4º Nacionais CRI Sub23, presente na Course de la Paix Sub23
- Pedro Pinto – 5º Nacionais CRI Sub23, 7º Nacionais RR Sub23, presente na Course de la Paix Sub23
- Lucas Lopes – 6º Nacionais CRI Sub23, gregário super consistente na Caja Rural – Alea
- Diogo Barbosa – Experiência internacional pela Hagens Berman Axeon
- Francisco Pereira – 4º Nacionais RR Sub23, 7º Nacionais CRI Sub23, vencedor de etapa na Volta a Portugal do Futuro
- João Paulo Silva – 5º Nacionais RR Sub23, 2x 2º no Trofeu de Esperanças
- Diogo Narciso – Top15 GP Azores (tem o bónus de vir da Alemanha dos Europeus de Pista)
Como rapidamente percebemos, talento em Portugal não falta, e qualquer um destes 9 atletas mencionados seria capaz de representar de excelente forma as cores nacionais! Pedimos desde já desculpa pela não inclusão de mais nomes. A base da lista surgiu pelos Nacionais de 2022, com uma única adição relativamente aos Europeus de Pista em Munique. Muitos mais nomes de grande qualidade aqui poderiam constar, e não queremos que vejam a ausência desta lista como uma ofensa às vossas capacidades.
É inegável que Portugal poderia levar uma equipa competitiva! Como sempre, os objetivos para a corrida seriam os corredores a fazê-los, e mesmo que não se pensasse em geral, há muito mais a ganhar com uma presença em Avenir do que com uma ausência. Em fugas, na luta por etapas ou até mesmo no contrarrelógio coletivo, uma disciplina que praticamente não é trabalhada em Portugal, as vantagens da presença para os jovens portugueses são inúmeras. Ganharíamos sempre rodagem, experiência e ajudaríamos a subir a qualidade do nosso pelotão, mesmo que os restantes objetivos não se concretizassem.
O Avenir não é uma corrida qualquer, e retirar aos nossos jovens uma oportunidade tão grande de crescimento é sem dúvida um atentado a todo o trabalho de formação que é feito a partir das equipas!