O que pode a Movistar dar a Ruben Guerreiro?

A última semana trouxe-nos a notícia de que Ruben Guerreiro iria terminar o seu vínculo à EF Education – EasyPost, confirmado pelo ciclista português na sua página de Instagram. No mesmo dia, ganharam força os rumores de que o ‘Cowboy de Pegões’ se iria juntar à Movistar, algo que já vinha sendo falado pela imprensa internacional de ciclismo. Na quarta, dia 19 de outubro, ficou oficialmente confirmada a transferência, com o português a assinar três anos pela equipa espanhola.

Olhando aos últimos anos de Ruben Guerreiro, o português conquistou pela EF as suas principais vitórias ao longo da carreira, quando em 2020 venceu a etapa 9 do Giro d’Italia e a camisola da montanha na grande volta italiana, e em 2022 conquistou o Mont Ventoux Denivele Challenge. Depois de um 2020 onde brilhou no Giro, em 2021 Ruben foi top10 no Tour of the Alps, e top20 no Tour de France, corrida que fez após ter desistido do Giro devido a uma grave queda, quando era 15º à geral.

Em 2022, o português teve as suas maiores oportunidades pela equipa americana. Foi quarto na primeira jornada de alta montanha do UAE Tour e estava no top10 da geral, quando, ao último dia, um problema mecânico à entrada da última subida o fez perder tempo considerável. Depois deste primeiro momento menos bem conseguido, o português foi fazer 15º à Strade Bianche, e top20 na Itzulia Basque Country, como gregário de Rigoberto Uran. Na Fleche Wallone, Ruben cumpriu com um grande 7º lugar. A chegada ao Dauphiné trouxe um Ruben em grande forma, com um 9º lugar à geral, antes da vitória no desafio do Mont Ventoux. O Tour viu o português começar com uma queda ao segundo dia, abandonando ao nono dia de corrida após ter ficado doente. Foi na Vuelta a Burgos que Ruben se voltou a reencontrar, com o sexto posto na geral final, e a conquista da classificação por pontos, após ter feito top6 em quatro das cinco etapas! No Deutschland Tour, Ruben concluiu na terceira posição da geral, antes de cumprir as clássicas do Canadá dentro dos 25 melhores em ambas as corridas, desempenhando um papel de gregário.

Na Movistar, com a saída de Alejandro Valverde, Ruben Guerreiro deverá surgir num papel de segundo líder, apenas atrás de Enric Mas, que será o líder absoluto em todas as provas que disputar. A equipa espanhola deverá dar ao corredor português a oportunidade de liderar em corridas de uma semana, mas também no Giro d’Italia e nas Ardenas, corridas que o ‘Cowboy de Pegões’ tanto gosta. Nas clássicas, a Movistar terá no português um líder claro, já que nenhum outro ciclista é tão capaz em subidas curtas e explosivas. É expectável que Ruben possa fazer uma grande volta no auxílio a Enric Mas, e outra enquanto líder, quer seja em busca de um top10 na geral ou de etapas, mas fica também a questão sobre a possibilidade de o português atacar outras frentes durante a Vuelta, já que foi o período onde a Movistar mais pontos conseguiu em 2022. A existência de corridas como as clássicas do Canadá e de Itália torna propício que o português chegue à fase final da época em pico de forma, podendo conquistar importantes pontos em novo ciclo de três anos para definir as licenças World Tour.

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