Antevisão à Volta a Portugal da Tavfer – Ovos Matinados – Mortágua com Gustavo Veloso e Francisco Morais!
A corrida mais aguardada na estradas Portuguesas está a chegar, e para vos trazer todos os detalhes e curiosidades dos principais protagonistas, fomos à procura de falar com os próprios para tentar perceber quais os seus objetivos e ambições para a 84ª edição da Volta a Portugal!
A terceira equipa a ser entrevistada foi a segunda equipa com mais vitórias na 83ª edição da Volta a Portugal, a Tavfer – Ovos Matinados – Mortágua. Para entendermos um pouco como está a preparação e a mentalidade da formação de Mortágua, a equipa do Ciclismo Mundial esteve à conversa com o Diretor Desportivo, Gustavo Veloso, e com o ciclista “mais novo” da equipa que vai à Volta, Francisco Morais.
Ciclismo Mundial (CM): Quais são os objetivos da equipa para esta Volta a Portugal?
Gustavo Veloso (GV): Passa por continuar com a atitude que a equipa está a ter durante a época toda e a continuação do ano passado. Ter uma boa atitude durante a corrida e lutar pelos objetivos até ao final. Acho que o importante é que todos nós dignifiquemos os patrocinadores na estrada e que se fale deles. A maneira de fazer isso é sendo profissionais, tendo boa imagem, trabalhando duro e bem, e os resultados tem que ser o resultado de todo esse trabalho. Nem sempre chega, não é fácil ter vitórias, não é fácil ganhar, às vezes parece fácil, mas não é, só ganha um e o importante é estar na luta, tentar e é isso o que vamos tentar fazer. Vamos tentar chegar a alguma etapa para poder discutir, tentar alguma vitória de etapa na Volta a Portugal seria muito bom para nós, no ano passado conseguimos duas, mas acho que temos de saber a dificuldade e que nem sempre se consegue ganhar. Sobretudo, o mais importante é a imagem que a equipa e os atletas passam em cima da bicicleta na estrada e fora dela.
CM: Francisco, com que ambições partes para esta Volta a Portugal?
Francisco Morais (FM): Parto com a ambição de ter mais uma experiência na minha carreira, que ainda é curta, começou há pouco tempo. Tenho aprendido bastante nos últimos tempos e principalmente é isso, e desfrutar também daquilo que é o sonho de qualquer ciclista português, que é correr a Volta!
CM: Gustavo, no ano passado a equipa teve duas vitórias na Volta a Portugal com o João Matias, o objetivo principal aqui passará por tentar um top10 com o Ángel Sánchez e tentar levar a camisola dos pontos, com qualquer um dos sprinters que leva aqui?
GV: É assim, os objetivos podes partir com todos os objetivos que quiseres, concretizar os objetivos é que é difícil. Nós temos uns pontos de referência durante esta época e da época passada, que nos fazem escolher uns objetivos ambiciosos. Sabendo da dificuldade que temos, claro que nós gostávamos que o Ángel acabasse nos 10 primeiros na geral, mas sabemos que é muito difícil. Também gostávamos de estar na discussão das etapas, só que não se pode estar em tudo. Se começa a guardar 2 ou 3 atletas para a geral, 2 atletas para o sprint e mais um lançador, no final não tens ninguém para trabalhar. Gerir toda esta situação implica sacrifícios de uns atletas em favor dos outros e de início toda a equipa está com o mesmo objetivo que é tentar ganhar uma etapa, se possível. Se for amanhã (o prólogo), melhor, mas sabemos que é complicado, temos grandes especialistas em prólogos na corrida. Se não for amanhã, vamos tentar depois de amanhã e se não for depois de amanhã, tentaremos até ao fim ganhar uma etapa, que é esse o objetivo da equipa. Se depois a corrida for favorável para poder lutar por uma classificação, como pode ser a dos pontos, como pode ser a classificação da montanha, como pode ser tentar fazermos top10, todos nós vamos abraçar esse objetivo e vamos tentar concretizá-lo.
Agora, temos que saber também ter os pés no chão. Toda a gente que está aqui, está a 100%! Todas as equipas vêm com as mesmas intenções que nós temos, que é dar o seu melhor, tentar ganhar etapas, tentar ganhar camisolas, mas se um atleta que consegue ganhar a camisola da montanha, se um atleta conseguir ganhar a amarela, se um atleta conseguir ganhar os pontos e às vezes o mesmo atleta consegue ganhar duas ou mesmo as três, já demonstra a dificuldade de fazer isto. Estão 17 equipas à partida, 7 atletas por equipa, todos querem ganhar e só há 11 etapas e 4 camisolas. Vai haver muito mais gente que não vai conseguir ganhar nada, do que os que ganham, por isso temos de focar os objetivos na visibilidade, na imagem e no trabalho da equipa, acho que é mais importante isso. Os resultados que tiverem de chegar, chegarão!
CM: Francisco, tu és o elemento mais novo da equipa à partida para esta Volta a Portugal e sendo a tua primeira Volta a Portugal, como é que te sentes?
FM: Sinto-me entusiasmado acima de tudo. O grupo é bom, dá-me confiança, os meus colegas mais velhos transmitem muita confiança e dão-me segurança para enfrentar o que aí vem. Sem dúvida é o realizar do meu sonho acima de tudo, por isso é tentar desfrutar a cada momento.
CM: Achas que podes acabar por tentar alguma vitória e de que maneira te sentirias realizado no final desta Volta?
FM: Claro nós todos temos ilusões, todos temos ambição e vontade de ter resultados, mas acho que o mais importante neste momento é estar focado naquilo que temos para fazer, naquilo que o Gustavo também já falou e é trabalharmos em equipa, porque sozinhos não somos a força maior individual, mas como coletivo temos apresentado sempre bem perante todos os desafios e o principal objetivo agora no início da Volta é isso mesmo, partir com união que temos tido ao longo do ano e jogar isso a nosso favor.
CM: Gustavo, como é que olhas para esta Volta a Portugal, que tanto no contexto internacional como no nacional, em que as voltas de 1 semana ou mais têm mais etapas em montanha do que etapas para os sprinters, como é que te sentes levando uma equipa mais focada para terrenos planos?
GV: É a vida, é assim, o organizador tenta fazer a melhor corrida possível, nós tentamos fazer a melhor equipa possível com os nossos meios e temos é que aproveitar as oportunidades que nos apresentam. A corrida está aí, é igual para todos, se a Volta não tiver nenhuma etapa para chegar ao sprint, pois com certeza não trazia dois sprinters para a corrida, só que temos que gerir. Ao final, eu acho que as equipas têm que saber também tratar-se e os atletas aos percursos, e a minha função enquanto treinador é levar a cada corrida a melhor equipa possível, e é o que eu tentei fazer por aqui. Deixei em casa atletas que perfeitamente tinham qualidade para estar na Volta, só que os objetivos da equipa são diferentes ao das outras equipas, e temos que gerir isso. Não é por isso que hajam atletas que não estejam aqui que não tenham merecido estar, e o mesmo acontece com o percurso da Volta, ou seja, é um percurso onde a Volta é dura e nisso a Volta é sempre dura. Se há uma etapa para chegar ao sprint, temos que aproveitar essa etapa, se há 4 ainda temos sorte, temos 4 oportunidades.
É assim a vida, em que o ciclismo é precisamente isso, é assim, é imprevisível. Há anos em que há modificações, há outros em que não há modificações, depois não é uma equipa contra a outra, são todas as equipas contra todas, há muitos fatores que podem influenciar o resultado de uma corrida, e isso também é o bonito do ciclismo.
CM: É o teu segundo ano como diretor desportivo, a tua segunda Volta nesse papel, sentes-te mais bem preparado, sentes que ainda há muito por explorar e descobrir nesta posição, ou já te sentes perto daquilo que podes ser enquanto diretor desportivo?
GV: Não, só levo 2 anos como treinador, espero ter uma carreira pela frente e onde quero continuar a aprender, e no final eu acho que o aprender mais, o atingir mais nível ou menos nível, vai muito na vontade de querer aprender. Como atleta, aprendi até ao meu último ano, corri 21 anos e na última época ainda aprendi coisas. Agora como treinador aprendi muito no ano passado, este ano continuo a aprender e espero continuar a aprender muito, porque isso significa que tenho interesse por aprender e por melhorar. No final, quando chega a uma altura em que tu achas que sabes tudo, penso que não é bom, ficas estagnado.
CM: Francisco, sendo a tua primeira Volta à Portugal, quais são os teus objetivos? Sentes-te pronto para dar o melhor à equipa?
FM: Penso que fui selecionado pelo trabalho que tenho vindo a realizar ao longo do ano, um papel mais a nível de suporte, a nível também de combatividade em certos momentos, e principalmente vai passar por aí, vai passar por um papel de que sabemos que temos uma equipa forte para o sprint, toda a gente sabe isso. Já tivemos vitórias este ano e sabemos que é uma cartada a jogar a nosso favor, que são as chegadas ao sprint e vamos tentar a nossa sorte, tal como noutras situações, fugas, e situações que seja necessário algum trabalho de equipa, passa principalmente por isso.
CM: Gustavo, este ano foram a duas provas internacionais, ambas espanholas, tendo em conta 2024, tem o objetivo de levar a equipa a mais provas internacionais, para além das portuguesas?
GV: Nós temos essa ambição de crescer, nem sempre é fácil, este ano conseguimos estar em duas provas internacionais em Espanha, e vamos estar em mais alguma ainda antes de terminar a época. Esse é um processo também que a equipa está a ter e os atletas também, estão a ganhar uma experiência no pelotão internacional, que acho que é positivo para a formação deles e para a experiência deles.
Agradecemos ao Gustavo Veloso e ao Francisco Morais pela disponibilidade, e o Ciclismo Mundial deseja-vos muito boa sorte para a Volta a Portugal!
Foto: Juliana Reis