A corrida mais aguardada na estradas Portuguesas está a chegar, e para vos trazer todos os detalhes e curiosidades dos principais protagonistas, fomos à procura de falar com os próprios para tentar perceber quais os seus objetivos e ambições para a 84ª edição da Volta a Portugal!

A quarta equipa a ser entrevistada é a equipa que acabou com 2 ciclistas no top10 na 83ª edição da Volta a Portugal, a AP Hotels & Resorts / Tavira / SC Farense. Para entendermos um pouco como está a preparação e a mentalidade da formação de Tavira, a equipa do Ciclismo Mundial esteve à conversa com o Diretor Desportivo, Vidal Fitas , e com o ciclista “mais novo” da equipa que vai à Volta, Diogo Barbosa.

Ciclismo Mundial (CM): Quais são os objetivos da equipa para esta Volta a Portugal?

Vidal Fitas (VF): É evidente que nós acima de tudo queremos ser competitivos, à imagem do que temos sido nos últimos anos, ou seja, em 2022 fomos 5º, em 2021 3º, em 2020 3º, essencialmente queremos ser competitivos a esse ponto, a tentar lutar pelo pódio, em termos de classificação geral. É evidente que se conseguirmos ter aqui uma hipótese de tentar ganhar uma etapa, vamos tentar fazer, mas acima de tudo tentar ser competitivos, portanto, se formos competitivos, mais ou menos como fomos nos últimos anos digamos que já é uma boa vitória.

CM: Diogo, é a tua primeira Volta a Portugal, tens algum objetivo traçado para a mesma?

Diogo Barbosa (DB): Sim, esta Volta a Portugal vai ser a minha primeira e é logo na equipa com que o meu pai terminou, que fez a sua carreira. Quanto a objetivos pessoais eu gostava de poder estar na disputa pela camisola da juventude e se depois de etapa a etapa, vir que não for possível, tentar alguma vitória de etapa, seria também outro objetivo.

CM: Vidal, a equipa do Tavira tem se apresentado com bastante regularidade ao longo da temporada, tendo muitos top10 nas várias provas em que se apresentaram. Existe essa ambição de algo para além do top10, talvez o pódio ou até uma vitória da classificação geral?

VF: A vitória da classificação geral penso que é difícil, há uma equipa que tem dominado o ciclismo durante o ano, e sendo sincero, é evidente que o ciclismo não é matemático, mas vejo muito difícil alguma outra equipa portuguesa poder ganhar a Volta se a Glassdrive não tiver com o nível competitivo que se tem apresentado durante toda a época. Portanto, vejo o Mauricio Moreira muito difícil de bater nos contrarrelógios, defende-se perfeitamente na montanha, diria que praticamente imbatível na montanha, portanto quando é assim, tu vês que os teus adversários são os mais fortes e dificilmente os consegues bater. Agora, é evidente que no desporto passasse muitas coisas, o corpo não é uma máquina em que tu apertas um parafuso e está tudo ajustado, é evidente que os atletas podem ter dias maus, podem adoecer, podem ter um mês complicado a nível de performance e as coisas mudarem. Mas é uma equipa que é bastante consistente, que tem várias opções e isso faz dela a principal favorita, não é já uma vitória à partida, mas temos essa consciência que é difícil de bater.

De qualquer forma, um pódio e ter na linha em conta o valor dos atletas que tenho e o trabalho que fizemos ao longo do ano, é possível lutar por ele, portanto é algo que tu vês que é realista, um pódio é realista, a vitória da Volta é mais complicado, é uma coisa mais irrealista. É uma coisa que gostássemos, não quer dizer que não nos apresentámos numa forma em que pode aparecer por qualquer motivo, não estamos preparados para ela, isso é outra coisa. Agora, é evidente que não escondo que a nossa ambição é tentar chegar ao pódio!

CM: Diogo, tu recentemente terminaste em 19º no Troféu Ribeiro da Silva e tens sido minimamente regular ao longo da época, sentes-te capaz de manter essa regularidade e forma na Volta a Portugal?

DB: Sim, fiz um trabalho, penso eu bastante bom para estar aqui na melhor forma possível, espero que assim seja e irei naturalmente dar sempre o meu melhor e em prol dos objetivos da equipa, iremos traçá-los e tentar conseguir concretizá-los. Vai ser uma Volta a Portugal difícil, como o Vidal disse, tem uma equipa que domina praticamente o ano todo e iremos focar na nossa corrida, iremos tentar fazer o melhor possível para dignificar as nossas cores.

CM: Vidal, a equipa do Tavira parte com alguma etapa já em mira que seja para atacar, não só para vencer, mas também para ganhar tempo à concorrência, ou vão fazendo a corrida etapa a etapa?

VF: Não, é difícil tu chegares e dizeres é evidente que se estás a pensar lutar por um pódio tens que ter consciência de que nas etapas são as que fazem, que definem as classificações, tens de estar na frente, a etapa da Torre, da Sra. da Graça, do Larouco, da Guarda, do contrarrelógio final, são etapas que definem a classificação geral. Se quiseres estar na luta pelos primeiros lugares, são essas que tens de estar nos primeiros lugares, e ao estares aí significa que podes também lutar pela etapa, ou seja, se a nossa ambição for sendo conseguida e se for materializando, é evidente que à medida que as etapas vão passando, essas etapas queremos tentar vence-las porque só assim iremos estar na luta pelos primeiros lugares. Se assim não for, é evidente que temos sempre todas as outras, ou eventualmente até mesmo essas de uma outra forma, com as fugas, com atletas que podemos tentar surpreender os nossos adversários. Há uma série de circunstâncias que nós à partida não sabemos do que se vai passar, mas sabemos sim que se conseguirmos manter essa regularidade e se conseguirmos manter esse objetivo vivo, à medida que os dias passam, iremos querer estar na frente nessas etapa e iremos querer estar a lutar por elas, só assim é que é possível manter esse objetivo.

Portanto, não há uma etapa específica, mas há um conjunto de etapas que nós sabemos que se conseguirmos estar no grupo da luta pela classificação geral, temos de obrigatoriamente estar na luta por essas etapas.

CM: Diogo, relativamente aos perfis das etapas, há alguma que tu aches que seja interessante e desafiadora para ti?

DB: Sim, há, estas etapas do inícios são mais rápidas, são para os sprinters, embora tenhamos umas chegadas que possam fazer algumas diferenças mais para o final devido a alguma montanhas que possam fazer com que o grupo seja mais seletivo, mas etapas assim não sei, eu acho que vou fazendo a Volta dia a dia, vou fazendo as contas com a minha equipa e ver qual depois, mediante como a corrida está a correr, ver qual das etapas que sejam mais delineadas para o meu estilo de ciclista.

CM: O que é que deixará a equipa contente e realizada depois da etapa final, no contrarrelógio de Viana?

VF: Contente era chegarmos lá e vencêssemos a volta, não é, isso não era nada mau. Não, agora deixamos contente se chegássemos e constatássemos que tínhamos cumprido aquilo com a ambição que nós tínhamos. Imagina que chegamos lá e conseguimos estar no pódio ou nos 5 primeiros com um atleta, ou eventualmente estar na luta pela classificação geral em termos coletivos, ou ter ganho uma etapa. Portanto, essa coisa de gerirmos com o sentir de dever cumprido, não se está a pensar especificamente nessa etapa, mas temos o conjunto das outras todas e que essa será o apelo de 10 dias de luta. Portanto, deixava-nos contente isso, saber que cumprimos com a ambição que viemos para aqui!

CM: Diogo, o que te deixaria bastante realizado no final desta Volta?

DB: Sendo a minha primeira Volta, não sei, parto também com objetivos de ir dia a dia, como já disse, gostava naturalmente de poder ganhar uma etapa ou estar ali bem classificado para tentar vestir a camisola da juventude. Vamos ver, são 10 ou 11 etapas, iremos dia a dia e espero que no final consigamos, como o Vidal disse, concretizar os nossos objetivos.

Agradecemos ao Vidal Fitas e ao Diogo Barbosa pela disponibilidade, e o Ciclismo Mundial deseja-vos muito boa sorte para a Volta a Portugal!