Um olhar pelas portuguesas em Espanha – Parte 1
Portugal tem vindo a formar cada vez mais ciclistas, e as mulheres não são exceção. Daniela Campos e Beatriz Pereira (Bizkaia – Durango) e Beatriz Roxo (Rio Miera – Cantabria Deporte) são três das atletas que fazem já parte da história do ciclismo feminino nacional, tanto em Portugal como além fronteiras.
Daniela Campos, natural do Algarve, conta no seu palmarés com a vitória nos Campeonatos Nacionais (fundo e contrarrelógio) em 2022 e foi também a mais rápida contra o relógio no ano de 2021. Venceu uma prova da Taça de Espanha (Clássica de Làrros) após uma aventura pelo sterrato e, nos Jogos Mediterrâneos realizados na cidade de Oran, na Argélia, obteve um 2º lugar ao sprint apenas batida pela italiana Barbara Guarischi (Movistar Team), tendo Sandra Alonso (Ceratizit – WNT Pro Cycling) completado o pódio. Ao longo da sua carreira tem presença no Ceratizit Challenge by La Vuelta (2022), Campeonatos do Mundo de Estrada (2021), La Course by Le Tour de France (2021), Dwars door Vlaanderen – A travers la Flandre (2021) e Campeonatos da Europa de Estrada (2020). A sua presença na pista é também bastante comum tendo, no ano de 2020 sido Campeã da Europa na categoria Júnior na corrida de eliminação no Velodromo Attilio Pavesi, em Itália.
“Sinto-me contente por correr pela Bizkaia mais um ano. Temos um grupo com um excelente espírito de equipa e na minha opinião isso é fundamental para atingirmos os nossos objetivos, tanto pessoais como coleticos. A próxima época vai ser bastante longa, o que me vai exigir uma boa gestão ao longo do ano para poder apresentar-me da melhor forma nas principais competições.”
Daniela Campos (Bizkaia – Durango)
Beatriz Pereira é também uma das corredoras portuguesas que faz parte da equipa basca. Apesar de ser uma atleta mais jovem na equipa a sua vontade e a ambição por querer fazer mais não deixaram os seus dirigentes indiferentes. Após fazer a sua formação no Centro Recreio Camiliano, tendo passado pelo Clube de Ciclismo da Bairrada foi no ano de 2022 que rumou além fronteiras passando a integrar a equipa Bizkaia – Durango e ser colega de equipa da Daniela Campos.
Tem sido presença assídua na seleção nacional de estrada, onde já teve a oportunidade de se mostrar no Festival Olímpico da Juventude Europeia (FOJE, 2019), nos Campeonatos da Europa (2021 e 2022) e na Taça das Nações (2021).
Em 2021 sagrou-se Campeã Nacional de Estrada no seu último ano no escalão de Juniores, onde bateu ao sprint Maríana Líbano e Sofia Gomes, respetivamente. No presente ano sagrou-se vice-campeã nacional de contrarrelógio e foi 7ª classificada na prova de fundo, onde ambas as provas foram vencidas pela sua colega de equipa Daniela Campos. Esteve também presente na Volta à Comunidade Valenciana, prova bastante mediática no país vizinho e ainda no Tour Féminin International des Pyrénées, em França.
“Sinto-me bastante feliz por renovar com a Bizkaia-Durango. O ano passado foi um ano difícil, um ano de mudança pois entrei na faculdade e subi ao escalão de sub23. Adoeci algumas vezes devido à fraqueza do meu sistema imunitário causado pela falta de descanso pois nem sempre era fácil conciliar e não me permitiu estar nas corridas a 100%. Foi o ano mais desafiante até agora. Renovar com a Bizkaia-Durango foi um voto de confiança pois sabem que tive bastantes desafios pela frente mas souberam tirar o melhor de mim e acreditaram na minha garra.”
Beatriz Pereira (Bizkaia – Durango)
Relativamente à próxima época, Beatriz Pereira quer mostrar que é capaz de mais.
“Os meus objetivos para a próxima época passam essencialmente por pôr a minha saúde mental em primeiro lugar, evoluir e aproveitar o facto de ter mais tempo para treinar para me preparar melhor pois tencionco fazer mais dias de corridas e conseguir também estar presente em provas de 4/5 dias. Em Portugal os objetivos centram-se essencialmente nos Campeonatos Nacionais.”
Beatriz Pereira (Bizkaia – Durango)
Começou a pedalar nas estradas de Canidelo – Vila Nova de Gaia ao serviço da antiga equipa Arca de Noé, e agora faz do solo Espanhol o seu habitat favorito. A experiência em provas pela Seleção Nacional serviu como impulso para se darem (todas elas) a conhecer às equipas estrangeiras, dando-lhes a oportunidade de evoluir como atletas, através da diversidade de percursos e do número de ciclistas a competir. Passou por várias equipas até chegar aqui e as aprendizagens em cada uma delas serviram para que atingisse vários resultados tais como vitórias em Campeonatos Nacionais e Taças de Portugal (tanto na estrada como na pista). Em 2021 realizou o sonho de estar presente no Campeonato do Mundo de Pista Junior realizado na cidade do Cairo, no Egipto, e no Campeonato do Mudo de Estrada na Bélgica.
No presente ano esteve presente nos Jogos do Mediterrâneo na Argélia, nos Campenatos da Europa de estrada em Anadia e na 1ª Vuelta Ciclista Andalucia Ruta del Sol.
“Fico feliz por continuar neste projeto e nesta aventura de estar numa equipa estrangeira onde o ciclismo é diferente do de Portugal. Estar numa equipa UCI é ter mais um ano de novas oportunidades de correr com as atletas de topo, é muito bom.”
Beatriz Roxo (Rio Miera – Cantabria Deporte)
“Em relação a 2023, ambiciono mais do que em 2022. Sendo sub23 de 2º ano tenho mais responsabilidades, contudo quero ir com calma e a equipa também respeita isso pois o final da época passada foi complicado tanto a nível físico como psicológico, por isso vamos indo e vamos vendo.”
Para 2023, a Daniela Campos, a Beatriz Pereira e a Beatriz Roxo prometem continuar o seu caminho que deverá levar à escrita de novos capítulos na história do ciclismo feminino português. O que podemos esperar das três jovens portuguesas na nova temporada?